Obras que retiram brasões do jardim da Praça do Império estão quase a começar
A empreitada já foi adjudicada e a intenção da câmara é retomar o desenho original do jardim, o que implica a remoção dos brasões das antigas colónias.
Estão prestes a arrancar as obras no jardim da Praça do Império, em Belém, que contemplam a retirada dos brasões florais das capitais de distrito, das ilhas e das ex-colónias portuguesas. Seis anos depois de a Câmara de Lisboa anunciar essa intenção, o contrato com o empreiteiro foi assinado em Dezembro e falta apenas o visto prévio do Tribunal de Contas.
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Estão prestes a arrancar as obras no jardim da Praça do Império, em Belém, que contemplam a retirada dos brasões florais das capitais de distrito, das ilhas e das ex-colónias portuguesas. Seis anos depois de a Câmara de Lisboa anunciar essa intenção, o contrato com o empreiteiro foi assinado em Dezembro e falta apenas o visto prévio do Tribunal de Contas.
Os trabalhos, a cargo da empresa Decoverdi – Plantas e Jardins, vão durar quatro meses e têm um custo a rondar os 778 mil euros, valor que já inclui manutenção pelo período de um ano após a conclusão da empreitada.
O projecto é assinado pelo atelier de arquitectura paisagista ACB e tem como primeiro objectivo “retomar o traçado de Cottinelli Telmo, recuperando o conceito original de 1940”. O jardim e a praça datam desse ano, em que Belém acolheu a Exposição do Mundo Português, mas sofreram várias alterações entretanto.
Os brasões florais foram ali colocados em 1961 no âmbito da Exposição Nacional de Floricultura e quando se assinalava o quinto centenário da morte do Infante D. Henrique. Em 2014, o vereador dos Espaços Verdes, José Sá Fernandes, anunciou que a autarquia tinha intenção de retirar os brasões por estarem “ultrapassados”. O coro de críticas que se seguiu, incluindo, entre outros, do ex-presidente da câmara João Soares, levou o município a promover um concurso de ideias para o jardim.
A proposta vencedora, do atelier ACB, foi conhecida em 2016 e não prevê a continuidade dos brasões, que hoje se encontram ilegíveis por falta de manutenção adequada durante vários anos. Na memória descritiva, tornada pública pelo grupo cívico Vizinhos de Belém, o atelier liderado pela arquitecta paisagista Cristina Castel-Branco assume como prioridade o regresso aos traços dos arquitectos Vasco Lacerda Marques e Cottinelli Telmo, que desenharam o jardim e a praça. E isso far-se-á com a substituição do canteiro ajardinado em redor do lago por calçada à portuguesa e com a plantação de quatro conjuntos de árvores nos cantos da parte inferior da praça.
Os taludes onde hoje existem os brasões serão relvados e acessíveis, será recuperado um roseiral no topo norte e é aí também que vai nascer o jardim de plantas dos Jerónimos, que replicará ao vivo as representações feitas em pedra nas paredes do mosteiro. A sul, deixa de existir uma rua paralela à avenida da Índia para permitir o alargamento do passeio.
O presidente da Junta de Freguesia de Belém, que em 2014 e 2016 se opôs à retirada dos brasões, mostra-se agora conformado com a opção da câmara, mas ainda batalha para que os símbolos das ex-colónias sejam replicados na calçada, na própria Praça do Império. “Isto é a História, vamos deixar de ter complexos. Houve um império, com coisas boas e más, foi uma época”, diz Fernando Ribeiro Rosa (PSD).
“Todos os melhoramentos que compõem o quadro da presente intervenção poderão ser facilmente reversíveis num posterior momento, sem quaisquer comprometimentos das peças originais”, garante-se na memória descritiva. O mesmo é válido em relação aos brasões, diz o documento: “Assim estejam reunidas as condições de conservação/manutenção necessárias e suficientes para que a qualidade do espaço não seja drasticamente afectada por elementos dissonantes”.