A televisão que nos espera depois do ano em que vimos televisão como nunca
Muitas possíveis-mas-não-certas estreias (reflexo do congelamento a que o novo coronavírus obrigou em Março), o ataque da Marvel na Disney+, o regresso dos Boondocks, as incógnitas de Parasitas e O Senhor dos Anéis: 2021 será um ano de imprevisibilidade para o pequeno ecrã, mas os grandes agentes do streaming mantêm a ambição.
Depois do ano em que meio mundo aderiu a um serviço de streaming para combater o tédio e o terror existencial do confinamento, os tubarões deste mercado já estão com os olhos esperançosamente postos num 2021 que, entre possíveis regressos de caras conhecidas e a reactivação de produções que a pandemia adiou, se perspectiva tão movimentado como incerto.
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Depois do ano em que meio mundo aderiu a um serviço de streaming para combater o tédio e o terror existencial do confinamento, os tubarões deste mercado já estão com os olhos esperançosamente postos num 2021 que, entre possíveis regressos de caras conhecidas e a reactivação de produções que a pandemia adiou, se perspectiva tão movimentado como incerto.
Quem parece particularmente pronta para começar a galgar terreno nas guerras do streaming é a Disney+: em 2021, a plataforma que chegou a Portugal em Setembro acolherá o salto do Universo Cinematográfico Marvel para a produção de séries. WandaVision estreia-se já a 15 de Janeiro, ao passo que O Falcão e o Soldado de Inverno chega a 19 de Março e Loki, projecto de seis episódios sobre o irmão de Thor que contará com o actor Tom Hiddleston, deverá sair em Maio. Para a segunda metade do ano, esperam-se os títulos What If…?, Ms. Marvel e Hawkeye. Fora da galáxia Marvel, a Disney+ terá também Dug Days, spin-off do filme Up - Altamente (Pixar), que acompanhará o cão falante Dug.
Já a hegemónica Netflix espera que 2021 signifique o reencontro com “fan-favorites” como Stranger Things (a produção da quarta temporada foi retomada em Setembro depois da interrupção motivada pela pandemia), Sex Education (ainda não há data de estreia para a terceira temporada) ou Peaky Blinders. Sem data de regresso fechada continuam igualmente The Witcher (série com Henry Cavill, que adapta a obra do autor polaco Andrzej Sapkowski), The Last Kingdom, Dead To Me (cuja terceira temporada será a última) e Ozark. A terceira temporada de Disenchantment, o novo projecto de Matt Groening, criador d’Os Simpsons e de Futurama, estreia-se a 15 de Janeiro.
Quanto a criações novas, contam-se: History of Swear Words, projecto de comédia que se estreia já esta terça-feira e no qual Nicolas Cage dissecará a origem etimológica de determinados palavrões; Firefly Lane, história de amizade que em Fevereiro juntará as actrizes Katherine Heigl e Sarah Chalke; Vikings: Valhalla, spin-off do fenómeno Vikings; Halston, mini-série de Ryan Murphy na qual Ewan McGregor interpretará o designer de moda Roy Halston Frowick; Inventing Anna, que será o segundo título de Shonda Rhimes (Anatomia de Grey, Scandal) para a Netflix, depois de Bridgerton, que chegou à plataforma de streaming no Natal; Dad, Stop Embarrassing Me, comédia familiar produzida e protagonizada por Jamie Foxx, que assumirá como material de inspiração a relação do actor com a filha; ou The Serpent, mini-série que se estreou no canal BBC One no dia de Ano Novo e que recupera a história do fraudador e assassino em série Charles Sobhraj.
Regresso a Bergman
A HBO, que tem nos planos produções como a adaptação de Cenas de um Casamento (Ingmar Bergman) ou Mare of Easttown, mini-série em que Kate Winslet fará o papel de detective, começará o ano com Painting with John (22 de Janeiro), projecto de seis capítulos no qual John Lurie vai pintando aguarelas e discorrendo sobre aquilo que lhe vai na cabeça. Quanto ao serviço mais alargado HBO Max, que estará disponível em Portugal a partir do segundo semestre de 2021 — pelo menos foi essa a garantia que na Web Summit deu Andy Forssell, director-geral do conglomerado WarnerMedia, que inclui a HBO —, as grandes apostas são a sequela de Gossip Girl, que agora se centrará num outro grupo de adolescentes em vez de acompanhar o mesmo elenco da série original, a sitcom The Boondocks, que se baseará no clássico homónimo da Adult Swim, ou Station Eleven, adaptação do romance de Emily St. John Mandel sobre uma pandemia que dizima grande parte da população mundial (romance esse que encontrou nova popularidade em 2020).
Para a HBO, continua a ser uma incógnita a data de regresso da premiadíssima Succession, cuja produção da terceira temporada também teve de ser interrompida em Março devido à covid-19. Similarmente, ainda não se sabe se é em 2021 que poderemos ver nessa plataforma a série Parasitas, onde o cineasta Bong Joon-ho explorará as ideias que não conseguiu incluir na longa-metragem que em Fevereiro ganhou o Óscar de Melhor Filme, entre outros galardões.
O secretismo estende-se à série O Senhor dos Anéis, cujos direitos de exibição a plataforma Amazon Prime Video assegurou em 2017 por cerca de 250 milhões de dólares. A Amazon confirmou no início do mês a contratação de mais 20 actores para o elenco, mas ainda não se compromete com datas de estreia da megaprodução.
No que diz respeito a serviços de streaming que ainda não se encontram legalmente disponíveis em Portugal, o destaque maior vai para o Hulu: a casa-mãe de The Handmaid’s Tale estreia este ano a mini-série Nine Perfect Strangers — mais uma colaboração entre o criador David E. Kelley e a actriz Nicole Kidman, depois de Big Little Lies e, mais recentemente, The Undoing — e recebe Conversations with Friends (BBC Three), adaptação do primeiro romance de Sally Rooney, que, de resto, já foi adaptada para o pequeno ecrã com sucesso em 2020 (Normal People). Já os serviços Peacock, do conglomerado NBCUniversal, e CBS All Access, que em 2021 passará a chamar-se Paramount+, acolherão Bel-Air (projecto que está a partir do popular “fan film” de 2019 em que Morgan Cooper transforma o imaginário da sitcom Fresh Prince of Bel-Air num drama) e Star Trek: Strange New Worlds, respectivamente.