Covid-19: período festivo poderá voltar a colocar hospitais sob pressão
Presidente da Associação Portuguesa dos Administradores Hospitalares mostra-se preocupado com a inversão da tendência de abrandamento da curva epidemiológica por causa do comportamento da população durante o período festivo.
O aumento dos contactos de risco no período do Natal e da passagem de ano vai provocar um novo aumento de casos de contágio e inverter a tendência de abrandamento da situação pandémica. E, acredita o presidente da Associação Portuguesa dos Administradores Hospitalares (APAH), Alexandre Lourenço, vai levar a um recrudescimento da pressão sobre os hospitais. “O aumento dos contactos de risco e o subdiagnóstico, devido ao facto de muitos centros terem estado encerrados, vai certamente ter implicações nos próximos dias e semanas”, antecipou aquele responsável.
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O aumento dos contactos de risco no período do Natal e da passagem de ano vai provocar um novo aumento de casos de contágio e inverter a tendência de abrandamento da situação pandémica. E, acredita o presidente da Associação Portuguesa dos Administradores Hospitalares (APAH), Alexandre Lourenço, vai levar a um recrudescimento da pressão sobre os hospitais. “O aumento dos contactos de risco e o subdiagnóstico, devido ao facto de muitos centros terem estado encerrados, vai certamente ter implicações nos próximos dias e semanas”, antecipou aquele responsável.
As previsões que a APAH vem divulgando com um recurso a um modelo matemático que, a partir dos números divulgados pela Direcção-Geral da Saúde, procura estimar para a semana seguinte o número de camas hospitalares e recursos humanos necessários para responder aos doentes com covid-19, davam conta de um cenário relativamente animador. “Portugal estava a entrar num cenário de abrandamento”, enfatiza Alexandre Lourenço. No cenário mais pessimista apontado por aquela ferramenta, e admitindo um aumento em 2% do índice de transmissão (Rt), Portugal chegaria ao dia 7 de Janeiro a precisar de 3035 camas hospitalares para tratamento de doentes com covid-19, das quais 515 em cuidados intensivos. Na previsão mais optimista, de diminuição do Rt em 2%, haveria nessa mesma data apenas 2415 doentes internados, dos quais 426 em cuidados intensivos.
Os números da Direcção-Geral da Saúde (DGS) relativos ao último dia de 2020, e que referem 6951 novos casos de contágio e mais 66 mortes provocadas pela covid-19, mostram que estavam anteontem internadas 2806 pessoas, das quais 483 em cuidados intensivos. Em termos de profissionais, a previsão apontava para a necessidade de 823 médicos, 5691 enfermeiros e 2247 assistentes operacionais dedicados ao tratamento dos doentes com covid-19, abaixo das previsões anteriores. Mas o problema é que estes cálculos se baseiam na situação reportada na última quarta-feira e não reflectem ainda o afrouxamento dos cuidados durante o período das festas de Natal e de fim de ano. “O modelo matemático está correcto, mas sabemos que na última semana, além do aumento dos contactos de risco, houve uma diminuição da capacidade de detecção porque o número de testes realizados foi mais baixo, mais não fosse porque tivemos muitos serviços encerrados”, sublinha Alexandre Lourenço, dizendo que a próxima previsão, a divulgar no sábado, já espelhará a alteração do comportamento da população no período festivo.
A mesma ferramenta apontava para a necessidade de entre 3735 a 4940 rastreadores para os inquéritos epidemiológicos e seguimento dos “contactos covid”, muito abaixo dos entre 5173 a 6441 profissionais que se previam como necessários no final de Dezembro. Mas, em todo o caso, e como lembra ainda Alexandre Lourenço, são números sempre muito acima dos recursos actualmente disponíveis.