Adesão alta à vacinação contra a covid-19. Hospitais falam em mais de 90%
Maioria dos hospitais questionados pelo PÚBLICO já administrou todas as vacinas que recebeu. Hospital Garcia de Orta conclui processo esta quinta-feira.
É ainda cedo para fazer um balanço, não só pelo número limitado de pessoas vacinadas até ao momento como também pelo curto tempo que passou desde o início da vacinação contra a covid-19. Mas as indicações que chegam dos hospitais que responderam ao PÚBLICO são de grande adesão ao processo, referindo valores acima dos 90%. A maioria já administrou todas as vacinas que recebeu. Segundo revelou esta quarta-feira à noite na RTP a ministra da Saúde, Marta Temido, até às 18 horas tinham sido vacinados 26.850 profissionais de saúde.
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É ainda cedo para fazer um balanço, não só pelo número limitado de pessoas vacinadas até ao momento como também pelo curto tempo que passou desde o início da vacinação contra a covid-19. Mas as indicações que chegam dos hospitais que responderam ao PÚBLICO são de grande adesão ao processo, referindo valores acima dos 90%. A maioria já administrou todas as vacinas que recebeu. Segundo revelou esta quarta-feira à noite na RTP a ministra da Saúde, Marta Temido, até às 18 horas tinham sido vacinados 26.850 profissionais de saúde.
Nos centros hospitalares (CH) Lisboa Central e Lisboa Norte foram vacinados 2145 e 1630 profissionais, respectivamente. “A taxa de adesão rondou os 95%”, respondeu o CH Lisboa Central, explicando que “foram questionados todos profissionais dos serviços indicados pela Direcção-Geral da Saúde”. Onde se incluem urgência, cuidados intensivos e internamentos covid, serviços de infecciologia, postos de colheita e outros. No CH Lisboa Norte “a taxa de adesão ficou acima dos 90%”, sendo que nos dois primeiros dias vacinaram-se mais pessoas do que as inicialmente programadas.
O CH de São João conta vacinar até ao final da semana “cerca de 2500 profissionais”. A taxa de adesão foi “superior a 95%”, embora não refira o universo de profissionais questionados. Também no CH Vila Nova de Gaia/Espinho a taxa de adesão é alta: 97%. Foram questionados 3700 profissionais, número superior às 1195 doses que receberam. Na terça-feira já tinham vacinado 684 profissionais. Na Unidade Local de Saúde de Matosinhos, que recebeu 440 doses e conclui esta quarta-feira a sua administração, “todos os profissionais foram questionados sobre a sua intenção (ou não) em receber a vacina”, explicou a unidade, referindo que “mais de 90%” manifestaram vontade de a receber.
Vacinação concluída
O Hospital de Loures, que também concluiu esta quarta-feira a vacinação, recebeu 455 doses e houve “100% de adesão” por parte dos profissionais. Valor idêntico ao que o CH do Algarve registou, embora alguns profissionais não tenham podido já tomar a vacina “por questões de saúde”. “Foram questionados todos os profissionais dos serviços da primeira linha – urgências, unidades de cuidados intensivos e internamentos dedicados à covid-19”, tendo a unidade de Faro dado 600 doses e a de Portimão 300. No Hospital Garcia de Orta, em Almada, “prevê-se que sejam vacinados mais de 500 profissionais” até esta quinta-feira, dando prioridade a quem está na prestação directa de cuidados covid. Na terça-feira já tinham sido imunizados 246. Todos os profissionais foram questionados, mas a unidade não revelou taxas de adesão.
Para o pneumologista Filipe Froes, que já foi vacinado contra a covid-19, a taxa de adesão referida pelos hospitais “é excelente”. Sobre aqueles que não querem fazer já a vacinação, disse “perceber que algumas pessoas tenham dúvidas”. “A questão é como se lida com a dúvida. É legítimo esperar é que tenham interesse em esclarecer as dúvidas sem preconceitos”, afirmou. Embora a tecnologia usada seja nova para as vacinas, “já é uma tecnologia usada há muitos anos noutras áreas, nomeadamente na oncologia”. “O que a pandemia permitiu foi acelerar um processo em andamento”, destacou.
Questionado sobre uma possível comparação com a baixa adesão dos profissionais de saúde à vacina da gripe – tem rondado os 50% de acordo com o projecto Vacinómetro, mas este ano estará nos 61% de acordo com dados de 23 de Dezembro -, o médico disse “ser diferente”. “Não se coloca em causa a composição e o fabrico. A baixa adesão resulta da desvalorização da doença, não identificando a gripe como factor de pneumonia, descompensação de comorbilidades ou de aumento de risco de AVC e enfarte, e questões logísticas. Era muito importante irem brigadas de vacinação aos serviços”, defendeu, considerando que a maior adesão registada este ano resultou “da maior sensibilização e prevenção de risco a uma possível co-infecção com a covid.