Estudo sugere que variante do Reino Unido não causa forma mais grave da doença
Investigação conclui que a nova variante não provoca uma forma mais grave de covid-19 ou que aumenta a mortalidade associada à doença.
A variante do coronavírus SARS-CoV-2 identificada em Inglaterra não parece causar uma forma mais grave da doença covid-19. Esta foi uma das conclusões de um relatório da Public Health England (agência de saúde pública britânica) publicado esta terça-feira. Outros estudos também sugerem que será, de facto, mais contagiosa. A variante foi identificada esta terça-feira nos Estados Unidos.
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A variante do coronavírus SARS-CoV-2 identificada em Inglaterra não parece causar uma forma mais grave da doença covid-19. Esta foi uma das conclusões de um relatório da Public Health England (agência de saúde pública britânica) publicado esta terça-feira. Outros estudos também sugerem que será, de facto, mais contagiosa. A variante foi identificada esta terça-feira nos Estados Unidos.
No relatório agora divulgado compararam-se 1769 pessoas infectadas com a nova variante e 1769 com uma versão do vírus sem as mutações observadas nessa variante. De todas essas pessoas, 42 foram hospitalizadas, sendo que 16 tinham a nova variante e 26 outra versão do vírus. Em quatro semanas, morreram 12 doentes com a variante e dez sem ela. Os investigadores destacam assim que as diferenças nas hospitalizações e na mortalidade “não são estatisticamente significativas”.
Este estudo “sugere que a nova variante não causa uma forma mais grave da doença ou que aumenta a mortalidade, mas continuamos as nossas investigações para a perceber melhor”, disse Susan Hopkins, consultora da Public Health England que participou no estudo, citada pelo jornal Financial Times.
Também se tentou perceber melhor se as mutações nesta variante designada VUI–202012/01 (Variante Sob Investigação, no ano de 2020, do mês 12, da variante 01) tornavam mais provável uma segunda infecção. Verificou-se que houve duas reinfecções no grupo de pessoas com a VUI–202012/01 (também conhecida como linhagem B.1.1.7) pelo menos 90 dias após a primeira infecção. Já no outro grupo houve três reinfecções. “Também não houve diferenças significativas na probabilidade de reinfecção entre os casos com a variante e o grupo comparativo”, lê-se no relatório.
Por fim, assinala-se no relatório que parece haver uma maior incidência da nova variante no Sudeste de Inglaterra, Londres, áreas do Sudoeste e no condado de Cúmbria (no Norte de Inglaterra). Aqui foram observados mais casos, mas noutras regiões o mapeamento genómico das amostras do vírus pode estar a ser mais limitado. Por isso, estes dados devem ser interpretados com cautela. “Em regiões com uma elevada e consistente cobertura [de mapeamento genómico], os resultados podem ser usados como um indicador para a carga da infecção da VUI–202012/01”, refere-se no documento.
Um outro estudo também feito pela Public Health England tinha confirmado algumas hipóteses científicas de que VUI–202012/01 levava a níveis mais elevados do SARS-CoV-2 no tracto respiratório superior, indica o Financial Times. O trabalho que ainda só foi divulgado na plataforma MedRxiv (que reúne pré-publicações que ainda não foram revistas por pares) concluiu que 35% dos doentes infectados com a nova variante tinha níveis mais elevados do coronavírus nas amostras analisadas. Isso só aconteceu em 10% dos doentes sem esta variante.
Por isso, sugere-se que esta elevada carga viral possa tornar a VUI–202012/01 mais transmissível. A sua maior transmissibilidade poderá ter sido causada pelo próprio vírus, pelo comportamento das pessoas ou pela gestão da pandemia.
Esta terça-feira, foi identificado o primeiro caso desta variante nos Estados Unidos. O caso foi detectado no estado do Colorado num indivíduo com cerca de 20 anos e que não terá viajado recentemente, anunciou o governador daquele estado, Jared Polis, numa publicação no Twitter. Esta variante já foi identificada em vários países. Por agora, em Portugal, já foram detectados 18 casos no arquipélago da Madeira.