Marcelo de está “do lado da desvalorização do trabalho”, acusa João Ferreira
Manuel Carvalho da Silva apoia candidato comunista. Ana Gomes quer país da controlar os seus recursos marítimos.
O candidato presidencial comunista, João Ferreira, acusou esta terça-feira Marcelo Rebelo de Sousa de ter estado, em diversas ocasiões nos últimos cinco anos, “do lado” da desvalorização laboral, não tendo utilizado os seus poderes para defender os trabalhadores.
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O candidato presidencial comunista, João Ferreira, acusou esta terça-feira Marcelo Rebelo de Sousa de ter estado, em diversas ocasiões nos últimos cinco anos, “do lado” da desvalorização laboral, não tendo utilizado os seus poderes para defender os trabalhadores.
“Nós precisamos de um Presidente da República que use todo o peso da sua intervenção pública para valorizar o trabalho e os trabalhadores. Não precisamos de um Presidente que coloque todo o peso das suas intervenções públicas e do exercício dos seus poderes do lado contrário, da desvalorização do trabalho. E foi isso que aconteceu algumas vezes no passado”, declarou o candidato a Belém apoiado pelo PCP.
João Ferreira falava à agência Lusa no final de um encontro com o ex-secretário-geral da CGTP-IN, Manuel Carvalho da Silva, na zona do Campo Grande, em Lisboa. O eurodeputado comunista sustentou a sua crítica a Marcelo Rebelo de Sousa com exemplos como “quando o Presidente da República teve intervenções que procuraram conter a necessária valorização do salário mínimo nacional”.
“Não me esqueço que há um ano o Presidente estava a dizer que 635 euros era um valor razoável para o salário mínimo nacional”, apontou o candidato, que também criticou as promulgações de Marcelo à legislação laboral “sem sequer pedir a fiscalização prévia pelo Tribunal Constitucional, que, por exemplo, deixaram mais vulneráveis os jovens à procura do primeiro emprego”.
“Daquele que jura cumprir e fazer cumprir a Constituição espera-se que seja consequente com esse juramento e que use os seus poderes para garantir que aquilo que ali está seja uma realidade na vida das pessoas, de todas as pessoas do país. Os poderes do Presidente foram usados para o contrário”, rematou.
Quanto ao encontro com Manuel Carvalho da Silva, João Ferreira agradeceu o apoio do ex-secretário-geral da CGTP-IN, acreditando que este irá “fortalecer a importância” que a sua candidatura atribui às questões laborais. Adiantou que na conversa com Carvalho da Silva foram abordadas várias “inquietações vivas” causadas pela pandemia da covid-19, que apontam para uma “progressiva desregulação das relações laborais”.
À Lusa, Manuel Carvalho da Silva considerou que a candidatura de João Ferreira é a que, à esquerda, defende de forma “fundamentada” as questões laborais, salientando que a pandemia veio trazer uma “aceleradíssima quebra” de condições no trabalho. Sobre a reunião marcada por Marcelo Rebelo de Sousa com os partidos, no próximo dia 4 de Janeiro, para discutir uma possível renovação do estado de emergência, João Ferreira disse que a sua posição contra “não se alterou” e que vê com preocupação um “prolongar indefinido de um estado de excepção”.
Precariedade de investigadores
Por seu lado, a candidata Ana Gomes defendeu esta terça-feira mais financiamento para a investigação ligada ao mar, área em que considera que o país tem de passar da retórica à prática para aumentar a exploração inteligente dos recursos marinhos.
“Portugal tem que passar da esplêndida retórica sobre o mar à prática”, afirmou Ana Gomes em Peniche, defendendo a criação de meios para que o país exerça “efectiva jurisdição sobre essa tremenda zona territorial que é o mar, e a terra por baixo do mar, onde há extraordinários recursos que precisam de ser identificados, mapeados, preservados e, eventualmente, explorados, mas de forma sustentável e inteligente”.
Numa acção de pré-campanha dedicada ao mar, a diplomata e ex-eurodeputada do PS visitou, em Peniche, o Cetemares, um centro de investigação em ciências do mar e do ambiente, onde chamou a atenção para “os recursos que ficam no mar”. Aludindo à biodiversidade, como as algas ou peixes que “não são utilizados em Portugal, não são consumidos,” e são “deitados borda fora" por não se conhecerem “as [suas] aplicações”, Ana Gomes considerou tratar-se de espécies que “hoje já poderiam ser altamente rentáveis, se fossem trabalhadas”.
Reconhecendo “a importância” de centros de ciência como o Cetemares, um pólo do Instituo Politécnico de Leiria onde “se desenvolve o conhecimento científico em ligação com o mundo empresarial”, a candidata alertou para a necessidade os institutos ligados à investigação terem “muito melhor financiamento” e maior “autonomia para desenvolver os seus projectos científicos”.
Alertada pelos responsáveis do centro para a situação de precariedade de alguns investigadores que não viram renovadas as bolsas de investigação a antiga dirigente socialista afirmou, em declarações aos jornalistas, tratar-se de uma situação “insustentável” e que “tem que mudar”.