Sempre a par do rio Alcoa, vai ser possível ir de Alcobaça à Nazaré a pé ou de bicicleta
Está pronto e aprovado pelos dois municípios o projecto de mobilidade suave que os vai ligar sempre a par do rio Alcoa, com caminhos pedonais, ciclovias e até um mini autocarro eléctrico. Mas faltam ainda os fundos comunitários que vão custear a obra. Será “um exemplo” para o país, diz o presidente da Câmara de Alcobaça.
O rio Alcoa nasce acima da localidade de Chiqueda, no concelho de Alcobaça. Pelo meio do seu curso, alcança a cidade e desagua a sul da Nazaré. Ao longo dos 14 quilómetros deste rio que, diz-se, ajudou a dar nome a uma cidade, será possível observar aves, dar um passeio a pé, de bicicleta ou até de autocarro eléctrico. O projecto de mobilidade suave para o rio Alcoa estará, se tudo correr como previsto, concluído em Maio de 2022.
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O rio Alcoa nasce acima da localidade de Chiqueda, no concelho de Alcobaça. Pelo meio do seu curso, alcança a cidade e desagua a sul da Nazaré. Ao longo dos 14 quilómetros deste rio que, diz-se, ajudou a dar nome a uma cidade, será possível observar aves, dar um passeio a pé, de bicicleta ou até de autocarro eléctrico. O projecto de mobilidade suave para o rio Alcoa estará, se tudo correr como previsto, concluído em Maio de 2022.
É um projecto conjunto dos municípios de Alcobaça e da Nazaré que assenta no reforço da ligação entre os dois territórios e que aposta, sobretudo, no desenvolvimento e valorização do espaço urbano e do património associado às linhas de água fluviais. Como? Na prática, melhorando as condições de acessibilidade e mobilidade nas zonas ribeirinhas, privilegiando a circulação pedonal e em bicicleta, numa tentativa de reduzir também a circulação automóvel. “O objectivo da candidatura é promover a mobilidade suave”, resume o presidente da Câmara de Alcobaça, Paulo Inácio (PSD), ao PÚBLICO.
Numa primeira fase, explica o autarca, serão consolidadas as margens do rio Alcoa, para evitar que galgue os seus limites e cause inundações. Depois, o objectivo é “valorizar” o percurso natural traçado pelo rio. Serão construídas (ou restauradas) dez travessias em metal e em madeira ao longo dos 14 quilómetros que ligam Alcobaça à Nazaré.
Serão também criados passadiços nas duas margens para caminhar ao longo do rio, ciclovias, espaços para a observação de aves, zonas de estadia e para parquear as bicicletas para quem quiser prosseguir o passeio a pé. Na chegada à praia, junto ao seu estuário, na Nazaré, será também construído um passadiço junto às dunas.
Se se pode pensar que este é um projecto a pensar, sobretudo, em quem visita a região e na valorização turística do território, Paulo Inácio garante que esse não é o objectivo principal da empreitada: “Este é um projecto de mobilidade suave. Se depois as pessoas quiserem visitar eu não as proíbo”, sublinha.
Tem antes como foco quem ali vive e se desloca diariamente. Entre as duas cidades, exemplifica o autarca, há várias áreas agrícolas e industriais, como a Docapesca, na Nazaré, a Sociedade de Porcelanas de Alcobaça (SPAL), ou as zonas industriais de Valado dos Frades.
“Não nos agrada que haja carros a passar em caminhos agrícolas, onde estão os melhores solos do país, como é o Regadio da Cela”, diz o autarca. Se os caminhos pedonais ou cicláveis podem ser, para alguns, uma alternativa para deslocações diárias, as autarquias querem criar também outra alternativa: pôr a circular um autocarro eléctrico a ligar as duas cidades, retirando carros de caminhos secundários junto ao rio.
É um projecto paralelo ao previsto para as margens do rio Alcoa, e poderá arrancar ainda antes de Maio de 2022. A ideia é que o autocarro passe a circular por caminhos agrícolas e municipais, paralelos ao rio, que são diariamente percorridos por automobilistas, que os procuram por serem mais directos. “Tivemos o apoio da associação [Associação de Beneficiários da Cela] e autorização para o autocarro eléctrico passar, de modo a evitar que sistematicamente os trabalhadores quer de uma cidade, quer de outra, andem em carros particulares”, explica o autarca. “As populações vão utilizar, não tenho dúvidas disso”.
Mas o município quer ainda ir mais além na exploração dos recursos que o rio oferece. “A cereja em cima do bolo é, numa segunda fase, arranjar uma [central] mini-hídrica que existe em Alcobaça para fornecer a energia necessária à circulação do veículo eléctrico”, avança o autarca de Alcobaça. “Creio que será um exemplo para o país.”
Investimento de cinco milhões de euros
Este projecto de “recuperação ambiental e mobilidade suave ao longo do rio Alcoa”, como descrevem os dois municípios, é já uma intenção antiga, tendo sido inclusive assinado um protocolo de parceria entre as duas autarquias a 9 de Abril de 2019. Desde então, foi sendo trabalhado o projecto de execução que recebeu, na passada segunda-feira, a aprovação por unanimidade, em reuniões dos respectivos executivos camarários (ver caixa).
No protocolo aprovado pelas duas câmaras para a candidatura conjunta a fundos comunitários no âmbito do Programa Operacional Regional do Centro, está previsto um investimento global de cinco milhões de euros para a construção de infra-estruturas e de mais 160 mil euros para a compra de equipamentos.
O município de Alcobaça terá o estatuto de promotor, sendo o responsável pela elaboração e submissão da candidatura. Já o município da Nazaré terá o estatuto de co-promotor, segundo refere um comunicado conjunto das autarquias.
Uma vez que o projecto abrangerá maior área no território de Alcobaça, caberá a este município a fatia maior do investimento — cerca de três milhões de euros para assegurar a realização dos trabalhos de infra-estruturas. O restante ficará a cargo do município da Nazaré. “Os contactos que temos tido com a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro são positivos, de que o projecto poderá ser aprovado. Só precisamos das garantias dos fundos comunitários para avançar”, diz Paulo Inácio.