Portugueses não desistiram de celebrar o Natal fora de casa

Não houve mudanças drásticas na mobilidade dos portugueses na semana do Natal, quando se compara com os números do ano passado. Como seria de esperar, houve um aumento das pessoas que não saíram de casa, mas muito ligeiro. Quem foi para longe, optou por partir logo a 23 de Dezembro.

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Os dias que antecederam o Natal foram de maiores deslocações, mas a semelhança com os outros dias úteis manteve-se Nelson Garrido

A semana do Natal não representou, para os portugueses, uma época de grandes alterações nos seus padrões de mobilidade, apesar de se viver em pandemia. É isso que mostra a análise da consultora PSE, especializada em ciência de dados, e o que diz também o seu director, Nuno Santos: “Foi, na globalidade, uma semana idêntica a outra semana qualquer, com uma mobilidade elevadíssima nos dias úteis, e menor no feriado e fim-de-semana, embora o dia de Natal tenha tido mais mobilidade do que um feriado normal.”

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A semana do Natal não representou, para os portugueses, uma época de grandes alterações nos seus padrões de mobilidade, apesar de se viver em pandemia. É isso que mostra a análise da consultora PSE, especializada em ciência de dados, e o que diz também o seu director, Nuno Santos: “Foi, na globalidade, uma semana idêntica a outra semana qualquer, com uma mobilidade elevadíssima nos dias úteis, e menor no feriado e fim-de-semana, embora o dia de Natal tenha tido mais mobilidade do que um feriado normal.”

Depois de já ter revelado informações para os dias 23 e 24 de Dezembro, os dados para o resto da semana do Natal permitem traçar um retrato mais claro de como os portugueses reagiram à maior abertura nas deslocações, permitida pelo Governo, para aquele período.

Desde logo, pelo próprio dia 25, que foi, dos quatro feriados mais recentes, aquele que teve maior mobilidade. Nesse dia, 20% dos portugueses fizeram deslocações superiores a 20 quilómetros, quando nos outros feriados de Dezembro (1 e 8) e de Novembro (1), essa percentagem não tinha ido além dos 13%.

No ano passado, a percentagem de deslocações naquela categoria tinha sido mais elevada (28% da população), o que a consultora atribui a dois factores: “O valor mais reduzido este ano deve-se, por um lado, a uma ligeiramente menor quantidade de pessoas em deslocação e, por outro, ao próprio facto de no ano passado o Natal ser a uma quarta-feira (e não uma sexta véspera de fim-de-semana)”.

Ou seja, a juntar àqueles que optaram por não visitar familiares noutras localidades, há que somar as pessoas que não regressaram a casa logo no dia de Natal, aproveitando o fim-de-semana prolongado. É isso mesmo que explica Nuno Santos. “É completamente diferente termos um dia 26 a uma quinta-feira, como aconteceu no ano passado, que já é um dia útil, ou a um sábado. Isto permitiu que o regresso a casa fosse mais distribuído”, diz.

Que os portugueses não desistiram de celebrar o Natal fora de casa, junto de familiares e amigos, é também demonstrado pela análise do confinamento nocturno, entre as 23h e as 5h. Com a suspensão do recolher obrigatório às 23h, no Natal, os portugueses aproveitaram, e a madrugada do dia 25 foi aquela com menor confinamento dos últimos dois meses (89,3%, o único valor abaixo dos 90% desde 1 de Novembro).

Já no fim-de-semana de 26 e 27 de Dezembro, os dados indicam que “a mobilidade dos portugueses foi, na globalidade, semelhante” aos outros fins-de-semana deste mês. E o maior confinamento que se sentiu naqueles dois dias não foi conseguido à custa das deslocações mais longas, mas sim daqueles que abdicaram de fazer viagens inferiores a 10 quilómetros de distância de suas casas, ou seja, deslocações curtas.

Recolher obrigatório

O recolher obrigatório às 13h, nos concelhos de maior risco, regressou no domingo, mas não houve tantos portugueses a cumpri-lo como nos anteriores — foram apenas 59%, quando na semana anterior tinham sido 63%. Contudo, a PSE relembra que o número de concelhos com risco elevado e extremo, sujeitos a este confinamento, tem vindo a diminuir, pelo que esta percentagem também tem vindo a descer “de duas em duas semanas”.

A análise da consultora, que recorre a uma aplicação móvel para fazer a recolha de dados contínua através de monitorização de localização e meios de deslocação, de um painel de 3670 indivíduos, permite ainda perceber de onde são oriundas as pessoas que fazem deslocações mais longas para celebrar o Natal. 

Segundo os dados da consultara, 45% das deslocações superiores a 50 quilómetros para essa celebração tiveram origem na Área Metropolitana (AM) de Lisboa, e 20% na AM do Porto. É também na AML que existe “maior propensão” para efectuar deslocações consideradas de “muito longo-curso”. A PSE diz que “15% dos residentes da AML efectuaram deslocações de mais de 100 quilómetros para passar o Natal”.

E quem teve de fazer estes percursos mais longos preferiu partir logo no dia 23 de Dezembro. Foram, segundo os dados revelados esta segunda-feira, 8% dos portugueses, quando tinham sido 11% no ano passado. A ligeira diminuição de pessoas que não passou o Natal fora de casa também é visível nos números da PSE: “No dia 24 de Dezembro de 2019, 20% dos portugueses dormiram a mais de 50 quilómetros da sua residência habitual. Em 2020, essa percentagem foi de 16%”, refere-se no documento.

A diferença entre os que foram dormir a mais de 30 quilómetros de casa no Natal, em 2019 e 2020 é ainda menor: de 25% em 2019, a percentagem baixou para 23% este ano.

O Índice de Mobilidade da PSE para a semana de 21 a 27 de Dezembro demonstra também que, os dias que antecederam o Natal tiveram uma mobilidade “superior” à média do início do ano, no período de pré-pandemia, com o dia 24 a ter ainda valores elevados (88%, quando tinha sido 98% em 2019). Depois, os portugueses movimentaram-se menos, ou de forma mais distribuída, como já foi referido. Os dias 25 (feriado) e 27 (domingo) foram os de maior percentagem de confinamento da semana: nesses dias, 55% não saíram de casa.