O melhor e o pior que 2020 trouxe ao ambiente, segundo a Quercus

A pandemia é o “maior grito de alerta” para a falta de saúde planetária, alerta o balanço da associação ambientalista ambientalista. O travão à luta contra os descartáveis, o avanço da agricultura super-intensiva ou as plantações de eucalipto são alguns dos pontos negativos do ano marcado pela covid-19.

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NACHO DOCE/REUTERS A desflorestação na Amazónia: os terrenos são usados para cultivar soja ou para agropecuária.

A associação ambientalista Quercus avisa que a pandemia de covid-19 é uma expressão dos profundos desequilíbrios dos ecossistemas, perda de biodiversidade e um “grito” do planeta para o apelo aos hábitos de vida das populações.

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A associação ambientalista Quercus avisa que a pandemia de covid-19 é uma expressão dos profundos desequilíbrios dos ecossistemas, perda de biodiversidade e um “grito” do planeta para o apelo aos hábitos de vida das populações.

No balanço do ano, numa nota onde a associação assinala os piores e melhores factos ambientais, a pandemia destacou-se nas duas listas.

Segundo a Quercus, a “drástica” redução das emissões de gases de efeito de estufa, sobretudo pela diminuição do transporte aéreo, que teve como consequência imediata a melhoria da qualidade do ar, foi um dos factos mais positivos de 2020. Em contrapartida, e de forma negativa, a covid-19 impulsionou o aumento do recurso aos produtos descartáveis não recicláveis como luvas, máscaras ou fatos.

“Com a argumentação da protecção contra a covid-19 foi adiado para 31 de Março de 2021 a proibição do uso de copos, embalagens, talheres, palhinhas, pratos, tigelas e palhetas de plástico descartáveis, no sector da restauração e similares, o que é lamentável e injustificável”, frisou.

Outro dos pontos negativos apontados pela associação ambientalista visa o avanço da agricultura super-intensiva (amendoal, olival e abacate) que, considera, destrói habitats e aumenta a procura de água “que não existe” para mais regadio.

“São vários os problemas ambientais que têm vindo a ser relatados devido ao avanço na instalação de monoculturas super-intensivas, principalmente no sul do país, relacionadas com a contaminação do ar, dos solos e da água e diminuição de biodiversidade”, sublinhou.

O facto de o eucalipto ocupar o segundo lugar, por espécie, da área florestal em Portugal Continental e contribuir, todos os anos, para incêndios de “grandes dimensões” com “grandes” impactos ambientais e sociais mereceu a reprovação da Quercus.

A redução de actividades de regeneração do território e a desmatação “indiscriminada” são outros dos factos negativos apontados pela associação, tal como o prolongamento da vida útil da Central Nuclear de Almaraz até Outubro de 2028.

Nos pontos positivos, além da redução das emissões e melhoria da qualidade do ar, a Quercus apontou os avanços nas políticas sobre resíduos, nomeadamente o eco-design e a redução de embalagens. A Quercus destacou ainda o aumento da procura de produtos locais e biológicos, gerando uma aproximação entre produtores e consumidores, assim como uma maior aposta no turismo rural e de natureza.

A associação ambientalista ressalvou, igualmente, a recuperação de espécies em perigo e o fim da apanha nocturna da azeitona com máquinas em olivais super-intensivos da região do Alentejo.

Além deste balanço, a Quercus perspectivou 2021, ressalvando a presidência portuguesa da União Europeia e o “grande desafio” do Pacto Ecológico Europeu.

No contexto da Década do Restauro dos Ecossistemas 2021–2030 declarada pela ONU, a associação entendeu que se impõe “acima de tudo” inverter o ciclo de mais perturbação e destruição da natureza.