O primeiro dia
Este domingo, começámos a viver o primeiro dia de um tempo novo. Mesmo que, com lucidez, o consideremos difícil e incerto, oferece uma réstia de luz. E precisamos de toda a luz possível.
As primeiras vacinas contra a covid-19 começam a ser ministradas na União Europeia este domingo e, se o momento não basta por si só para se respirar de alívio, não deixa de ter um significado histórico que as presentes gerações guardarão na memória. Não sendo o fim da tormenta, poderá ser o princípio do fim. Não sendo um antídoto imediato para os contágios e os efeitos devastadores do vírus, é pelo menos um sinal de esperança que torna o futuro mais suportável. Este domingo, começámos a viver o primeiro dia de um tempo novo. Mesmo que, com lucidez, o consideremos difícil e incerto, oferece uma réstia de luz. E precisamos de toda a luz possível. Vale por isso a pena reflectir o momento que nos faz lembrar O primeiro dia, de Sérgio Godinho.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
As primeiras vacinas contra a covid-19 começam a ser ministradas na União Europeia este domingo e, se o momento não basta por si só para se respirar de alívio, não deixa de ter um significado histórico que as presentes gerações guardarão na memória. Não sendo o fim da tormenta, poderá ser o princípio do fim. Não sendo um antídoto imediato para os contágios e os efeitos devastadores do vírus, é pelo menos um sinal de esperança que torna o futuro mais suportável. Este domingo, começámos a viver o primeiro dia de um tempo novo. Mesmo que, com lucidez, o consideremos difícil e incerto, oferece uma réstia de luz. E precisamos de toda a luz possível. Vale por isso a pena reflectir o momento que nos faz lembrar O primeiro dia, de Sérgio Godinho.
E nessa indagação aparece em primeiro lugar a grande vitória da ciência. António Barreto escreveu-o melhor do que ninguém: “O que uns milhares de cientistas fizeram, em menos de 12 meses, sob enorme pressão humanitária, merece o aplauso universal e é credor de admiração sem reservas”. É compensador pensar igualmente que a corrida pela vacina é uma vitória “da inovação europeia”, como assinalou Ursula von der Leyen. Foi uma empresa alemã, embora aliada a um gigante norte-americano, que chegou primeiro à vacina e, do ponto de vista simbólico, essa façanha é prova de vida de um continente tantas vezes apontado como um espaço de irrelevância ou de anomia. Não é. E o facto de a BioNtech ser dirigida por alemães de origem turca só pode alimentar o sonho dos que defendem uma União plural, diversa e aberta ao mundo.
É também importante notar que todo o processo da vacinação é uma afirmação do espírito europeu, que durante a pandemia ganhou nova tracção. As vacinas foram adquiridas pela União e vão chegar aos cidadãos do Leste ou do Oeste, “frugais” ou do Sul exactamente ao mesmo tempo. Ter vacinas ao mesmo tempo que os franceses ou alemães só é irrelevante porque a Europa se vai tornando uma ideia normal entre nós. Ainda bem.
Dentro de portas, os esforços do Governo e da Presidência para arrefecerem as expectativas e a responsabilidade dos partidos nas referências à vacina têm mérito. Ainda é cedo para dizer que tudo correu bem, mas assuma-se que a assertividade de Francisco Ramos, o envolvimento dos militares, a calma dos responsáveis políticos e o esforço de transversalidade e de cooperação entre diferentes instâncias do Estado são bons prenúncios.
O pesadelo não acaba este domingo. Mas, com todas as dúvidas e suspeitas que a incerteza exige, reconheçamos o óbvio: este é o dia pelo qual estávamos à espera. Que corra bem.