Que seja um Natal (apesar de tudo) feliz
Poderíamos ter sido mais eficazes na prevenção da segunda vaga, na busca de compromissos ou na definição de prioridades. Mas, neste Natal em que a ausência ou as restrições nos remetem para sentimentos sombrios, saibamos entender o que colectivamente fomos capazes de resistir e de evitar.
Este não é o Natal que queríamos. Nem sequer o Natal que merecíamos, após tantos meses de confinamento e de distância social que nos privou dos afectos até dos que nos são mais próximos. É o Natal possível e o Natal que temos de viver, mesmo que com um legítimo sentimento algures entre a revolta e a resignação. Com a pandemia ainda longe de estar contida, o lamento de não podermos estar com todos os nossos familiares ou amigos, de não poder partilhar o espírito da data com as crianças ou os mais idosos tem de ser temperado com uma razão de força maior: a nossa protecção e a dos que nos são queridos. Também porque, apesar de todas as incertezas, podemos por estes dias acreditar que entrámos no princípio do fim do túnel, o que nos permite alimentar alguma esperança.
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Este não é o Natal que queríamos. Nem sequer o Natal que merecíamos, após tantos meses de confinamento e de distância social que nos privou dos afectos até dos que nos são mais próximos. É o Natal possível e o Natal que temos de viver, mesmo que com um legítimo sentimento algures entre a revolta e a resignação. Com a pandemia ainda longe de estar contida, o lamento de não podermos estar com todos os nossos familiares ou amigos, de não poder partilhar o espírito da data com as crianças ou os mais idosos tem de ser temperado com uma razão de força maior: a nossa protecção e a dos que nos são queridos. Também porque, apesar de todas as incertezas, podemos por estes dias acreditar que entrámos no princípio do fim do túnel, o que nos permite alimentar alguma esperança.
Vivemos de tudo depois de Março. Mudámos de hábitos, trocámos rotinas, ajustámos expectativas, sentimos que muitas das nossas certezas sobre a vida, a convivência, o trabalho, a política, a sociedade e o mundo não eram, afinal, construções inabaláveis. É extraordinário que tenhamos conseguido resistir assim tão estoicamente, apesar de tantas falhas, de tantos erros, de tanto sofrimento e tanta angústia. Estamos hoje mais pobres, tivemos de nos habituar à ausência dos outros, afligimo-nos com as perdas de quem apostou tudo num restaurante ou numa loja, vemos o desemprego a subir, as contas públicas a degradarem-se, o clima político a acusar desgaste e fragmentação, os extremismos a crescer em Portugal. Mas, ainda assim, as instituições funcionaram, os nossos professores, médicos ou enfermeiros mostraram um sentido cívico e solidário emocionante, a democracia resistiu, a economia tremeu, afundou, mas não entrou em colapso, e, colectivamente, a sociedade está mais lassa, mas conservou o sentido de comunidade.
Esta mensagem de Natal é, por isso, e apesar de sabermos do infortúnio de tantos, optimista e esperançosa. Olhando para tudo o que foi posto em causa com a pandemia, a resposta global do país foi positiva. Claro que não estaríamos onde estamos sem a União Europeia, que no momento mais crítico da sua existência foi capaz de afirmar o seu sentido e de desfazer os mitos dos seus detractores. Claro que poderíamos ter sido mais eficazes na prevenção da segunda vaga, na busca de compromissos ou na definição de prioridades. Mas, neste Natal em que a ausência ou as restrições nos remetem para sentimentos sombrios, saibamos entender o que colectivamente fomos capazes de enfrentar, resistir e evitar. E saibamos estar com os que não têm razões para chegar a esse entendimento.
Os que fazem o PÚBLICO desejam a todos um Natal o mais feliz possível.