Governo da Moldávia demite-se após pressão da Presidente eleita

Quando venceu as eleições presidenciais em Novembro, Maia Sandu, que prometeu combater a corrupção e aproximar a Moldávia da União Europeia, defendeu a realização de novas eleições legislativas, considerando que os moldavos não se revêem no actual Parlamento.

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Maia Sandu foi economista do Banco Mundial e venceu as presidenciais realizadas em Novembro REUTERS/Fabrizio Bensch

O primeiro-ministro da Moldávia, Ion Chicu anunciou esta quarta-feira a demissão do seu Governo, abrindo a porta à realização de eleições legislativas no país, um dos desejos de Maia Sandu, eleita Presidente no passado mês de Novembro.

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O primeiro-ministro da Moldávia, Ion Chicu anunciou esta quarta-feira a demissão do seu Governo, abrindo a porta à realização de eleições legislativas no país, um dos desejos de Maia Sandu, eleita Presidente no passado mês de Novembro.

Chicu, que assumiu o cargo de primeiro-ministro durante um ano, anunciou a demissão depois de uma reunião com o Presidente cessante, Igor Dodon, e com a porta-voz do Parlamento moldavo, Zinaida Greceanii.

O primeiro-ministro demissionário acrescentou que a queda do Governo tem como objectivo a realização de novas eleições – um “objectivo vital”, nas suas palavras -, ainda sem data marcada, indo ao encontro das pretensões da Presidente eleita, Maia Sandu, que toma posse esta quinta-feira.

Na actual composição do Parlamento moldavo, o Partido Socialista, de Ion Chicu, pró-Rússia, está em maioria, contando com o apoio do partido de Ilan Shor, um político e empresário que em 2017 foi condenado a sete anos e meio de prisão devido a um escândalo de corrupção que lesou os bancos moldavos em mais de mil milhões de dólares. Desde então, está em fuga à justiça.

Quando foi eleita em Novembro, na segunda volta das presidenciais, Maia Sandu, do Partido Acção e Solidariedade, prometeu combater a corrupção na Moldávia e aproximar o país da União Europeia, contrariando a política seguida pelo Presidente cessante, Igor Dodon, próximo do Kremlin, que defendeu uma maior dependência em relação à Rússia.

Assim que foi eleita, Maia Sandu apelou à realização de eleições legislativas antecipadas, argumentando que os moldavos não se revêem no actual Parlamento.Sandu criticou também a proximidade entre Igor Dodon e Ion Chicu, que antes de ser nomeado primeiro-ministro em Novembro de 2019 foi ministro das Finanças. 

Nas semanas seguintes à eleição de Sandu, realizaram-se várias manifestações na Moldávia em que se pediu a demissão do Governo e a dissolução do Parlamento.

A gota de água deu-se quando os deputados do Partido Socialista aprovaram uma lei que transfere o controlo dos serviços de inteligência moldavos da Presidência para o Parlamento, uma manobra encarada por Maia Sandu e pelos seus apoiantes como uma tentativa de comprometer a sua presidência.

Com a aprovação desta lei, mais de 20 mil moldavos saíram às ruas no dia 6 de Dezembro, exigindo a saída de Ion Chicu, que acabou por ceder à pressão popular mais de duas semanas depois, antecipando-se à discussão e votação de uma moção de censura contra o seu executivo que estava marcada para esta quarta-feira.

Até que seja formado um novo Governo, Chicu vai desempenhar o cargo de primeiro-ministro interino, durante um período de transição.

A Moldávia, um país de 3,5 milhões de habitantes, é um dos mais pobres da Europa e enfrenta uma profunda crise económica, muito marcada pelos escândalos de corrupção e agravada pela pandemia de covid-19, num país politicamente dividido quanto a uma maior aproximação à União Europeia ou a uma maior dependência da Rússia.

A eleição de Maia Sandu, uma economista que trabalhou para o Banco Mundial e desempenhou o cargo de primeira-ministra durante cinco meses em 2019, para a presidência constituiu uma derrota para o Kremlin, que vê com desconfiança uma possível integração europeia da Moldávia, apesar de o país ainda estar sob a sua esfera de influência.