Último apelo antes do Natal: “Afectos devem ser transmitidos, mantendo a distância física”
Graça Freitas regressou às conferências de imprensa da DGS, depois de ter estado isolada 20 dias por causa da covid-19. Recuperada, diz que vai aguardar pela sua vez para tomar a vacina, apelando a que confiem nesta nova “esperança”.
De regresso às conferências de imprensa da Direcção-Geral de Saúde (DGS), depois de ter recuperado da covid-19, Graça Freitas aproveitou para deixar um último apelo aos portugueses que se preparam para celebrar o Natal. E o apelo foi para que agora e nos próximos tempos, estejam juntas “o mínimo de pessoas” possível, mas, sobretudo, que se cumpram as regras de higienização e distanciamento repetidas nos últimos meses até à exaustão. “Afectos devem ser transmitidos, mantendo a distância física”, defendeu a directora-geral da Saúde, lembrando o trabalho das últimas semanas para baixar o contágio e deixando uma certeza: “Nesta época festiva, que o convívio seja entre co-habitantes ou núcleos familiares diferentes terá grande relevo.”
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De regresso às conferências de imprensa da Direcção-Geral de Saúde (DGS), depois de ter recuperado da covid-19, Graça Freitas aproveitou para deixar um último apelo aos portugueses que se preparam para celebrar o Natal. E o apelo foi para que agora e nos próximos tempos, estejam juntas “o mínimo de pessoas” possível, mas, sobretudo, que se cumpram as regras de higienização e distanciamento repetidas nos últimos meses até à exaustão. “Afectos devem ser transmitidos, mantendo a distância física”, defendeu a directora-geral da Saúde, lembrando o trabalho das últimas semanas para baixar o contágio e deixando uma certeza: “Nesta época festiva, que o convívio seja entre co-habitantes ou núcleos familiares diferentes terá grande relevo.”
Ainda assim, Graça Freitas recusou definir um número máximo de pessoas que se poderão juntar no Natal. “O Governo não deu indicação do número de pessoas [que se podem juntar], mas o que damos é a indicação que, independentemente desse número, deve ser restrito ao núcleo mais chegado de amizade ou família e se devem manter as regras: sala arejada, superfícies limpas, distância física, manter a máscara colocada quando não estiverem a comer ou beber, higienizar frequentemente as mãos e não devem partilhar objectos”.
A directora-geral respondia a uma questão sobre as declarações do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que numa entrevista defendeu que não deveriam juntar-se mais de cinco pessoas durante a época festiva.“Creio que o número terá a ver com a dimensão do agregado familiar ou de amigos, e da própria residência. Mais do que o número de pessoas o que interessa mesmo é que se cumpram regras. Não há risco zero mas estas regras diminuem muito a probabilidade de contraírem a doença”, insistiu.
E em relação ao contágio, Graça Freitas afirmou que se sente “privilegiada, por tido conhecimento a tempo” da possibilidade de estar infectada, isolando-se rapidamente e impedindo a transmissão da doença a qualquer outra pessoa. “Felizmente, não transmiti a doença a ninguém”, disse, explicando que teve apenas sintomas ligeiros — “prostração ligeira e tosse” — e consciente que o cansaço que marcou, intermitente, o período da doença, “vai ficar durante uns tempos”.
De regresso ao trabalho depois de 20 dias de isolamento, Graça Freitas disse ainda que irá esperar tranquilamente pela sua vez para tomar a vacina contra a doença, cujo uso na Europa foi aprovado esta segunda-feira, salientando ter “todo o gosto em ser vacinada e em reforçar a imunidade” à covid-19 de que estará já a usufruir por ter estado infectada.
Referindo-se à vacina como “uma esperança”, Graça Freitas afirmou não estranhar que apenas 50% a 60% dos portugueses queiram ser vacinados mal seja possível, lembrando que “é uma situação que se coloca a nível mundial e que os países têm de ir estudando, monitorizando a percepção que as pessoas têm do valor da vacina”.
E é isso que também será feito por cá, garantiu, a par com a transmissão de informação “clara, inequívoca, transparente e perceptível” à população, para que esta possa ganhar confiança na vacina e perceber as suas vantagens. “À medida que as vacinas vão sendo dadas e que as pessoas percebem a sua segurança e eficácia, o número [dos que querem tomá-las] tende a subir. E Portugal é um dos países que tem, desde sempre, uma elevadíssima confiança na vacinação”, salientou. “Como dizia um dos directores-gerais desta casa, em relação à vacinação só há três palavras que se aplicam: vacinar, vacinar, vacinar”, disse ainda Graça Freitas.
A vacinação em Portugal deverá arrancar no próximo domingo, a profissionais de saúde que lidam directamente com doentes covid-19, em cinco centros hospitalares de Lisboa, Porto e Coimbra. O director do departamento de Qualidade de Saúde da DGS, Valter Fonseca, também presente na conferência de imprensa desta terça-feira, afirmou que, até à data, não foi identificado qualquer caso em Portugal da variante do coronavírus Sars-CoV-2 detectada no Reino Unido, e que apontará para uma maior transmissibilidade, embora não para um aumento de hospitalizações ou de mortes.
Lembrando que os dados disponíveis são ainda “prematuros”, o responsável da DGS disse que, para já, “é expectável que a vacina tenha alguma manutenção da sua eficácia mesmo para esta estirpe”, embora sejam precisos mais estudos para definir exactamente se assim é. E quanto aos receios de eventuais efeitos adversos provocados pela toma da vacina, afirmou que eles são ligeiros, relativamente raros e semelhantes aos de outras vacinas, não indo além de “tumefacção [no local da toma], algumas dores articulares ou musculares e um ou dois dias de febre ligeira em algumas pessoas”.
No dia em que Portugal registou mais 2436 novos casos da doença e 63 mortes, Graça Freitas apelou à confiança na vacina agora disponível. “Temos de aproveitar esta oportunidade de controlar o vírus e melhorar as nossas vidas”, insistiu, afirmando: “É com essa esperança que vos desejo a todos um Natal feliz e com saúde.”
Antes de encerrar a conferência de imprensa, Graça Freitas deixou ainda a confirmação de que as pessoas que se encontrem em isolamento profiláctico poderão votar nas eleições presidenciais agendadas para 24 de Janeiro. “Haverá a capacidade das pessoas isoladas no seu domicílio poderem exercer o seu direito de voto através de diversos mecanismos que estão a ser criados para esse efeito”, afirmou a directora-geral da Saúde, explicando que esse trabalho está a ser desenvolvido em parceria com as autarquias e que implicará a deslocação de funcionários a casa de quem está isolado, para que possa “exercer o seu direito de voto em segurança e sem restrições”.