Saiba o que fazer para proteger os seus olhos dos ecrãs
Não sendo possível deixar de os usar, há formas de evitar os danos que o uso excessivo de ecrãs pode causar na saúde ocular. Prevenir é mesmo a palavra de ordem, como ficou claro no webinar sobre o tema, organizado pelo Público em parceria com a Alberto Oculista.
Um dos efeitos colaterais da pandemia de que muito se fala é o predomínio que o online passou a assumir com o confinamento e as consequências reflectem-se inevitavelmente ao nível da saúde visual. Isto porque ao teletrabalho – que passou a ser a realidade de muita gente em todo o mundo - soma-se o recurso aos dispositivos electrónicos também para aprender, conversar com quem não se pode estar presencialmente, organizar eventos, fazer compras e até para momentos de lazer. Mas a verdade é que o uso prolongado de ecrãs não resulta inteiramente da Covid-19. Pelo contrário, a tendência já vinha de trás, como salientou o optometrista António Morais durante o webinar subordinado ao tema “Saúde ocular vs ecrãs: o que está a acontecer aos nossos olhos?”, realizado no dia 17 de Dezembro pelo Público em parceria com a Alberto Oculista. Nas palavras do especialista, este problema é antigo e não se limita às plataformas digitais, verificando-se também “noutras situações que envolvam uma distância curta”, por exemplo, ler ou realizar trabalhos manuais que impliquem visão ao perto, entre outras actividades.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
Um dos efeitos colaterais da pandemia de que muito se fala é o predomínio que o online passou a assumir com o confinamento e as consequências reflectem-se inevitavelmente ao nível da saúde visual. Isto porque ao teletrabalho – que passou a ser a realidade de muita gente em todo o mundo - soma-se o recurso aos dispositivos electrónicos também para aprender, conversar com quem não se pode estar presencialmente, organizar eventos, fazer compras e até para momentos de lazer. Mas a verdade é que o uso prolongado de ecrãs não resulta inteiramente da Covid-19. Pelo contrário, a tendência já vinha de trás, como salientou o optometrista António Morais durante o webinar subordinado ao tema “Saúde ocular vs ecrãs: o que está a acontecer aos nossos olhos?”, realizado no dia 17 de Dezembro pelo Público em parceria com a Alberto Oculista. Nas palavras do especialista, este problema é antigo e não se limita às plataformas digitais, verificando-se também “noutras situações que envolvam uma distância curta”, por exemplo, ler ou realizar trabalhos manuais que impliquem visão ao perto, entre outras actividades.
(Re)veja o webinar "Saúde ocular vs ecrãs: o que está a acontecer aos nossos olhos”, realizado no dia 17 de Dezembro
Sistema visual não está preparado
Mas se “tudo isto já era problemático”, o optometrista reconhece que o século XXI aproximou-nos de um mundo em que tudo se processa agora a distâncias cada vez mais curtas. E o problema é que “fazemos isso não apenas duas a três horas por dia, mas sete, oito ou até 12 horas e o nosso sistema visual não está preparado”, afirmou. Como resultado, as consequências desta exposição diária e prolongada surgem agora muito mais cedo, “o que faz com que nos deparemos com o problema num período mais longo e isso reflecte-se no sistema visual de variadíssimas formas”. Entre os sintomas mais comuns, António Morais destacou a sensação de ardor nos olhos, lacrimejar frequente, olhos vermelhos e dores de cabeça. Por esta situação ser tão frequente tem até já um nome dado pela comunidade médica: síndrome da visão do computador (SVC).
Além da SVC - que se estima que atinja actualmente milhões de pessoas em todo o mundo - o uso abusivo de ecrãs aparece também cada vez mais ligado a um outro problema de saúde visual: a miopia, que se traduz pela dificuldade de ver correctamente ao longe. No fundo, “o uso excessivo dos ecrãs acaba por ser uma novidade que vem acelerar processos maus que demoravam mais tempo a aparecer, mas agora aparecem mais frequentemente e mais cedo”, sintetizou o especialista.
Questionado sobre se há algum tipo de predisposição genética para o desenvolvimento de problemas visuais que possa ser potenciado pelo uso de ecrãs, António Morais confirmou que a miopia é precisamente um desses problemas. “Há vários estudos, alguns dos quais feitos há muito tempo, que dizem que há uma predisposição para a miopia no uso abusivo do perto. Se a mãe e o pai são míopes há uma probabilidade de 60 a 70% de o filho vir a ser; se só um dos cônjuges for míope a probabilidade de o filho vir a ser é de 30 a 40%”, esclareceu, mas sublinhando que mesmo sem influência dos genes, a miopia pode surgir potenciada pelo uso excessivo da visão próxima. Nas suas palavras, “isso explica um bocadinho a sociedade que temos hoje, pois há uma incidência de uso de óculos nas crianças muito maior do que havia no século passado precisamente por causa disso”.
Como prevenir?
A participar também no webinar esteve Juliana Paes, actriz, influenciadora digital e embaixadora da Alberto Oculista. Mãe de dois filhos pequenos – um com 10 e outro com 7 anos de idade – conhece de perto a dificuldade que é mantê-los longe dos ecrãs. Ainda assim, foca-se em passar-lhes o exemplo que tenta pôr em prática diariamente: “Procuro deixar tudo programado, a utilização de telemóvel para a parte da manhã, como se fosse um trabalho e depois não usar muito [ao longo do resto do dia].” “Os adultos têm alguma consciência, mas as crianças preocupam-me muito, pois passam muito tempo no iPad ou nos videojogos, diante de uma tela”, constatou ainda.
Uma das regras que pode ser seguida para prevenir as consequências nefastas do uso recorrente da visão ao perto, nomeadamente na utilização de ecrãs digitais, é, segundo António Morais, a regra dos 20-20-20: “A cada 20 minutos devemos olhar para 20 pés, sensivelmente seis metros, durante 20 segundos.” “Isto seria excelente para o nosso sistema visual”, reforçou, admitindo, todavia, que pode ser “complicadíssimo”, mas “não é impossível”.
Além desta regra, é fundamental que a pessoa saiba se tem necessidade de graduação, ou não. Porque se esse problema existir e não estiver compensado “vai agravar os sintomas”, alertou o técnico. De resto, é importante adoptar cuidados relacionados com a distância, postura e iluminação. “Tudo tem de ser visto e cuidado”, destacou, deixando claro que “a prevenção será sempre fundamental, bem como a visita a um especialista da visão, seja oftalmologista ou optometrista, para perceber se há, ou não, um problema escondido”.
Luz azul: verdade ou mito?
Ao longo do webinar, muitas foram as perguntas formuladas por quem assistia e encaminhadas pela moderadora, a jornalista Cláudia Pinto. Uma das dúvidas mais frequentes prendeu-se com a luz azul emitida pelos ecrãs e os seus efeitos nefastos na saúde visual. Será verdade ou mito?, muitos quiseram saber. “Não é mito, essa radiação existe, mas não apareceu com os computadores; essa radiação está, por exemplo, na luz do sol, é uma radiação natural que o organismo está preparado para receber e sim, tem algumas vantagens no nosso relógio biológico”, respondeu António Morais. Todavia, o problema relacionado com esta radiação “é que nós estávamos habituados a recebê-la de forma normal e hoje em dia já não é assim”, referiu, dando como exemplo as luzes LED e a iluminação dos ecrãs, ou seja, “uma radiação artificial”.
O impacto negativo da luz azul tem vindo a ser estudado e o optometrista deu conta que “há estudos feitos recentemente sobre essa radiação, indicando que a médio/longo prazo vai trazer problemas a nível de retina, mais especificamente no aparecimento precoce de uma doença que é comum aparecer por volta dos 60 anos, a degeneração macular relativa à idade”. O técnico especificou que este “é um problema na retina que não tem cura, consiste na morte de algumas células, a qual apareceria numa determinada idade mais à frente e com determinada frequência, mas agora poderá aparecer com maior frequência e mais cedo, devido à interacção excessiva dessa radiação azul com as células da retina”.
Tendo em conta que não há cura para esta doença, a prevenção é a chave principal, para o qual ajuda a utilização de lentes especialmente desenvolvidas para proteger os olhos dos efeitos prejudiciais. Por outro lado, também o diagnóstico precoce é crucial, para que a patologia seja diagnosticada a tempo de impedir que se propague.
Ainda em resposta a outras dúvidas, António Morais chamou a atenção para a necessidade de se usar sempre luz ambiente aquando da utilização de ecrãs: “O facto de estar a usar o computador num ambiente escuro não é o ideal, da mesma maneira que ver televisão numa sala com a luz apagada também não é.”
Crianças portuguesas muito expostas a ecrãs
A verdade é que o uso de ecrãs começa em idades cada vez mais precoces e os problemas que daí resultam merecem reflexão. É essa a perspectiva de Miguel Caires, CEO da Alberto Oculista, que constata a realidade diariamente: “Sentimos isso nas nossas lojas, é cada vez mais recorrente o uso de correcção visual, as pessoas precisam mais de óculos e precisam mais cedo.”
A atestar o que os técnicos da marca concluem, o responsável referiu os dados de um estudo recente da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, que avaliou o tempo de ecrã das crianças portuguesas em diferentes equipamentos electrónicos (televisão, computador, consola, tablet e telemóvel), concluindo que 73,1% das crianças entre os 3 e os 5 anos passam mais de 60 minutos por dia em frente a um ecrã durante a semana, valor que sobe para 93,7% ao fim-de-semana. Já no grupo de crianças entre os 6 e os 10 anos, 33% passam mais de duas horas por dia, durante a semana, em frente a um ecrã, e 88% ultrapassam este valor durante o fim-de-semana. “Portanto, se isto acontece desde os 3 anos de idade, é natural que quando se fala em idades mais avançadas estes patamares de utilização de dispositivos tecnológicos só podem ser maiores”, afirmou, considerando a situação “preocupante”.
Uma das tarefas que a Alberto Oculista abraça é precisamente a sensibilização da população em relação a esta temática. De acordo com Miguel Caires, os técnicos da marca que atendem nas lojas têm a possibilidade de passar mensagens relacionadas com a saúde ocular. Por outro lado, a empresa mantém “imensas parcerias com instituições”, nomeadamente universidades, hospitais públicos e privados, câmaras municipais, casas do povo, entre outras. “Onde há uma Alberto Oculista fazemos várias acções de proximidade, desde rastreios visuais, acções de formação ou seminários em escolas”, pormenorizou.
Alberto Oculista e responsabilidade social
Além de dar cara às campanhas publicitárias da marca, Juliana Paes é também responsável por uma colecção de óculos, desenhada segundo as suas próprias preferências estéticas. Em relação à colaboração com a Alberto Oculista, a actriz reiterou o quanto se sente “orgulhosa”, justificando com o facto de esta ser “uma companhia preocupada com o ser humano, preocupada com tudo o que acontece com as pessoas”.
Isso mesmo foi atestado por Miguel Caires, que explicou a decisão da empresa de manter as lojas abertas mesmo durante o primeiro confinamento, como forma de poder servir quem continuava a precisar dos serviços da Alberto Oculista. Além de estabelecerem horários e equipas reduzidas, foi ainda desenvolvido um serviço ao domicílio: “Criámos condições para fazer uma consulta de optometria na casa das pessoas, bem como a escolha de óculos, para a qual levámos um tablet com um outro serviço que temos para disponibilizar óculos totalmente personalizados feitos à medida da pessoa, através do qual dispomos de milhares de armações, óculos de sol inclusive, e foi muito bem aceite.”
Tendo em conta que nem toda a gente tem o hábito de avaliar regularmente a saúde da sua visão, Miguel Caires sublinhou a importância dos serviços prestados pela Alberto Oculista, reforçando que nas consultas feitas nas lojas também “há despiste de patologia”. António Morais, que é optometrista na companhia, corroborou, salientando que no próprio dia do webinar encaminhou duas pessoas para consulta de Oftalmologia, situação que diz ser muito frequente. “Esta é uma das razões pelas quais a Alberto Oculista entende que é necessário haver um plano de acção de proximidade com a nossa sociedade”, sintetizou o CEO da empresa.