A grande operação
As primeira vacinas chegarão de avião a Portugal. Serão guardadas em locais não-identificados. E está a ser montada uma “sala de situação” destinada a acompanhar globalmente o processo. Um resumo da logística e do calendário desta grande operação, no dia em que a EMA se pronuncia sobre a primeira vacina na UE.
Tiro de partida
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Tiro de partida
A Agência Europeia do Medicamento (EMA) deve aprovar nesta segunda-feira a vacina da BioNTech-Pfizer. A União Europeia (UE) comprou 200 milhões de doses e reservou mais 100 milhões. As vacinas deste consórcio são produzidas na fábrica de Puurs, na Bélgica.
“Luz verde” da comissão a 23 de Dezembro
A Comissão Europeia deverá conceder uma autorização condicional de introdução no mercado válida em todos os Estados-membros da UE e do Espaço Económico Europeu. Há mais quatro vacinas (Moderna, AstraZeneca-Oxford, Janssen-J&J e Curevac) em desenvolvimento. A EMA deverá pronunciar-se em Janeiro sobre a da Moderna.
A viagem começa
As vacinas da BioNTech-Pfizer viajam para os 27 países da UE e chegam entre 24 e 26 de Dezembro. Durante o transporte, assegurado pela Pfizer (que não adianta detalhes sobre a operação), devem ser mantidas a uma temperatura de -80º. A Portugal, as duas primeiras caixas, pelo menos, chegam de avião. As vacinas serão armazenadas num local (não-identificado) na região Centro, no continente, noutro no Funchal e noutro ainda em Ponta Delgada, segundo Francisco Ramos. As da BioNTech podem permanecer até seis meses nesses locais, guardadas a -80º. Daí, serão distribuídas pelas administrações regionais de Saúde, agrupamentos de centros de saúde e outros pontos de vacinação. O país deverá receber, no total, 22,8 milhões de doses.
A segurança
O transporte a partir dos locais de armazenamento para os pontos de vacinação é garantido por empresas de distribuição por grosso de medicamentos, licenciadas pelo Infarmed. O plano de vacinação prevê um dispositivo de “desembaraçamento de trânsito, efectuado pelas forças de segurança, para facilitar o deslocamento” das vacinas. Está previsto apoio aéreo, se necessário, para garantir a segurança do transporte. Os locais de carga e descarga terão também vigilância policial. E nos centros de vacinação haverá forças de segurança, para “evitar concentrações excessivas que quebrem as regras do distanciamento social”. Depois de sair dos armazéns, as vacinas podem permanecer 30 dias nas caixas térmicas fornecidas pelo fabricante.
Vacinação em simultâneo: 27 de Dezembro
A vacinação arranca em todos os países da UE a 27 de Dezembro. Em Portugal, o 1.º lote a chegar tem 9750 doses (de um bolo de 1,2 milhões que deverão chegar no próximo ano da marca da BioNTech). Os primeiros a vacinar são um grupo de profissionais de saúde. O processo acontecerá entre 27 e 29 de Dezembro. A vacina é dada no braço, é intramuscular e compreende duas inoculações separadas por 21 dias.
Mais vacinas a 5 de Janeiro
A partir de dia 5, segundo Francisco Ramos, e até 21 de Janeiro chegarão mais 303.225 doses da vacina da BioNTech-Pfizer. São, no total, 62 caixas: 58 irão para Portugal continental; quatro para a Região Autónoma da Madeira; quatro para a Região Autónoma dos Açores. Das 62 caixas, 29 serão reservadas para a segunda dose da vacina, isto é, não serão utilizadas imediatamente, porque é necessário garantir a segunda toma, caso haja uma falha na distribuição por parte da farmacêutica. Para já, todo o processo está dividido em três fases de vacinação: na 1.ª é vacinada a população prioritária (como os profissionais de saúde e os utentes e profissionais de lares, entre outros). A rede de postos de vacinação será constituída nesta 1.ª fase por centros de saúde, lares, unidades de cuidados continuados. A expansão da rede (nomeadamente a farmácias) está prevista para depois de Março. Após a abertura das caixas térmicas nas quais a vacina é transportada, esta pode ficar armazenada durante cinco dias em frigoríficos semelhantes a frigoríficos domésticos.
Sala de situação
Está a ser montada uma “sala de situação” destinada a acompanhar globalmente o processo de vacinação. Aqui vai garantir-se a articulação permanente entre todas as entidades, receber informação sobre problemas que surjam, responder às questões durante o processo de vacinação e produzir pontos de situação. Nessa sala estarão elementos da DGS, do Ministério da Saúde, do Infarmed, dos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde, das Forças de Segurança, das Forças Armadas e “outras entidades que se julguem adequadas”, lê-se no plano. Os postos de vacinação terão de ter, entre outros, acesso à Internet e aos sistemas que permitem o registo das inoculações. Estão a ser aplicados testes de cibersegurança a estas plataformas.
Chamados por SMS
As pessoas incluídas na 1.ª fase da vacinação vão ser contactadas por SMS para dizerem se querem ou não ser vacinadas. Se responderem sim, recebem um novo SMS para agendamento, que define data, hora e local. Quem não for contactado, e tiver critérios para a 1.ª fase, “poderá contactar o SNS”, explicou há dias a ministra da Saúde, Marta Temido. O 1.º grupo, prioritário, é constituído por 250 mil funcionários e residentes em lares ou internados em unidades de cuidados continuados, 300 mil profissionais de saúde, das forças de segurança, das Forças Armadas e de outros serviços críticos e 400 mil pessoas a partir dos 50 anos com doenças de risco, como insuficiência cardíaca. A vacinação nos lares será realizada com equipas móveis, caso estes não tenham enfermeiros. “As ARS vão eventualmente superintender o processo”, diz Francisco Ramos. “Por exemplo, uma caixa com 4875 doses sai do armazém central para a ARS do Alentejo. Os serviços farmacêuticos da ARS dividem as doses, que vão para o Lar da Nossa Senhora do Rosário, para o da Dona Maria...” Há no total 733 pontos de vacinação previstos.
O resto do calendário...
Na 2.ª fase serão vacinadas, estima-se, 2,7 milhões de pessoas com 65 ou mais anos com ou sem patologias (que não tenham sido vacinadas previamente); pessoas entre os 50 e os 64 anos com diabetes, neoplasia maligna activa, insuficiência hepática, hipertensão arterial, entre outras. Na 3.ª fase (Julho) entra a restante população. Mas podem ser definidos um 3.º e 4.º grupos prioritários, consoante o ritmo de entrega das vacinas.