México: ex-governador de Jalisco assassinado em ataque atribuído a cartel de droga

Durante o seu mandato, Aristóteles Sandoval, um político em ascensão no Partido Revolucionário Institucional, enfrentou o crescimento do cartel Jalisco Nova Geração, apontado como responsável pelo assassínio.

Foto
Aristóteles Sandoval foi governador de Jalisco entre 2013 e 2018 Reuters/STRINGER Mexico

Aristóteles Sandoval, antigo governador do estado mexicano de Jalisco, foi morto a tiro na sexta-feira, num atentado que está a ser atribuído a grupos criminosos ligados ao narcotráfico.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Aristóteles Sandoval, antigo governador do estado mexicano de Jalisco, foi morto a tiro na sexta-feira, num atentado que está a ser atribuído a grupos criminosos ligados ao narcotráfico.

De acordo com o El País, Sandoval, que morava em Guadalajara (capital do estado), estava a passar férias na cidade turística de Puerto Vallarta desde 12 de Dezembro. Na noite de quinta-feira, deslocou-se a um restaurante na principal avenida da cidade, onde se encontrou com três pessoas, cuja identidade não foi revelada.

Já na madrugada de sexta-feira, quando se levantou da mesa para ir à casa de banho, foi baleado várias vezes nas costas, sem que os seus guarda-costas conseguissem chegar a tempo, revelou o procurador-geral do estado de Jalisco, Octavio Solis, acrescentando que o atirador terá contado com a ajuda de nove cúmplices, que esperaram à porta do restaurante.

Os atacantes ainda não foram identificados, e a tarefa das das autoridades tornou-se mais difícil após os funcionários do restaurante terem limpo a cena do crime e recusado entregar as imagens das câmaras de vídeo, lamentou Solis. 

Aristóteles Sandoval, de 46 anos, do Partido Revolucionário Institucional (PRI), foi governador de Jalisco entre 2013 a 2018 e era considerado uma figura política em ascensão, tendo-se demitido recentemente de um comité executivo do partido, denunciando o clientelismo e assumindo uma postura crítica, principalmente desde o fim do mandato de Enrique Peña Nieto e a vitória de Andrés Manuel López Obrador em 2018

Durante o seu mandato, Sandoval tentou enfrentar a onda de violência dos cartéis de droga, tendo lidado com a ascensão do cartel Jalisco Nova Geração, considerado um dos grupos criminosos mais violentos e poderosos do México.

“O cartel de Jalisco tem um domínio completo sobre Puerto Vallarta”, disse Eduardo Guerrero, analista de segurança da Lantia Consultores, a The New York Times. “Nenhum outro grupo teria o seu alcance para assassinar um ex-governador”, acrescentou o especialista, salientando a “grande audácia” de um grupo que “não se deixa intimidar”.

Enrique Alfaro, o actual governador de Jalisco, denunciou o “cobarde assassínio” de Sandoval, afirmando que o crime foi premeditado.

Por seu lado, o Presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, lamentou a morte de Aristóteles Sandoval e anunciou que a investigação ficará a cargo das autoridades estaduais, que contarão com o apoio da Guarda Nacional.

A morte Sandoval aconteceu horas antes de o Presidente mexicano fazer um ponto da situação quanto à violência no país em 2020, anunciando que, até Novembro, foram assassinadas mais de 31 mil pessoas – em 2019, foram mais de 34.500.

No próximo ano, realizam-se eleições regionais no México, e as autoridades temem que o assassínio de Aristóteles Sandoval leve a uma escalada de violência, uma vez que é recorrente que, durante a campanha eleitoral, os grupos criminosos tentem favorecer determinado candidato, muitas vezes assassinando os rivais.

“A mensagem é intimidante. O que vamos ver nos próximos meses são níveis sem precedentes de violência política eleitoral no México”, antecipa o analista Eduardo Guerrero.