Rio ironiza sobre resultados de sondagem, referindo morte de ucraniano, e acorda os críticos internos

Rui Rio está debaixo de fogo depois de ter escrito no Twitter: “Mais uma morte no aeroporto e a ‘coisa’ vai à maioria absoluta. Força nisso!”

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Rui Rio deixa PSD revoltado Rui Gaudencio

A oposição, no PSD, tem andado discreta desde as eleições internas de Janeiro. Mas na noite da última quinta-feira, um tweet de Rui Rio causou indignação entre sociais-democratas menos próximos do líder e acordou as hostes mais críticas. “Eu, cá por mim, não precisava de sondagens do Expresso para nada. É mais do que evidente que, face aos últimos acontecimentos políticos, o Governo e o PS só podiam estar a subir. Mais uma morte no aeroporto e a ‘coisa’ vai à maioria absoluta. Força nisso!”, escreveu Rio, usando da ironia para menorizar os resultados da sondagem.

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A oposição, no PSD, tem andado discreta desde as eleições internas de Janeiro. Mas na noite da última quinta-feira, um tweet de Rui Rio causou indignação entre sociais-democratas menos próximos do líder e acordou as hostes mais críticas. “Eu, cá por mim, não precisava de sondagens do Expresso para nada. É mais do que evidente que, face aos últimos acontecimentos políticos, o Governo e o PS só podiam estar a subir. Mais uma morte no aeroporto e a ‘coisa’ vai à maioria absoluta. Força nisso!”, escreveu Rio, usando da ironia para menorizar os resultados da sondagem.

“Portugal merece mais”, reagiu Hugo Soares, ex-líder parlamentar no Facebook. O antigo parlamentar Miguel Santos indignou-se com “a falta de sentido de Estado”. Rio “esteve mal”, concluiu a ex-deputada Inês Domingos. A praticamente um mês das presidenciais, o PSD mexeu-se.

A ironia de Rio em relação aos resultados da sondagem que dá o PSD a descer e a 14 pontos de distância do PS causou incómodo pela referência ao caso do cidadão ucraniano, Ihor Homenyuk, que foi espancado até à morte no aeroporto de Lisboa.

O ex-presidente da bancada parlamentar do PSD, Hugo Soares, terá sido um dos primeiros a insurgirem-se contra o comentário do presidente do seu partido. Recorrendo à sua conta pessoal no Facebook, o ex-dirigente social-democrata escreveu: “Portugal merece mais. Já não bastava a irresponsabilidade política do MAI [Ministério da Administração Interna] e do PM [primeiro-ministro] … agora a falta de sentido de Estado do presidente do meu partido.”

Ao PÚBLICO, o ex-parlamentar não escondeu o incómodo que sentiu, afirmando que “este tipo de postura desqualifica quem a utiliza e à política no seu todo. Em nada contribui para a credibilização da vida pública”.

Também Miguel Santos, ex-deputado do PSD, reagiu ao tweet de Rio. “Não, não, não, não, não pode ser, não, não, não é possível, não, não tem graça nenhuma, não. Não se fazem graçolas com a desgraça alheia, não, não e não”, escreveu o ex-vice da distrital do PSD-Porto e ex-líder da concelhia social-democrata de Valongo também no Facebook.

Os deputados Margarida Balseiro Lopes e Álvaro Almeida colocaram “gosto” nas publicações de Hugo Soares e de Miguel Santos, respectivamente.

Outra voz a demarcar-se da posição do presidente social-democrata foi a da ex-parlamentar Inês Domingos. “Não podemos condenar a incapacidade do ministro da Administração Interna e do primeiro-ministro de assumirem responsabilidades políticas e não condenar também este tweet. Sobretudo, porque denota uma gigantesca insensibilidade pelo sofrimento humano. Muita gente no PSD esteve muito bem neste caso, excepto o seu presidente”, afirma Inês Domingos.

O vereador na Câmara de Braga João Rodrigues não perdoou.“Se criticamos o Governo pela forma vergonhosa como lidou com este caso, não podemos querer este tipo de graçola e esta abordagem pela parte do presidente do maior partido da oposição”, lê-se na sua conta de Facebook. João Rodrigues, que foi mandatário da juventude da candidatura de Pedro Santana Lopes nas eleições directas do PSD contra Rui Rio, sublinha ainda que “não é nada disto” que os portugueses precisam. “E não nos peçam silêncio quando chegamos a este ponto.”

A sondagem realizada pelo ISCTE e ICS para o Expresso e para a SIC aponta para uma primeira queda do PSD depois dos acordos que o partido assinou à direita para governar os Açores, e revela o PS com quase 40% das intenções de voto. O que o inquérito diz é que se as eleições legislativas se realizassem hoje, nem a soma das intenções de voto de todos os partidos de direita chegaria para ultrapassar as intenções de voto no PS. Se ao PSD se juntar o Chega, CDS e Iniciativa Liberal, a direita reuniria 35% das intenções de voto, menos quatro pontos percentuais do PS, que, sozinho, atingiria 39% dos votos. com Sónia Sapage