O mais antigo e o mais recente presépio do Porto estão agora juntos
O mais antigo é do século XVIII e até tem um quarto rei mago. O mais recente é de 2020 e cumpre o distanciamento social entre as figuras. Os presépios podem ser visitados na Igreja de São José das Taipas do Porto, perto da Igreja dos Clérigos.
Consta que o presépio mais antigo da cidade do Porto é o que está na Igreja de São José das Taipas, que remonta ao século XVIII, entre 1780 e 1790, associado ao arquitecto Machado de Castro. Esta “jóia da cidade” está exposta no interior da igreja, situada perto dos Clérigos. Na fachada principal, no exterior, está também representado o mais recente presépio da cidade, concluído há um mês por um jovem com o nome artístico Kilos.
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Consta que o presépio mais antigo da cidade do Porto é o que está na Igreja de São José das Taipas, que remonta ao século XVIII, entre 1780 e 1790, associado ao arquitecto Machado de Castro. Esta “jóia da cidade” está exposta no interior da igreja, situada perto dos Clérigos. Na fachada principal, no exterior, está também representado o mais recente presépio da cidade, concluído há um mês por um jovem com o nome artístico Kilos.
O presépio mais antigo já fazia parte da igreja mas estava fechado ao público por questões de segurança e de conservação. Este ano, depois de várias décadas, sofreu um restauro “o mais próximo do original possível” e a irmandade da igreja quis que todos o pudessem ver, de forma a “dar um sinal de esperança nestes dias não andam fáceis”, diz João Pedro Cunha, curador da igreja. O objectivo “é tentar de alguma forma evangelizar, como antigamente era feito. Apelar a que a sociedade, que está em baixo com o distanciamento social e estas medidas, possa ver que o Menino Jesus vai nascer e que será um Natal possível, mas será na mesma Natal”, acrescenta.
O presépio do século XVIII, de estilo barroco, situado próximo do altar principal, está colocado numa “maquineta própria” e representa “o passado da cidade do Porto”. Além disso, tem “uma particularidade” - de entre mais de 70 peças, há um quarto rei mago. Os três reis magos representam os continentes Europeu, Asiático e Africano. A inclusão de mais um rei mago por Machado de Castro acontece “porque se chegou à conclusão de que o continente Americano era povoado há 2000 anos”.
Neste presépio está também “a Muralha Fernandina, uma parte da fachada da Ribeira, das casas aglomeradas, e a família portuense do século XVIII reunida à mesa com a cabaça de vinho tinto a simbolizar que a Consoada começa pela família”.
O presépio mais recente é um graffiti num painel de seis metros e é uma “interpretação” da forma como o jovem que o criou “vê o presépio”, mas também “como a sociedade está a ver a igreja”. Há um Menino Jesus “quase isolado no meio, com aquela áurea” e há também “um conjunto de pessoas à volta que, pelo abstracto, não conseguimos perceber se estão curiosas, tristes ou sorridentes”. O intuito é que se perceba que “as pessoas estão lá, mas precisam que o Menino Jesus toque no coração”. A obra foi inspirada na mensagem da Carta Apostólica do Papa Francisco, em 2019, sobre o significado do presépio.
A visita é gratuita. O presépio mais recente pode ser visto a qualquer dia e hora na fachada principal no exterior do edifício. O mais antigo, como está no interior, pode ser visitado em dias úteis entre as 10h30 e as 11h30 e das 15h30 às 17h30, até 6 de Janeiro. Excepcionalmente, aos fins-de-semana pode passar pelo local da parte da manhã e estará alguém para o receber.
“As pessoas que passam por cá ficam curiosas de ver algo tão grandioso no exterior e querem saber o que está no interior e, por isso, entram”, relata o curador. “Os presépios merecem ser visitados e revisitados de forma a lembrar o sentimento de pertença da sociedade. As pessoas do Porto podem contemplar algo que é deles”, conclui.
Texto editado por Ana Fernandes