Tribunal britânico recusa indemnização a Paulo Branco sobre filme de Terry Gilliam
O filme O Homem Que Matou D. Quixote continua no centro de uma disputa jurídica entre o produtor português e o realizador americano membro do grupo Monty Python.
O produtor português Paulo Branco viu indeferido um pedido de indemnização de cerca de um milhão de euros por um tribunal britânico a propósito do filme O Homem Que Matou D. Quixote, de Terry Gilliam.
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O produtor português Paulo Branco viu indeferido um pedido de indemnização de cerca de um milhão de euros por um tribunal britânico a propósito do filme O Homem Que Matou D. Quixote, de Terry Gilliam.
O Tribunal Superior de Londres recusou o pedido apresentado por Paulo Branco e pela produtora francesa Alfama Films, fundada e dirigida pelo português, à produtora britânica Recorded Picture Company por violação de um contrato de opção para produzir o filme. A Recorded Picture Company tinha atribuído inicialmente a opção de produzir o filme à Alfama em 31 de Narço de 2016, mas Branco e Gilliam entraram em conflito e a produtora britânica fez um novo contrato com a espanhola Tornasol, que resultou na conclusão do filme.
A Alfama argumentou que o contrato que tinha assinado foi violado e reivindicou compensação financeira dos custos de pré-produção e os honorários do produtor. Porém, o tribunal, na decisão datada desta quinta-feira, indeferiu o pedido por entender que a Alfama Films e Paulo Branco “nunca tiveram uma probabilidade substancial, nada para além de uma probabilidade especulativa, de fazer o filme”.
O juiz Richard Hacon não questiona a vontade de Paulo Branco querer fazer o filme, mas diz que a falta de confiança e a deterioração no relacionamento tornaram a colaboração difícil e que não existiam perspectivas de o português conseguir financiamento suficiente. “Penso que, mesmo que Gilliam acreditasse que Branco tinha o financiamento, a probabilidade de estar disposto a continuar a trabalhar com ele era muito pequena. Mesmo que o desespero o tivesse levado a tentar [...], teria percebido que Branco nunca angariaria dinheiro suficiente para fazer o filme”, justificou o juiz britânico.
Há dois anos que se prolonga uma disputa legal pelos direitos do filme entre Paulo Branco, Terry Gilliam e os produtores que avançaram com a longa-metragem, entre os quais a Ukbar Filmes, de Pandora da Cunha Telles. Depois de, em 2017, ter considerado que o contrato era válido, o Tribunal de Grande Instância de Paris declarou em 2019 que Paulo Branco não detém direitos no filme.
Em Portugal, em Junho de 2018, o Tribunal de Propriedade Intelectual também negou ao produtor os direitos sobre o filme.
O Homem Que Matou D. Quixote teve a estreia mundial em 2018, no Festival de Cinema de Cannes, percorreu outros festivais e esteve em exibição em vários países. A longa-metragem é protagonizada por Jonathan Pryce e Adam Driver, um projecto antigo de Terry Gilliam, autor de filmes como Time Bandits, Brazil e 12 Macacos, além de ter sido membro do grupo de humoristas Monty Python.