Academia de Hollywood recusa Listen, o candidato português aos Óscares
O filme de Ana Rocha de Sousa foi considerado não elegível, dado não cumprir o critério que exige que pelo menos 50% do filme candidato seja falado em língua não-inglesa. Os membros da Academia Portuguesa votam neste momento o seu substituto, que será Mosquito, de João Nuno Pinto, Patrick, de Gonçalo Waddington, ou Vitalina Varela, de Pedro Costa
Listen, o filme de Ana Rocha de Sousa seleccionado pela Academia Portuguesa de Cinema como concorrente português aos Óscares 2021, na secção Melhor Filme Internacional, viu a sua candidatura considerada não elegível pela Academia de Hollywood. Em causa, o não cumprimento do requisito que exige que “pelo menos 50% do filme candidato seja falado em língua não-inglesa”, refere o comunicado enviado à imprensa pela Academia Portuguesa de Cinema.
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Listen, o filme de Ana Rocha de Sousa seleccionado pela Academia Portuguesa de Cinema como concorrente português aos Óscares 2021, na secção Melhor Filme Internacional, viu a sua candidatura considerada não elegível pela Academia de Hollywood. Em causa, o não cumprimento do requisito que exige que “pelo menos 50% do filme candidato seja falado em língua não-inglesa”, refere o comunicado enviado à imprensa pela Academia Portuguesa de Cinema.
Inspirado numa história real, Listen, narra a história de uma família portuguesa emigrada em Londres a quem é retirada a guarda dos filhos por suspeitas de maus-tratos – o filme é, portanto, falado em inglês e em português. Vencedor de seis prémios no último Festival de Veneza, incluindo o Leão do Futuro, para uma primeira obra (trata-se da estreia na realização em longa-metragem de Ana Rocha de Sousa), Listen tornou-se após a estreia nacional, em Outubro, o filme português mais visto do ano.
Quando do anúncio da escolha como representante português nos Óscares, o presidente da Academia Portuguesa de Cinema, Paulo Trancoso, já assinalara que a escolha poderia conduzir a este desfecho. “Esperemos que não haja entraves, só um comité específico fará a análise dos filmes. Mas não poderíamos coarctar o filme a ser candidato”, disse à agência em Novembro, acrescentando, em defesa da elegibilidade, que “o filme tem língua inglesa, tem língua portuguesa, tem língua gestual, o contexto da linguagem está adequado, é uma história facilmente identificável que é sobre uma comunidade portuguesa”.
No comunicado agora emitido, Paulo Trancoso explica que a Academy of Motion Pictures Arts and Sciences (AMPAS) foi contactada “na fase consideração de todos os filmes nacionais potencialmente elegíveis”, de forma a aferir da possibilidade de incluir Listen como um dos candidatos à selecção para os Óscares. Como resposta, a instituição americana informou que a deliberação sobre a elegibilidade só poderia ser feita “após o encerramento do prazo regular de submissões, existindo sempre a possibilidade de submeter um novo candidato caso o primeiro fosse rejeitado”. Consciente que a aceitação da candidatura “dependeria da flexibilidade do comité internacional da AMPAS”, a Academia Portuguesa estava, ainda assim, confiante “de que o contexto particular desta candidatura justificaria a sua aceitação”, refere Paulo Trancoso.
Perante a recusa, os três filmes pré-seleccionados anteriormente (Mosquito, de João Nuno Pinto, Patrick, de Gonçalo Waddington, e Vitalina Varela, de Pedro Costa) serão submetidos a uma votação relâmpago por parte dos membros da Academia Portuguesa de Cinema. A votação teve início às 0h desta sexta-feira e encerrará às 23h59 de domingo.