Covid-19: Revista Science elege desenvolvimento das vacinas como avanço de 2020

“Nunca antes tantos concorrentes colaboraram de forma tão aberta e frequente”, escreve a revista, acrescentando que se juntaram “músculo e inteligência na mesma doença infecciosa em tão curto prazo”.

Foto
DR

A revista científica Science elegeu como avanço de 2020 o “desenvolvimento rápido de vacinas eficazes” contra a covid-19, uma doença respiratória provocada por um novo coronavírus e que se tornou pandémica.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

A revista científica Science elegeu como avanço de 2020 o “desenvolvimento rápido de vacinas eficazes” contra a covid-19, uma doença respiratória provocada por um novo coronavírus e que se tornou pandémica.

“Nunca antes tantos concorrentes colaboraram de forma tão aberta e frequente, nunca antes tantos candidatos avançaram para testes de eficácia em grande escala, nunca antes governos, indústria, academia e organizações sem fins lucrativos gastaram tanto dinheiro, músculo e inteligência na mesma doença infecciosa em tão curto prazo”, escreve o colaborador da revista Jon Cohen, citado numa nota da Associação Americana para o Avanço da Ciência, que edita a publicação.

A revista realça, num artigo que acompanha a escolha do avanço científico de 2020, que a “velocidade sem precedentes” com que vacinas eficazes para a covid-19 foram desenvolvidas “levou a acidentes e, de muitas maneiras, revelou fissuras alarmantes entre cientistas e decisores políticos”.

A candidata russa Sputnik V, apresentada ao mundo com uma eficácia de 95%, foi aprovada no Verão pelas autoridades do país, antes de arrancarem os devidos testes finais com milhares de voluntários, gerando desconfiança na comunidade científica.

Alguns laboratórios suspenderam temporariamente os seus ensaios clínicos devido a incidentes com participantes.

A covid-19 é uma doença respiratória causada por um novo coronavírus detectado no final de Dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China, e que rapidamente se disseminou pelo mundo. A 11 de Março, a Organização Mundial da Saúde declarou a covid-19 como uma pandemia. Desde 30 de Janeiro, a doença é uma emergência de saúde pública internacional.

Em menos de um ano, várias vacinas experimentais contra a covid-19 - chinesas, europeias, russa e norte-americana - foram autorizadas e administradas na China, na Rússia, no Reino Unido, nos Estados Unidos e no Canadá.

Portugal espera iniciar a sua campanha de vacinação no início de Janeiro, ou mesmo uns dias antes.

Esta semana, numa conferência co-organizada pelo Jornal de Notícias, o virologista Pedro Simas, do Instituto de Medicina Molecular da Universidade de Lisboa, assinalou que o desenvolvimento de uma vacina contra a covid-19 em tempo recorde resultou do avanço tecnológico, do conhecimento científico de décadas sobre coronavírus e da concentração de esforços entre a indústria e a ciência “para cortar todas as burocracias”. “Na ciência não há milagres”, frisou.

Em condições normais, a produção de uma vacina pode demorar, em média, dez anos devido ao crivo de sucessivos testes de segurança e eficácia.

Na edição desta semana, a Science fornece ainda uma cronologia dos marcos da investigação da covid-19 e homenageia 11 cientistas que morreram infectados com o coronavírus SARS-CoV-2. Em Portugal, na comunidade científica, a covid-19 vitimou a imunologista Maria de Sousa, que morreu em 14 de Abril, aos 80 anos.

A pandemia da covid-19 provocou pelo menos mais de 1,6 milhões de mortos resultantes de mais de 73,4 milhões de casos de infecção em todo o mundo. Em Portugal, morreram mais de 5800 pessoas dos mais 350 mil casos de infecção confirmados, de acordo com a Direcção-Geral da Saúde.

Os Estados Unidos são o país do mundo mais afectado pela pandemia (mais de 303 mil mortos em mais de 16,7 milhões de infectados) e o Reino Unido o segundo país europeu (mais de 64 mil mortos em mais de 1,8 milhões de infectados).