Covid-19: vacinação em Portugal pode começar já em 2020

Portugal está preparado para antecipar a campanha de vacinação contra a covid-19, numa altura em que se prevê que a Agência Europeia do Medicamento possa aprovar a primeira vacina para o vírus pandémico eventualmente a 21 de Dezembro.

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Reuters

Numa altura em que se prevê que a Agência Europeia do Medicamento possa aprovar a primeira vacina para o vírus pandémico ainda antes do Natal, eventualmente a 21 de Dezembro, Portugal está preparado para antecipar a campanha de vacinação da população.

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Numa altura em que se prevê que a Agência Europeia do Medicamento possa aprovar a primeira vacina para o vírus pandémico ainda antes do Natal, eventualmente a 21 de Dezembro, Portugal está preparado para antecipar a campanha de vacinação da população.

“É muito bom que tenhamos uma antecipação que não traga maior risco em termos de segurança (…). Se isso de facto acontecer, teremos uma antecipação de oito dias em relação àquilo que é a vacinação e todo o esforço deve ser feito para que todas as questões logísticas sejam antecipadas por oito dias e certamente que os meus colegas terão isso em conta”, garantiu esta terça-feira o subdirector da Direcção-Geral da Saúde (DGS), Rui Portugal, na habitual conferência de imprensa deste organismo.

Rui Portugal lembrou, todavia, que as vacinas não serão um substituto “numa primeira nem numa segunda fase” das medidas de controlo não farmacológicas, nomeadamente na quadra natalícia. “Vamos ter que continuar, durante um determinado tempo que pode ser mais ou menos longo, a ter atitudes correctas relativamente às protecções individuais e colectivas”. Acresce que as vacinas não têm eficácia “de 100%”. “Não sabemos se uma pessoa vacinada é uma pessoa protegida por muito tempo relativamente à doença, nem podemos garantir que estas vacinas, tal como as conhecemos agora, e que podem imunizar relativamente à doença, tenham o mesmo efeito relativamente à transmissibilidade dessa mesma doença”, lembrou ainda Rui Portugal, para concluir: “Logo, a pessoa terá de continuar a proteger-se.”

Garantindo que “a intenção da recusa vacinal” em Portugal “é baixa ou muito baixa”, o responsável da DGS remeteu para a "task force” da vacinação, liderada por Francisco Ramos, as questões sobre se os profissionais de saúde serão ou não reposicionados nas suas funções caso optem por não ser vacinados contra o novo coronavírus. Explicou, ainda assim, embora sem pormenorizar, que as pessoas de risco que não estejam inscritas nos centros de saúde serão igualmente convocadas para a administração das vacinas. Por esclarecer ficou também a dúvida sobre se quem já foi infectado será ou não vacinado. 

Ao PÚBLICO, o coordenador do plano de vacinação contra a covid-19 remeteu explicações para a próxima quinta-feira, altura em que deverão ser revelados mais detalhes sobre a preparação para o início da vacinação.

Na passada sexta-feira, o primeiro-ministro português, António Costa, sugeriu que 4 e 5 de Janeiro seriam “excelentes dias para começar” a vacinar contra a covid-19, depois de questionado sobre quando irá arrancar o plano de vacinação. Caso haja efectivamente uma antecipação de oito dias, isto significaria que o início da vacinação em Portugal poderá arrancar ainda antes do final de 2020.

Crianças, grávidas e pessoas já infectadas devem ficar de fora

Questionado sobre se o plano estará pronto mesmo que haja uma antecipação de oito dias, o epidemiologista Manuel Carmo Gomes, um dos peritos ouvidos pelo Governo, respondeu ao PÚBLICO que, no que diz respeito à definição de prioridades de vacinação, a Comissão Técnica de Vacinação (CTV)-Covid “já deu as recomendações que lhe foram pedidas”. “Também já foi indicado quem não deve ser vacinado enquanto não se dispuser de mais informação sobre eficácia e segurança, nuns casos, ou de maior disponibilidade de vacinas noutros casos”, acrescentou.

Sobre as pessoas que devem permanecer de fora das listas de vacinação, o epidemiologista esclareceu que “de momento não existe informação suficiente para vacinar crianças e grávidas”. “Esta informação pode contudo alterar-se, uma vez que estão planeados ensaios clínicos com menores de 16 anos para breve. Também começa a chegar mais informação sobre grávidas, uma vez que os ensaios das empresas incluíram senhoras grávidas (que desconheciam estar grávidas)”, notou.

Manuel Carmo Gomes destacou ainda que nos ensaios da vacina contra a covid-19 desenvolvida pela farmacêutica Pfizer foram incluídas duas dezenas de grávidas que “parecem ter respondido bem à vacinação”, aguardando-se contudo informação sobre os recém-nascidos.

No que diz respeito “a quem pode ser vacinado mas, apesar de estar nos grupos prioritários, não deve ser considerado prioritário” incluem-se as pessoas com “história confirmada de infecção pelo SARS-CoV-2 (independentemente dos sintomas)”. “Estas pessoas adquiriram imunidade protectora contra pelo menos doença moderada ou grave. Desconhece-se ainda a duração desta protecção, mas na fase inicial de vacinação em que existe escassez de vacinas, não são consideradas prioritárias”, sublinhou.