Arménia e Azerbaijão começam a trocar prisioneiros de guerra
Conflito no enclave de Nagorno-Karabakh causou a morte de pelo menos 5600 pessoas. Baku e Erevan acusam-se mutuamente de violações do cessar-fogo e de crimes de guerra, tendo dois soldados azerbaijanos sido acusados de mutilarem corpos de soldados arménios.
A Arménia e o Azerbaijão começaram a trocar prisioneiros de guerra na sequência do acordo de cessar-fogo no território de Nagorno-Karabakh acordado entre os dois países em Novembro.
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A Arménia e o Azerbaijão começaram a trocar prisioneiros de guerra na sequência do acordo de cessar-fogo no território de Nagorno-Karabakh acordado entre os dois países em Novembro.
O processo, mediado pela Rússia, começou na segunda-feira, e desde então já aterraram na Arménia 44 prisioneiros arménios que estavam sob custódia do Azerbaijão. Em sentido inverso, 12 prisioneiros azerbaijanos regressaram a Baku, anunciou o Ministério da Defesa russo em comunicado citado pela Reuters.
Nos próximos dias é expectável que a troca de prisioneiros de guerra entre os dois países continue, sob mediação das forças de manutenção da paz russa que foram enviados para o enclave, na sequência do acordo assinado entre Erevan e Baku a 10 de Novembro.
A trégua estabelecida entre os dois países pôs fim a seis semanas de violentos confrontos no enclave de Nagorno-Karabakh, que causaram a morte de pelo menos 5600 pessoas nos dois lados do conflito, incluindo 143 civis.
O acordo patrocinado pela Rússia prevê que as forças arménias se retirem de praticamente todo o enclave que é reconhecido internacionalmente como parte integrante do Azerbaijão, apesar de a maioria dos seus habitantes serem arménios e o enclave ser controlado por separatistas daquele país.
À luz do acordo de paz, que levou centenas de arménios a abandonarem o território a queimarem ou demolirem as suas casas, os soldados azerbaijanos ficaram com o controlo do Corredor Lachin, que faz a ligação entre Nagorno-Karabakh à Arménia.
Visto como uma pesada derrota para as pretensões de Erevan na região, milhares de arménios têm saído às ruas nas últimas semanas, exigindo a demissão do primeiro-ministro Nikol Pashinyan — na segunda-feira, milhares de pessoas protestaram nas ruas de Erevan e ouviram-se gritos de “vai-te embora, Nikol”.
Por outro lado, para o Azerbaijão o acordo paz constitui uma vitória, que foi celebrada na semana passada, numa parada militar que contou com a presença do Presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, principal aliado do Presidente azerbaijano, Ilham Aliyev.
Apesar do acordo de paz alcançado, os dois lados do conflito acusam-se mutuamente de violações do cessar-fogo, com Bacu a denunciar que quatro dos seus soldados morreram no passado fim-de-semana.
Várias organizações de defesa dos direitos humanos, nomeadamente a Amnistia Internacional e a Human Rights Watch, têm denunciado actos de enorme violência em Nagorno-Karabakh, e pedem aos governos arménio e azerbaijano para abrirem investigações.
Esta terça-feira, o The Guardian chama a atenção para a proliferação de vídeos partilhados nas redes sociais, em que surgem homens com fardas militares, ao que tudo indica soldados do Azerbaijão, a assassinarem arménios. Num dos vídeos, dois civis, que se recusaram a abandonar as suas casas no enclave, foram decapitados.
Sobre este caso, as autoridades azerbaijanas ainda não se pronunciaram, no entanto, a procuradoria-geral do país anunciou que dois soldados vão ser acusados depois de terem publicado um vídeo nas redes sociais em que se vêem corpos de soldados arménios a serem mutilados e túmulos a serem profanados.
Arménia e Azerbaijão têm-se acusado mutuamente de crimes de guerra desde o início dos conflitos em Nagorno-Karabakh no final de Setembro, considerado o maior confronto entre os dois países desde a guerra que travaram entre 1991 e 1994, que causou a morte de pelo menos 30 mil pessoas.