Museus, espectáculos ao vivo e cinema lideraram procura cultural em Portugal em 2019

Dados do Instituto Nacional de Estatística mostram que os estrangeiros representaram mais de metade dos 19,8 milhões de visitantes que procuraram estes museus. Sector dos espectáculos ao vivo aumentou as receitas em 15%.

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Os museus portugueses receberam 19,8 milhões de visitantes. Na fotografia, MNAA Rui Gaudêncio

Em 2019, os museus portugueses receberam 19,8 milhões de visitantes, número que significa um aumento de 1,5% (mais 283,6 mil visitantes) relativamente ao ano anterior. Mas, segundo os dados divulgados esta terça-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), os visitantes estrangeiros representaram mais de metade (10,3 milhões, equivalentes a 52,3%) daquele número.

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Em 2019, os museus portugueses receberam 19,8 milhões de visitantes, número que significa um aumento de 1,5% (mais 283,6 mil visitantes) relativamente ao ano anterior. Mas, segundo os dados divulgados esta terça-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), os visitantes estrangeiros representaram mais de metade (10,3 milhões, equivalentes a 52,3%) daquele número.

A seguir aos museus, foram os espectáculos ao vivo que mobilizaram o maior número de espectadores, 16,9 milhões (mais 0,3% do que em 2018), que renderam nas bilheteiras 125,3 milhões de euros (mais 15% do que no ano anterior).

Em terceiro lugar vem o cinema, com 15,5 milhões de espectadores e receitas de bilheteira de 83,2 milhões de euros, correspondendo, respectivamente, a aumentos de 5,2% e 5,7%.

Os dados do INE contabilizam, por outro lado — e confirmando aquilo que é a noção empírica que existe sobre este sector —, uma descida no consumo de jornais, revistas e outras publicações periódicas de 13,1% na circulação total (menos 11,5% de exemplares vendidos e menos 17,6% de exemplares oferecidos).

O Instituto estima também que o sector da Cultura empregou no ano passado 132,2 mil pessoas, número que significa 2,7% do total da economia do país. Mas sinaliza igualmente a permanência do défice da balança comercial, com as importações a superarem as exportações em 228,9 milhões de euros, diferença que, no entanto, foi inferior em 20,6 milhões à de 2018.

Um último dado do resumo dos quadros do INE contabiliza em 519 milhões de euros as despesas das autarquias com actividades culturais e criativas, significando um aumento de 10,5% (mais 49,2 milhões de euros) do que no ano anterior.

Palácio da Pena mais visitado

No capítulo relativo aos museus e às artes plásticas, o INE nota que “os cinco museus mais visitados em 2019 foram o Palácio Nacional da Pena, Museu de Arte Contemporânea de Serralves, Museu Colecção Berardo, Museu Tesouro da Sé do Porto e o Palácio Nacional de Sintra, que em conjunto receberam 5,3 milhões de visitantes, dos quais 71,5% foram visitantes estrangeiros”.

Esta é a única discriminação que o Instituto faz relativamente aos museus, numa lista de 436 considerados para fins estatísticos, e em que os mais procurados foram os de arte (30,4%), seguidos dos de história (27%) e de museus especializados (11,1%).

No detalhe de cada um dos sub-sectores da Cultura, no dos espectáculos ao vivo são contabilizadas 37.049 sessões, tendo as receitas de 125,3 milhões de euros resultado de apenas 6 milhões dos 16,9 milhões de espectadores, o que significa um preço médio por bilhete de 20,80 euros (em 2018, tinha sido de 19,70 euros). Em 2019, houve mais espectáculos (1,2%), mais bilhetes vendidos (8,9%), mais espectadores (0,3%) e mais receitas (15%). E se a arte mais em cena foi o teatro (36,5% das sessões, com 2,2 milhões de assistentes), coube à música mobilizar mais público (9 milhões) e as maiores receitas: 98,5 milhões de euros, com o preço médio de bilhete de 29,1 euros. E aqui, sem surpresa, os concertos de pop-rock foram os mais procurados (4,8 milhões de espectadores; 28,3% do total), com receitas no valor de 74,6 milhões de euros (+30,3%), que significaram 59,9% do rendimento dos espectáculos ao vivo.

Mais cinema americano

Os números relativos ao cinema decorrem da análise das 185 salas que anualmente reportam os seus dados ao Instituto Português do Cinema e do Audiovisual (ICA), equivalentes a 583 ecrãs e 112.156 lugares.

Os 15,5 milhões de espectadores viram 1.347 filmes (391, em estreia). Foram mais 764 mil assistentes do que em 2018, que renderam nas bilheteiras também mais 4,5 milhões de euros (5,7%), tendo o preço de cada bilhete pago subido de 5,3o para 5,40 euros.

Repetindo também uma diferença já habitual, a produção norte-americana significou 17,2% dos filmes exibidos, contra 12,5% do cinema europeu. Só que a primeira significou 47,1% das sessões, 53,5% dos espectadores e 54,2% das receitas; em contrapartida, as produções europeias mobilizaram apenas 9,5% do público e geraram 9% das receitas.

Já o cinema português, se conseguiu exibir mais filmes — 239 títulos (número que inclui certamente longas e as curtas-metragens), equivalentes a 17,7% do total —, quando comparado com a produção americana, teve de contentar-se com apenas 4,3% dos espectadores (672,6 mil) e 4,1% das bilheteiras (3,4 milhões de euros). Em termos absolutos, o filme mais visto foi O Rei Leão, de Jon Favreau, com 1,3 milhões de espectadores; tendo Variações, de João Maia, sido a produção portuguesa que mobilizou mais público (278,8 mil entradas).

No sector das galerias de arte e outros espaços de exposições temporárias, o INE contabilizou 6959 mostras em que 56.424 artistas expuseram 273.045 peças. Também sem surpresa, a pintura concentrou as maiores atenções: 17,5% das obras expostas em 54,7% das mostras realizadas.

Na área das publicações periódicas (jornais, revistas, boletins e anuários), o INE contabilizou 963 títulos correspondentes a 19.323 edições para um número de circulação total de 201,7 milhões de exemplares, dos quais foram vendidos 151,6 milhões.

Na relação com o ano de 2018, venderam-se menos 11,4% de publicações e menos 8,8% de edições. Dado também relevante é o de que 53,7% das publicações periódicas tiveram como suporte o papel, tendo as restantes 46,3% sido também difundidas em suporte electrónico — uma evolução que vem crescendo desde 2007, quando representava apenas 19,4%.

No capítulo relativo ao emprego cultural, o INE especifica que, do total dos 132,2 mil empregados, 56,7% eram homens e 64,6% tinham mais de 35 anos, num quadro caracterizado por uma população mais escolarizada (2/3 com ensino superior) do que o geral no país. É também referida a existência de 65.175 empresas no sector cultural e criativo (+3,9% do que em 2018; mais de metade delas, 50,7%, ligadas às artes do espectáculo), que, no conjunto, foram responsáveis por 6,9 mil milhões de euros de volume de negócios (+6,1%) e 1,1 milhões de euros de remunerações (+6,7%).

Os números agora divulgados ganharão um significado mais relevante no final do próximo ano, quando o INE puder medir o verdadeiro impacto da pandemia da covid-19 no sector cultural, que reconhecidamente tem sido dos mais afectados no país.