Centenas de ventiladores comprados pelo Estado ainda não chegaram aos hospitais

Apenas foram distribuídos 797 ventiladores pelos hospitais, apesar de o Governo ter comprado cerca de 1200 destes aparelhos.

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Rui Oliveira

Há ventiladores comprados pelo Estado que ainda não chegaram aos hospitais. Em causa está a incapacidade do mercado em responder às encomendas feitas, que tiveram como objectivo aumentar a capacidade de resposta dos cuidados intensivos, fazendo com que o equipamento não chegasse a Portugal. Há ainda 253 ventiladores que já estão no país, mas que ainda não podem ser usados, por falta de uma peça.

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Há ventiladores comprados pelo Estado que ainda não chegaram aos hospitais. Em causa está a incapacidade do mercado em responder às encomendas feitas, que tiveram como objectivo aumentar a capacidade de resposta dos cuidados intensivos, fazendo com que o equipamento não chegasse a Portugal. Há ainda 253 ventiladores que já estão no país, mas que ainda não podem ser usados, por falta de uma peça.

De acordo com a TSF, o segundo e último relatório do primeiro estado de emergência desta segunda vaga refere que desde o início da pandemia apenas foram distribuídos 797 ventiladores pelos hospitais. Isto, apesar de o Governo ter dito, mais do que uma vez, ter comprado cerca de 1200 destes aparelhos.

Em esclarecimentos prestados à rádio, o Ministério da Saúde afirmou que “nem todos” os contratos relacionados com ventiladores presentes no relatório do Tribunal de Contas – uma auditoria aos contratos dava conta de 12 compras em Março e Abril num total de 1211 ventiladores – “foram executados, devido a constrangimentos resultantes da forte procura por este equipamento, o que provocou escassez nos mercados”, levando a que fosse impossível entregar os aparelhos os adquiridos “por parte de alguns fornecedores”, determinando-se o cancelamento dos contratos.

No início do mês passado, quando esteve no Parlamento, a ministra da Saúde revelou que há 253 ventiladores que já estão no país, mas que não estão a ser usados. Aquando da discussão do Orçamento do Estado para o próximo ano, Marta Temido explicou que esses aparelhos estavam a ser testados pelos Serviços de Utilização Comum dos Hospitais (SUCH). A sua não-utilização prendia-se com a falta de uma peça, “que não veio de origem e que está a escassear no mercado internacional”.

Em resposta à TSF, o ministério diz que a dificuldade de aquisição mantém-se, explicando que a peça em causa é “uma espécie de tomada/adaptador” para ligar à rede de oxigénio, sendo adquirido separadamente. Os ventiladores estão a ser distribuídos “à medida que as peças vão sendo fornecidas e de acordo com as necessidades reportadas pelos hospitais”, disse ainda o ministério.