EUA adoptam mapa de Marrocos que inclui o Sara Ocidental
Decisão americana de reconhecer a soberania marroquina sobre o território disputado surge no âmbito do acordo de normalização de relações entre Marrocos e Israel, negociado pelos EUA.
Dois dias depois de Donald Trump ter anunciado que aceitou reconhecer a soberania de Marrocos sobre o Sara Ocidental, os Estados Unidos adoptaram um “novo mapa oficial” do país do Norte de África que inclui a região considerada pelas Nações Unidas como “um território não autónomo pendente de descolonização”.
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Dois dias depois de Donald Trump ter anunciado que aceitou reconhecer a soberania de Marrocos sobre o Sara Ocidental, os Estados Unidos adoptaram um “novo mapa oficial” do país do Norte de África que inclui a região considerada pelas Nações Unidas como “um território não autónomo pendente de descolonização”.
“Este mapa é uma representação tangível da corajosa proclamação do Presidente Trump”, afirmou o embaixador dos Estados Unidos em Rabat, David Fischer. O diplomata assinou o “novo mapa oficial do reino de Marrocos” numa cerimónia na embaixada – o mapa será agora oferecido ao rei Mohamed VI.
Ocupada por Marrocos desde 1975, a antiga colónia espanhola ainda espera pelo referendo sobre a autodeterminação decidido pela ONU, mas nunca realizado, com a monarquia marroquina a opôr-se sempre às condições para a consulta.
Nenhum outro país reconhece a soberania marroquina sobre o Sara Ocidental, onde vivem cerca de 500 mil pessoas, e as Nações Unidas consideram o movimento independentista Frente Polisário como como representante legítimo do povo sarauí.
“Trump não deveria ter abandonado trinta anos de política dos EUA no Sara Ocidental só para conseguir uma rápida vitória de política externa”, lamentou o ex-conselheiro para a Segurança Nacional americano John Bolton.
O senador Jim Inhofe, presidente da Comissão das Forças Armadas no Senado e aliado próximo de Trump, afirmou-se “chocado e profundamente decepcionado” ao ver “os direitos do povo do Sara Ocidental vendidos assim”. Para Inhofe, “o Presidente foi mal aconselhado; podia ter conseguido este acordo sem vender os direitos de pessoas sem voz”.
Logo depois do anúncio de Trump, confirmado por marroquinos e israelitas, a agência Reuters noticiou que a sua Administração já avisou o Congresso que vai avançar com uma venda de armas no valor de mil milhões de dólares a Marrocos. O reino tornou-se o quarto país árabe a estabelecer relações oficias com Israel nos últimos meses, depois dos Emirados Árabes Unidos, Bahrein e Sudão.