Directores notam “pouca adesão” à greve convocada pela Fenprof

Sindicato diz que terão sido cerca de 200 as escolas fechadas um pouco por todo o país.

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A greve desta sexta-feira foi convocada pela Fenprof para “quebrar o bloqueio ministerial” LUSA/NUNO FOX (arquivo)

A greve convocada pela Federação Nacional de Professores (Fenprof) nesta sexta-feira teve um impacto reduzido nas escolas. Os directores notaram “pouca adesão” ao protesto, sobretudo devido ao momento em que ele acontece: no final de um período lectivo conturbado por causa da pandemia.

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A greve convocada pela Federação Nacional de Professores (Fenprof) nesta sexta-feira teve um impacto reduzido nas escolas. Os directores notaram “pouca adesão” ao protesto, sobretudo devido ao momento em que ele acontece: no final de um período lectivo conturbado por causa da pandemia.

A greve teve “muito pouca adesão”, avalia Manuel Pereira, da Associação Nacional de Directores Escolares (ANDE). No agrupamento que dirige, em Cinfães, faltaram três dos 140 professores. Ainda sem ter acesso a números claros sobre os reflexos do protesto, Filinto Lima, que dirige a outra associação de directores de escolas públicas, a Andaep, confirma que a percepção é a que a greve convocada pela Fenprof “não tem grande impacto”, nas escolas.

A Fenprof estima que terão estado encerrados cerca de 200 estabelecimentos de ensino em todo o país. A plataforma de recolha de informação da federação sindical contabiliza escolas fechadas nos distritos de Castelo Branco, Leiria, Viseu, Évora, Coimbra, Santarém, Aveiro, Guarda, Braga, Lisboa, Faro, Porto e Portalegre. O impacto foi sentido sobretudo nas escolas do 1.º ciclo e no pré-escolar.

Num balanço feito na tarde desta sexta-feira, o secretário-geral da Fenprof, Mário Nogueira, garantiu terem sido “milhares” os professores em greve. Aquela estrutura sindical não tem ainda números finais, reconhecendo ter tido dificuldade na recolha de dados durante o dia.

De acordo com Manuel Pereira, os docentes consideram que as razões da greve desta sexta-feira “são justas”, mas o momento escolhido para o protesto não é o indicado. “Os professores estão preocupados em defender os interesses dos alunos, que já estão muito prejudicados no actual contexto”, afirma.

Depois de seis meses sem aulas presenciais, as escolas têm enfrentado um 1.º período conturbado por causa dos efeitos da covid-19, com os efeitos das ausências forçadas de professores e alunos, infectados ou em isolamento profiláctico.  “Num tempo diferente, estou convencido de que fariam greve”, acrescenta o mesmo responsável.

Manuela Mendonça, coordenadora do Sindicato de Professores do Norte (SPN), admitiu, em declarações à agência Lusa, que o momento, quer devido à pandemia da covid-19, quer por estar próximo do final do período e da aviação dos alunos, “é muito complexo” e contou saber que “alguns colegas que por força dos feriados e das pontes ficaram com muitos poucos dias lectivos e não vão fazer a greve embora se revejam nos motivos” e frisou o porquê da paralisação.

Mário Nogueira, que falou com os jornalistas frente da Escola Secundária Avelar Brotero, em Coimbra, ao início da manhã também antecipava que esta não seria “a mãe de todas as greves”, mas uma forma de luta “indispensável para se poder colocar na sociedade o problema que se está a viver na educação”.

“Esperamos que o ministro da Educação consiga alterar a sua postura”, disse, salientando que a situação “não é um problema do Governo em relação aos professores” mas um problema específico do Ministério da Educação.

A greve desta sexta-feira foi convocada pela Fenprof para “quebrar o bloqueio ministerial” que, acusa aquela estrutura, é provocado pelo ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues. O “problema principal” do sector, que “impede a resolução de todos os outros, é a ausência de qualquer via de diálogo ou negociação” com a tutela, acusa a Fenprof, em comunicado. O Ministério da Educação tem mantido o entendimento de que os temas que a federação sindical quer discutir não são matérias de negociação colectiva, que a lei obriga a que sejam discutidas com os representes dos professores.

Entre as exigências está o acesso a um regime de pré-reforma, que permita responder ao problema do envelhecimento da classe docente. Num inquérito feito aos associados da Fenprof, 98% dos professores mostraram-se favoráveis à existência de uma solução deste tipo. Mais de metade (54%) deseja reformar-se, desde que não sofram nenhuma penalização, ao passo que 35% pondera aproveitar um eventual regime de pré-reforma “se as condições não forem muito penalizadoras”.

Actualização às 19h08: Acrescenta informação sobre os impactos da greve entretanto divulgada pela Fenprof.