Covid-19: Suíça põe Portugal na lista de risco e obriga emigrantes a quarentena no regresso

Mais de dez mil emigrantes na Suíça assinaram petição a contestar colocação de Portugal na lista de países de elevado risco de infecção. Ministério dos Negócios Estrangeiros está a realizar diligências diplomáticas para que a Suíça reveja a decisão.

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Rui Gaudencio

Uma onda de indignação levou mais de 10 mil emigrantes portugueses na Suíça a assinar uma petição em que reclamam a retirada de Portugal da lista de países considerados de elevado risco de infecção pelo novo coronavírus. A classificação de Portugal como zona de risco pela Suíça obriga os emigrantes que querem passar o Natal e o fim do ano em Portugal a uma quarentena obrigatória de dez dias no regresso, o que está a levar ao cancelamento de viagens já marcadas.​​​

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Uma onda de indignação levou mais de 10 mil emigrantes portugueses na Suíça a assinar uma petição em que reclamam a retirada de Portugal da lista de países considerados de elevado risco de infecção pelo novo coronavírus. A classificação de Portugal como zona de risco pela Suíça obriga os emigrantes que querem passar o Natal e o fim do ano em Portugal a uma quarentena obrigatória de dez dias no regresso, o que está a levar ao cancelamento de viagens já marcadas.​​​

A Suíça anunciou no início deste mês que ia colocar Portugal na lista de países de elevado risco a partir da próxima segunda-feira, dia 14, baseando-se para tal em dados do Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças (ECDC na sigla em inglês) que os emigrantes em protesto alegam estar completamente desactualizados, uma vez que se referem a uma altura em que o país estava a sair  do pico da pandemia de covid-19 e o número de novos casos de infecção era ainda muito elevado.

Se a decisão não for alterada – e os emigrantes acreditam que isso possa acontecer depois de terem enviado a petição para o Ministério da Saúde suíço (Office Fédéral de la Santé Publique) – , Portugal vai entrar para esta lista “negra”, tal como a Itália, a Áustria, a Hungria e a Polónia, como foi anunciado no passado dia 4,  com dez dias de antecedência. O critério para inclusão na lista é o seguinte: se a incidência exceder em pelo menos 60 novos casos de infecção a da Suíça, o país é considerado de risco elevado. Mas, se isso era verdade na altura em que a decisão foi tomada (2 de Dezembro), a situação alterou-se substancialmente entretanto.

“Esta decisão é tanto mais incompreensível quanto se percebe que actualmente a Suíça até tem mais novos casos de infecção por 100 mil habitantes do que Portugal, apesar de ter menos população (cerca de oito milhões)”, argumenta Samuel Soares, o autor da petição que esta quarta-feira foi enviada para o Ministério da Saúde suíço por correio registado. “Os números da covid-19 evoluem rapidamente e estão a diminuir muito em Portugal”, nota Samuel, que criou um site para ajudar os emigrantes portugueses na Suíça.

565 casos por 100 mil habitantes 

Esta quinta-feira o ECDC indicava que Portugal tinha 565 casos por 100 mil habitantes nos últimos 14 dias, menos do que a Suíça, “razão pela qual a comunidade portuguesa não entende como pode entrar em vigor na próxima segunda-feira uma lista já totalmente desactualizada que penaliza a terceira maior comunidade estrangeira da Suíça”, lamentam os emigrantes que se têm desmultiplicado em protestos nas redes sociais e nos órgãos de comunicação social suíços.

Será possível que esta decisão ainda seja alterada a tempo? O Ministério de Negócios Estrangeiros garantiu ao PÚBLICO que está a realizar “diligências diplomáticas” para que a Suíça reveja esta decisão.  “Portugal tem estado a acompanhar muito de perto a situação gerada pela classificação do nosso país como ´zona de risco` pela Suíça” e forneceu “às autoridades suíças a informação mais actualizada sobre a situação epidemiológica”. “Tem sido particularmente valorizada a melhoria gradual registada em Portugal nas últimas semanas”, uma “tendência positiva” que “faz com que a decisão das autoridades suíças já não se justifique”, acrescentou.

Portugal já tinha estado na lista suíça de países com chegadas condicionadas em Outubro, mas tinha saído no final do mês.