Médicos do Santa Maria vão usar hospitais privados para operar 500 doentes

Protocolos entram em vigor esta quarta-feira. Cinco unidades privadas e do sector social vão receber os cirurgiões do Serviço Nacional de Saúde numa tentativa de evitar que o tempo de espera para estas cirurgias se alargue.

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Paulo Pimenta

O Centro Hospitalar Lisboa Norte – a que pertencem os hospitais de Santa Maria e Pulido Valente – assinou protocolos com cinco unidades do sector privado e social, permitindo que os doentes sejam operados pelos seus cirurgiões fora do centro hospitalar. O plano é que até ao final de Janeiro possam ser operados um máximo de 500 doentes que estão em lista de espera de várias especialidades. As primeiras cirurgias neste modelo estão programadas para esta quarta-feira.

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O Centro Hospitalar Lisboa Norte – a que pertencem os hospitais de Santa Maria e Pulido Valente – assinou protocolos com cinco unidades do sector privado e social, permitindo que os doentes sejam operados pelos seus cirurgiões fora do centro hospitalar. O plano é que até ao final de Janeiro possam ser operados um máximo de 500 doentes que estão em lista de espera de várias especialidades. As primeiras cirurgias neste modelo estão programadas para esta quarta-feira.

“O objectivo deste projecto não é tanto evitar que a lista de espera cresça, porque mesmo em pandemia temos conseguido diminuir a lista – no início do ano tínhamos 10 mil doentes em lista e temos agora 8 mil -, mas é fazer com que o tempo de espera não se alargue. Queremos tentar esse efeito negativo que se fez sentir na primeira fase da pandemia”, explica ao PÚBLICO o presidente do conselho de administração do Centro Hospitalar Lisboa Norte (CHLN) Daniel Ferro. Embora o tempo de espera seja variável de acordo com as prioridades e as especialidades, a média geral está em seis meses.

Para os protocolos assinados, e que entram em vigor esta quarta-feira com a realização de cirurgias a sete doentes, o CHLN teve como referência os valores que o SNS paga aos hospitais públicos pelos mesmos cuidados. Dos sete principais hospitais privados e do sector social auscultados em Lisboa, cinco aceitaram a proposta. Os doentes que vão ser operados são considerados casos não prioritários – casos urgentes e prioritários são operados no centro hospitalar -, cuja espera não implica risco de vida mas que tem impacto na sua qualidade.

“Se não fosse esta alternativa teríamos perto de 500 doentes que não seriam já operados com risco de se degradar a qualidade de vida dos doentes e das suas famílias. Só os cirurgiões do centro hospitalar irão a estes hospitais protocolados. As restantes equipas e tudo o que é necessário será assegurado por essas unidades”, diz Daniel Ferro, acrescentando que caso seja necessário os protocolos poderão ser renovados.

Cirurgias de sete especialidades

A solução vem responder à necessidade de organização dos serviços que a pandemia provocada pelo SARS-CoV-2 obrigou. À medida que o número de doentes com covid internados aumentou e que foi preciso também alargar as unidades de cuidados intensivos para apoiar os doentes mais graves, foi preciso mobilizar espaço e profissionais para estas áreas, com implicações directas na capacidade de resposta aos doentes não covid. O mecanismo encontrado para atenuar esse impacto também está a ser usado por outros hospitais públicos, como o Garcia de Orta, em Almada, e o Amadora-Sintra.

“Para já são intervenções em sete especialidades: cardíaca, neurocirurgia, cirurgia vascular, otorrino, cirurgia plástica, urologia e ortopedia”, refere o presidente do conselho de administração, dando alguns exemplos dos doentes que poderão ser operados ao abrigo destes protocolos: “Na neurocirurgia situações de hérnias discais, na ortopedia questão relacionadas com a anca ou joelhos, na urologia podem ser hipertrofias da próstata, na cirurgia plástica serão reconstruções mamárias.”

A escolha dos doentes segue os critérios da lista de espera – ou seja, seriam doentes que em condições normais veriam a sua cirurgia marcada durante estes meses -, e a opção agrada à maioria dos pacientes. “Os doentes continuam a ser operados pelo seu médico. Os pacientes estão a encarar com optimismo esta solução. A adesão ao vale-cirurgia, do SIGIC [Sistema Integrado de Gestão de Inscritos para Cirurgia] não ultrapassa os 15% e neste caso dos doentes contactados, quase 100% aceitou a solução”, adianta Daniel Ferro.