Depois de pagar as contas, a maioria fica com menos de 20% de rendimento
Estudo europeu feito em plena pandemia coloca Portugal no antepenúltimo lugar de uma tabela com 24 países sobre a capacidade de pagar contas.
Mais de metade (59%) dos portugueses fica com menos de 20% do rendimento após pagar as contas, na sequência da pandemia de covid-19, segundo um estudo da Intrum, realizado entre Agosto e Outubro, hoje divulgado.
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Mais de metade (59%) dos portugueses fica com menos de 20% do rendimento após pagar as contas, na sequência da pandemia de covid-19, segundo um estudo da Intrum, realizado entre Agosto e Outubro, hoje divulgado.
“Devido à pandemia covid-19, 59% dos portugueses inquiridos afirma ficar com menos de 20% do rendimento após pagar as contas”, um valor que é “superior à média europeia, de 41%”, refere o European Consumer Payment Report 2020, realizado em plena pandemia.
O estudo tem “por objectivo a partilha de informação sobre a vida quotidiana dos consumidores europeus, os seus hábitos de despesa e a capacidade de gerir as finanças domésticas mensalmente”.
De acordo com o barómetro “bem-estar financeiro Intrum”, na categoria “capacidade de pagar as contas”, Portugal está em 22.º lugar na lista de 24 países europeus, “posicionando-se assim entre os três últimos países da classificação”.
O relatório anual baseia-se num inquérito externo realizado simultaneamente em 24 países na Europa, num total de 24.198 consumidores.
“O estudo da Intrum revela ainda que os jovens adultos e os pais são os grupos etários que estão mais vulneráveis, encontrando-se sob grande pressão”.
“Cerca de um terço dos europeus afirma que o rendimento diminuiu como resultado da covid-19 e 25% admite que possa vir a diminuir em breve”, sendo que, “em Portugal, 49% dos homens dizem que o seu rendimento diminuiu na sequência da pandemia, um valor substancialmente superior à média europeia, que é de 36%”.
Das medidas analisadas para responder à situação, em Portugal a mais mencionada pelos inquiridos foi o corte de gastos em bens não essenciais (62%), ligeiramente acima da média, que é 57%.
“A preocupação com o futuro e o aumento do stress e ansiedade atinge cada vez mais os portugueses”, adianta o estudo, que salienta que “as faixas etárias dos 22 aos 37 anos (61%) e dos 45 aos 54 anos (63%) afirmam estar, neste momento, mais preocupadas com o seu bem-estar financeiro do que em qualquer outro momento da sua vida”.
“A crise covid-19 terá um impacto duradouro na capacidade de os consumidores europeus gerirem as suas finanças domésticas e a convulsão económica de 2020 está a pesar fortemente na mente dos consumidores”, sendo que “muitos estão preocupados com o aumento das contas e com a impossibilidade de cumprirem com as suas obrigações financeiras, o que afecta o seu bem-estar”, refere o director-geral da Intrum Portugal, Luís Salvaterra, citado em comunicado.
“Ao mesmo tempo, os consumidores adaptam os seus estilos de vida às restrições impostas pelo confinamento e priorizam os diferentes tipos de contas”, acrescenta, salientando que, “em 2020 e neste momento, estão a dar prioridade a uma série mais vasta de contas do que em 2019, com especial incidência nos serviços que são bens essenciais”, conclui.