Ondjaki inaugura o Encontro de Leituras, o clube do PÚBLICO e da Folha de S. Paulo
O romance Bom Dia Camaradas dominará a primeira sessão desta iniciativa conjunta dos dois jornais. O escritor angolano, que está a comemorar os seus 20 anos de vida literária, participará no evento online, a partir de Luanda.
A primeira sessão do Encontro de Leituras, o novo clube de leitura conjunto do PÚBLICO e do jornal brasileiro Folha de S. Paulo que todos os meses reunirá leitores dos dois países em torno de obras de ficção ou de não-ficção, vai realizar-se nesta terça-feira, dia 15, às 22h em Portugal continental (19h no Brasil, 23h em Luanda)), tendo por convidado o escritor angolano Ondjaki.
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A primeira sessão do Encontro de Leituras, o novo clube de leitura conjunto do PÚBLICO e do jornal brasileiro Folha de S. Paulo que todos os meses reunirá leitores dos dois países em torno de obras de ficção ou de não-ficção, vai realizar-se nesta terça-feira, dia 15, às 22h em Portugal continental (19h no Brasil, 23h em Luanda)), tendo por convidado o escritor angolano Ondjaki.
Para esta primeira sessão com Ondjaki, o link de acesso é este. E o ID da reunião é 927 0145 0398. A senha de acesso é 292890.
O livro escolhido para esta sessão inaugural do clube é Bom Dia Camaradas, o primeiro romance deste autor que está a comemorar 20 anos de carreira literária, e que nos leva à Luanda da década de 80, pela voz da criança que ele foi. Em Portugal, a obra foi publicada em 2003 pela editorial Caminho (no Brasil saiu pela Companhia de Letras). Dez anos depois, em 2013, o escritor recebeu o Prémio José Saramago com o romance Os Transparentes (Caminho, 2012).
O seu mais recente romance, a que chamou O Livro do Deslembramento (Caminho), está nas livrarias portuguesas desde o Verão passado, mas ainda não está editado no Brasil. De alguma maneira, marca o regresso ao universo do romance de estreia do escritor.
Ondjaki regressou há três anos a Luanda, onde nasceu em 1977, depois de ter vivido sete anos no Rio de Janeiro.
Bom Dia Camaradas abre aquilo a que por enquanto se poderá chamar uma tetralogia, em que o escritor nos conta a Luanda da sua infância e da sua juventude, que também está nas estórias dos livros Os da Minha Rua (2007, grande Prémio de Conto Camilo Castelo Branco C. M. de Vila Nova de Famalicão/APE), AvóDezanove e o Segredo do Soviético (2008, prémio Jabuti na categoria de literatura juvenil) e O Livro do Deslembramento.
A “infância é um antigamente que sempre volta”, escreve Ondjaki, para quem este romance é muito isso: a procura dos momentos, dos cheiros e das pessoas, que como ele diz, fazem parte do seu “antigamente”. Numa época em que Luanda e os luandenses formavam “um universo peculiar”. E explica: “Tudo isto contado pela voz da criança que fui; tudo isto embebido na ambiência dos anos 80: o monopartidarismo, os cartões de abastecimento, os professores cubanos, o hino cantado de manhã e a nossa cidade de Luanda com a capacidade de transformar mujimbos em factos. todas estas coisas, mais o camarada António...” Um mundo que lhe aconteceu e que, “hoje, é um sonho saboroso de lembrar.”
O clube que junta leitores de língua portuguesa acontecerá uma vez por mês na plataforma Zoom e discutirá romances, ensaios, memórias e obras de jornalismo literário, na presença de um escritor, editor ou especialista convidado. Todos os participantes podem falar sobre o livro em debate.
O clube de leitura dos dois jornais é moderado pelas jornalistas Isabel Coutinho, responsável pelo site do PÚBLICO dedicado aos livros, o Leituras, e por Úrsula Passos, editora-assistente de Cultura do jornal paulista e coordenadora do Clube de Leitura Folha, que existe desde 2017 e só discute obras de ficção. Em Outubro, a sessão em que se discutiu Ensaio sobre a Cegueira, de José Saramago, já tinha sido aberta à participação dos leitores do PÚBLICO, tendo como convidado o editor Zeferino Coelho.
“Estar ao lado da Folha de S. Paulo no Encontro de Leituras não é para nós apenas um serviço que prestamos à nossa língua: é também um impulso a ideia de uma comunidade que partilha a mesma língua”, considera Manuel Carvalho, director do PÚBLICO.
Por sua vez, para Sérgio Dávila, director da Folha de S. Paulo, “a parceria entre Folha e PÚBLICO busca facilitar o acesso de leitores a notícias dos dois lados do Atlântico e, agora, o Encontro de Leituras promove a troca entre portugueses, brasileiros e outros lusófonos num momento em que, isolados por causa da pandemia, muitos descobriram o prazer da leitura ou se dedicam mais a ele”.
“No PÚBLICO, acreditamos que os nossos jornais cumprem neste projecto uma das missões essenciais do jornalismo: aproximar pessoas através da cultura. Temos por isso muito orgulho e muitas expectativas neste projecto”, conclui Manuel Carvalho.
Desde Julho, existe uma parceria transatlântica entre os dois órgãos de comunicação social que permite aos leitores de ambos os países terem uma assinatura partilhada das edições digitais do PÚBLICO e da Folha de S. Paulo (mesmo no caso de já serem assinantes de um deles).