Nazaré é um livro de fotografia sobre o mar revolto e os bastidores do surf
O fotógrafo Ricardo Bravo criou uma campanha de financiamento para publicar um livro de fotografia dedicado ao mar da Nazaré. Angariações até 11 de Dezembro.
Ricardo Bravo é fotógrafo de surf há 25 anos e decidiu criar um livro sobre o mar da Nazaré, “o primeiro livro de fotografia a ser feito sobre este tema”. A ideia “era explorar o contraste que se vive na Nazaré num dia normal, em que não há ondas grandes, com os dias em que há ondas gigantes e aquele caos todo dentro de água”, habitual na praia do Norte, conta, em conversa com o P3. Para o livro passar para suporte físico, está a decorrer uma campanha de crowdfunding na plataforma PPL.
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Ricardo Bravo é fotógrafo de surf há 25 anos e decidiu criar um livro sobre o mar da Nazaré, “o primeiro livro de fotografia a ser feito sobre este tema”. A ideia “era explorar o contraste que se vive na Nazaré num dia normal, em que não há ondas grandes, com os dias em que há ondas gigantes e aquele caos todo dentro de água”, habitual na praia do Norte, conta, em conversa com o P3. Para o livro passar para suporte físico, está a decorrer uma campanha de crowdfunding na plataforma PPL.
O livro é bilingue – português e inglês – e de capa dura, com mais de 100 páginas e cerca de 100 fotografias. Além da “alternância entre imagens muito serenas e imagens muito intensas”, o objectivo do fotógrafo era que o livro “não fosse muito extenso, mas estético e agradável de folhear”. “É muito mais baseado numa viagem visual e na minha interpretação daquilo do que propriamente um livro de cariz mais histórico ou jornalístico”, garante o autor de Nazaré.
Para ajudar na interpretação das imagens, Ricardo fez “breves entrevistas” a três surfistas que habitualmente surfam na Nazaré: os portugueses João de Macedo e Alex Botelho, que participam no Circuito Mundial de Ondas Grandes, e o internacional Andrew Cotton, reconhecido como um dos melhores surfistas do mundo. “Temos a perspectiva deles sobre a situação. Há citações que vão aparecendo ao longo do livro e uma delas, que é do Andrew Cotton, ilustra muito bem, porque diz que muito facilmente se vai do céu para o inferno na Nazaré. A fronteira quase não existe”, assegura, acrescentando que o tema da sobrevivência é muitas vezes abordado no livro. Na contracapa há um destaque de Alex Botelho, no qual fala sobre o acidente que teve em Fevereiro de 2020 nas ondas da Nazaré.
Na obra são ainda referidos os treinos físicos e mentais dos surfistas “para sobreviverem naquelas condições do mar, que não têm nada a ver com qualquer coisa que uma pessoa veja noutra praia num dia de bandeira vermelha, por exemplo”, compara. “Falam de uma coisa que é a capacidade de desligarem completamente quando estão debaixo de água, ou seja, eles não lutam nem fazem força para virem à superfície. Desligam, como se o corpo deixasse de ter consciência, e é assim que conseguem aguentar tanto tempo debaixo de água”, explica. “O livro é também sobre os bastidores, de como se preparam para as provas, o que lhes vai na cabeça antes de cada ondulação, o que pensam quando estão lá dentro.” Conta ainda com prefácios de João Valente, jornalista de surf, e Pedro Adão e Silva, professor universitário, comentador político e surfista.
Grande parte das fotografias é recente, como a da capa, mas há algumas que remontam há 15 anos. Umas são de eventos, como os da World Surf League, e outras são de outras ocasiões. E porquê o preto e branco na capa e em algumas das fotos? “Acho que nos ajuda a focar no essencial, nas formas das ondas e do mar, e a não ter a distracção da cor”, esclarece o fotógrafo.
Ricardo decidiu criar Nazaré porque a pandemia lhe trouxe “uma quebra de rendimentos muito grande”. Com o crowdfunding esperava angariar, pelo menos, 7200 euros para conseguir produzir o livro. Já atingiu esse valor e o restante angariado, para além de ser para o próprio trabalho, será “para encomendar mais livros”, uma vez que esse valor foi uma estimativa para conseguir produzir a primeira edição, que estará pronta a meio de Dezembro. Numa primeira fase, o fotógrafo espera vender os livros em lojas de surf.
Todos os livros são numerados, assinados pelo autor e trazem a oferta de uma fotografia. Através da PPL, até 11 de Dezembro é possível contribuir com qualquer valor a partir de um euro, sendo que há várias hipóteses com uma frase associada. O livro pode ser encomendado a partir de 30 euros.
Texto editado por Ana Maria Henriques