Eleições na Venezuela: as datas chave da crise

Desde as últimas eleições legislativas que a Venezuela atravessa uma paralisia institucional sem precedentes, tomada pelo confronto entre o regime e a oposição.

Foto
Protestos contra o Govern na Venezuela, em 2019 Miguel Gutierrez/EPA

6 Dezembro 2015

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

6 Dezembro 2015

As últimas eleições legislativas deixaram a Assembleia Nacional nas mãos da oposição, que obteve uma clara maioria de lugares depois de se ter unido sob a Mesa de Unidade Nacional, num contexto de forte crise económica As eleições marcaram a principal derrota nas urnas do chavismo nas últimas duas décadas e foram o ponto de partida para uma profunda crise institucional que tem paralisado a Venezuela. Foi a primeira vez que o Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) falhou a maioria desde 1999 e foi visto como um aviso claro de que o chavismo deixara de ter a hegemonia política no país. Dois anos antes, Henrique Capriles, principal candidato da oposição, tinha já ficado muito perto de retirar Nicolás Maduro da presidência.

Foto
Henrique Capriles Reuters

4 Agosto 2017

Toma posse a Assembleia Constituinte, promovida pelo chavismo, que vem aprofundar o enfrentamento institucional em curso na Venezuela. O novo órgão assume, na prática, as competências legislativas da Assembleia Nacional, privando a oposição de usufruir da sua maioria. Nos meses anteriores, o Supremo Tribunal, dominado por apoiantes do Governo, já tinha vindo a desautorizar o órgão legislativo. Os opositores do regime consideram ilegais as eleições para a Assembleia Constituinte e boicotam-na, deixando nas mãos do “oficialismo” a esmagadora maioria dos lugares. O órgão é rejeitado também por vários países sul-americanos, pelos EUA e pela União Europeia.

Foto
Parlamento venezuelano Reuters

20 Maio 2018

Nicolás Maduro é reeleito Presidente da Venezuela, com 68% dos votos, numas eleições muito criticadas dentro e fora do país. Os resultados foram rejeitados pela oposição e pela generalidade dos observadores internacionais, que detectaram várias irregularidades durante a votação. Os principais nomes da oposição foram impedidos de se candidatar, deixando aos seus dirigentes apenas o apelo ao boicote eleitoral para demonstrar a sua rejeição. O regime chavista respondeu com intimidação e compra de votos a troco de acesso a subsídios sociais, segundo vários relatos. Os meses que antecederam as eleições foram de fortes protestos, motivados tanto pela crise política como a económica que atirou milhares de pessoas para a pobreza e para a emigração.

Foto
Nicolás Maduro Reuters

11 Janeiro 2019

A Assembleia Nacional rejeita reconhecer legitimidade à reeleição de Nicolás Madura e nomeia o seu presidente, Juan Guaidó, como chefe de Estado interino. Em poucos dias, aquele que era um dirigente pouco conhecido na oposição venezuelana é reconhecido como Presidente por dezenas de países e organismos como a Organização de Estados Americanos. Durante alguns meses, a iniciativa parece dar um novo fulgor à oposição, que viu o seu pouco poder totalmente esvaziado com a criação da Assembleia Constituinte. Porém, as várias tentativas por parte de Guaidó para mudar o jogo saem furadas e o ponto mais baixo acontece no final de Abril de 2019, quando tenta ensaiar um levantamento militar contra Maduro, que acaba por falhar redondamente.

Foto
Juan Guaidó Reuters