Benfica “hibernado” salva-se no último minuto

Com este desfecho, os “encarnados” capitalizam o deslize do Sporting frente ao Famalicão e isolam-se na segunda posição do campeonato.

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LUSA/JOSÉ SENA GOULÃO

Pouca energia, pouca vontade e, em geral, pouca arte. Foi assim o domingo do Benfica na I Liga, num jogo em que os “encarnados”, em linha com o frio que se faz sentir, pareceram “hibernar”. Ainda assim, um golo aos 90+4’, marcado por Waldschmidt, permitiu à equipa lisboeta passar o teste frente a um competente e sólido Paços de Ferreira (2-1). Com esta vitória, o Benfica capitaliza o deslize do Sporting frente ao Famalicão e recupera a segunda posição do campeonato, agora isolado, a dois pontos dos “leões”.

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Pouca energia, pouca vontade e, em geral, pouca arte. Foi assim o domingo do Benfica na I Liga, num jogo em que os “encarnados”, em linha com o frio que se faz sentir, pareceram “hibernar”. Ainda assim, um golo aos 90+4’, marcado por Waldschmidt, permitiu à equipa lisboeta passar o teste frente a um competente e sólido Paços de Ferreira (2-1). Com esta vitória, o Benfica capitaliza o deslize do Sporting frente ao Famalicão e recupera a segunda posição do campeonato, agora isolado, a dois pontos dos “leões”.

Quanto ao jogo, o Paços surgiu em campo com uma ideia táctica ousada. Não defendeu em 4x5x1, como é normal nas equipas que visitam a Luz, mas num 4x3x3 que tinha os alas a pressionarem os laterais do Benfica. Mais: a espaços, a equipa foi misturando uma pressão em 4x4x2, juntando Diaby a Tanque para condicionarem a saída dos centrais do Benfica.

E isto foi, em grande parte, o factor determinante no mau jogo “encarnado”. Refém de soluções na primeira fase de construção – a ausência de Grimaldo (lesionado no aquecimento) também contribuiu para a falta de ideias –, o Benfica teve de saltar esse momento do jogo, tentando que a bola chegasse rapidamente às zonas de criação. O problema é que essa pressa fê-la chegar quase sempre em más condições.

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Frente a uma linha defensiva bastante subida e um perfil compacto entre os defesas e os médios adversários, o Benfica insistiu no jogo entre linhas em vez de tentar explorar a profundidade. E o jogo, naturalmente, complicou-se.

Sem ideias (Weigl e Taarabt muito lentos na circulação) e passivos defensivamente, os “encarnados” até viram o Paços criar perigo aos 14’. Luther e Fernando criaram na direita, o ala cruzou e Tanque cabeceou para defesa de Vlachodimos. O brasileiro ainda fez uma bicicleta na recarga, que terminou com corte de Otamendi.

Pouco depois, um erro do Paços na construção colocou o Benfica no caminho do golo. Darwin tinha a baliza em boa mira, mas Pizzi estava em posição ainda melhor. O uruguaio ofereceu o remate ao português, que acertou no poste.

Aos 24’ veio o lance capital da primeira parte. Vlachodimos afastou a bola num canto e Rafa tentou controlá-la em zona proibida. Falhou o domínio e Oleg apanhou a bola no ar e disparou um míssil de primeira, sem hipótese para o guardião “encarnado”. O Benfica queixou-se do impacto no lance de Diaby, em posição de fora-de-jogo, mas o golo contou mesmo.

E outro poderia ter contado logo a seguir. Um erro a meias entre Vlachodimos e Otamendi deixou o Paços perto do golo, mas Douglas, em zona frontal, rematou para o terceiro anel da Luz.

Com o golo sofrido, Jorge Jesus trocou Pizzi com Rafa – o capitão tinha começado no corredor direito – e a equipa começou a conseguir ligar mais o jogo. Teve dois lances de finalização, aos 42’, ambos com assinatura de Rafa: a primeira deu defesa de Jordi, a segunda resultou num golo invalidado por mão na bola do português.

Mais ataque posicional

Na segunda parte, o Paços baixou claramente as linhas de pressão e o Benfica (com Gabriel e Seferovic nos lugares de Weigl e Pizzi) pôde começar a jogar mais tempo em ataque posicional perto da área adversária. Aí, as individualidades estão mais perto de fazer a diferença. Aos 58’, Rafa driblou Eustáquio, combinou com Gilberto e recebeu já dentro da área. Bom remate, golo e empate na partida.

Quando se esperava que o Benfica ganhasse fôlego e energia com o golo – energia que tanto faltou durante uma hora de futebol –, a equipa de Jesus “adormeceu”. Apesar de certamente insatisfeita com a divisão de pontos, o Benfica regressou à posse lenta e sem progressão, dando alguns minutos de descanso ao Paços.

E numa fase em que o Benfica jogava mais tempo em ataque posicional, Pizzi poderia ser o desbloqueador – é neste contexto que consegue fazer a diferença. Em tese, terá mexido mal Jorge Jesus.

Aos 70’, o Benfica acordou durante breves segundos. Primeiro, Gilberto deixou Seferovic na cara do golo, mas o suíço rematou ao lado. Logo a seguir, Darwin fez uma grande finta de corpo para driblar um defensor e rematou forte, de fora da área, acertando na trave da baliza de Jordi. E foi apenas isto.

Os “encarnados” voltaram a “hibernar” e, descontando um bom cruzamento de Nuno Tavares e uma oportunidade perdida por Uílton, pouco se foi passando num jogo em que, em circunstâncias normais, a equipa estaria a sufocar o adversário nortenho.

Mas este não foi um jogo normal, dada a confrangedora falta de arte, frescura e até vontade dos jogadores do Benfica. Quando nada parecia poder salvar o Benfica, surgiu um cruzamento de Gabriel para um cabeceamento de Waldschmidt. Paços sofreu pelo balanceamento ofensivo.

O resultado premeia quem teve melhores oportunidades de golo, é certo, mas o empate na Luz teria tido toda a lógica. Como disse Pepa no final do jogo, o Paços perdeu o jogo por quis ganhá-lo.