Cápsula de sonda japonesa com amostras de asteroide aterrou na Austrália
A cápsula foi enviada pela sonda japonesa Hayabusa 2, que está há seis anos a recolher amostras de asteróides no Espaço.
A cápsula de uma sonda japonesa que foi lançada há seis anos para recolher amostras de asteróides no espaço aterrou este sábado na superfície terrestre. A informação foi avançada durante a tarde (hora de Portugal Continental) pela Agência Japonesa de Exploração Aeroespacial (Jaxa), que transmitiu o evento, em directo, no YouTube e no Twitter.
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A cápsula de uma sonda japonesa que foi lançada há seis anos para recolher amostras de asteróides no espaço aterrou este sábado na superfície terrestre. A informação foi avançada durante a tarde (hora de Portugal Continental) pela Agência Japonesa de Exploração Aeroespacial (Jaxa), que transmitiu o evento, em directo, no YouTube e no Twitter.
“Encontrámos a cápsula com o pára-quedas”, lê-se num breve comunicado da equipa da Jaxa responsável pelo projecto, publicado às 20h no Twitter. Horas antes, a aterragem tinha sido descrita como “perfeita”.
Foi em 2014 que a sonda Hayabusa 2 (palavra japonesa para “falcão”) primeiro partiu em direcção ao asteróide Ryugu (localizado a 300 milhões de quilómetros da Terra) para recolher amostras que permitissem o estudo da origem e evolução do sistema solar visto que a formação dos asteróides remonta ao início dos sistemas solares.
Estima-se que a pequena cápsula, que aterrou este sábado na localidade de Woomera, no sul da Austrália, contenha pelo menos 100 miligramas do asteróide Ryugu . É a segunda vez na história que material no interior de um asteróide chega, inteiro, ao nosso planeta. O responsável pelo projecto Yuichi Tsuda descreve o projecto como um “evento raro na história da humanidade.”
Ao atravessar a superfície terrestre, a cápsula deixou um rasto de fogo da mesma forma que um meteorito ou uma bola de fogo com várias imagens a circular nas redes sociais. “A luz deve-se ao escudo térmico da cápsula que deve ter atingido temperaturas em torno de 3000 graus Celsius durante a reentrada atmosférica, protegendo a amostra da temperatura”, explicou, no Twitter, Elizabeth Tasker, uma astrofísica britânica a trabalhar na Jaxa. É por isso, nota Tasker que a cápsula, apesar de pequena, pesa “cerca de 16 quilogramas”.
A equipa da Jaxa acredita que a matéria recolhida do interior do asteróide inclui matéria orgânica que, por estar protegida da radiação espacial e de outros factores ambientais, se encontra no mesmo estado em que se estava quando o sistema solar foi criado. Desta forma, os cientistas devem poder aprender mais sobre as condições que permitiram o aparecimento de vida na Terra.
“Os materiais que deram origem à Terra, aos oceanos e à vida estavam presentes na nuvem primordial a partir da qual nosso sistema solar se formou”, explicou a equipa da Hayabusa 2 numa apresentação sobre o projecto, em 2018. “[A matéria]permanece até hoje em corpos primitivos [asteróides do tipo C, ricos em carbono, como o Rygu] e é por isso que recolher amostras desses corpos para análise pode informar sobre as origens e evolução do sistema solar.”
“Estou muito interessado em ver as substâncias”, disse Makoto Yoshikawa, o cientista japonês responsável pela missão, numa conferência de imprensa este sábado. “Poderemos ter acesso a substâncias que nos darão pistas sobre o nascimento do planeta.”
Em 2010, o antecessor do Hayabusa 2 foi a primeira sonda a enviar uma cápsula com pedaços do interior de um asteróide para a Terra.