Galp desactiva terminal oceânico da refinaria de Matosinhos

Com as quatro unidades de combustíveis paradas desde Outubro, trabalhadores temem fim definitivo da produção em Matosinhos. Empresa diz que suspensão “é temporária”.

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O abrandamento da procura de combustíveis levou à suspensão da refinaria de Matosinhos Paulo Pimenta

A Galp desactivou a monobóia ao largo de Matosinhos que permitia aos navios de grande envergadura fazerem descargas de crude para abastecer a refinaria ao longo do ano, mesmo em condições de mar adversas.

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A Galp desactivou a monobóia ao largo de Matosinhos que permitia aos navios de grande envergadura fazerem descargas de crude para abastecer a refinaria ao longo do ano, mesmo em condições de mar adversas.

Com as quatro unidades de combustíveis paradas desde Outubro (mantendo-se a funcionar apenas as unidades de produção de óleos base e de aromáticos), os trabalhadores vêem na desactivação deste terminal oceânico (ligado à refinaria por um oleoduto de 3 km) mais um sinal de que o fim da produção regular de gasóleo e gasolina pode ter os dias contados em Matosinhos.

“A desactivação da monobóia tem grande complexidade técnica” e, por isso, “não é uma medida que seja tomada provisoriamente”, disse ao PÚBLICO Telmo Silva, do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras (SITE) Norte.

Questionada pelo PÚBLICO sobre a desactivação desta infra-estrutura, a Galp adiantou que “as actividades realizadas na monobóia estão relacionadas com os procedimentos operacionais e de segurança destes equipamentos, enquadradas na suspensão temporária da produção da fábrica de combustíveis”.

Porém, Telmo Silva vê nesta desactivação “um passo de grande envergadura” em direcção ao fim da produção em Matosinhos. O terminal oceânico era o que “permitia à refinaria funcionar com regularidade”, se a empresa o desactivou, “tudo se conjuga” para que as fábricas não regressem ao seu funcionamento normal, afirmou.

O dirigente sindical admite, no entanto, que possa haver re-arranque esporádico das unidades que estão paradas, “para esgotar o stock de produto que ainda existe”.

Para já, da reunião com a administração da Galp, a única confirmação que saiu foi a de que a paragem “é por tempo indeterminado” e que tudo dependerá das condições de mercado, referiu. Há indicações de que a empresa pondera a produção de biocombustíveis em Matosinhos, mas também já se ouviu falar na possibilidade de a refinaria passar a ser um pólo logístico só de armazenagem e expedição.

“A administração não confirma nada, diz que todas as possibilidades estão a ser estudadas e que irá tomar uma decisão em Janeiro”, adiantou o sindicalista.

Ao PÚBLICO, fonte da empresa liderada por Carlos Gomes da Silva sublinhou que se estão “a avaliar vários projectos e soluções com vista ao aumento da eficiência energética” das actividades da Galp, “assim como a produção de formas de energia de baixa intensidade carbónica”, como os biocombustíveis produzidos “a partir do co-processamento de matérias-primas recicladas ou o hidrogénio, em consonância com os seus objectivos estratégicos e a dinâmica dos mercados”.

A Galp frisa que estas “soluções estão ainda em avaliação” e que “não estão definidos projectos em concreto, para além do já anunciado possível projecto-piloto de hidrogénio cuja localização prevista é em Sines” (no qual a Galp está associada à EDP, REN, Martifer e Vestas).

“Nós não estamos contra a transição energética, mas tem de ser socialmente justa”, diz Telmo Silva. Se a empresa passar a outra actividade “e assegurar os postos de trabalho, estamos de acordo”.

De acordo com o sindicalista, neste momento estão em casa 11 trabalhadores ligados às quatro unidades de produção de combustíveis. Contabilizando os prestadores de serviço, são “mais 20 ou 30” trabalhadores afectados pela paragem e, “com os sete [trabalhadores] da manutenção interna, rapidamente se chegará a 50”, acrescentou.