“Cerca de um milhão de portugueses já deverá ter tido contacto com o vírus”
Henrique Barros, epidemiologista do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto, analisou probabilidade de contrair a infecção.
Na reunião entre especialistas e políticos no Infarmed, realizada esta quinta-feira em Lisboa, Henrique Barros, epidemiologista do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto, debateu a incerteza na gestão da infecção e da imunidade, projectando uma estimativa: cerca de um milhão de pessoas já deverá ter tido contacto com o vírus (ainda que com uma margem de incerteza que vai dos 605 mil aos 1,8 milhões de pessoas, ressalva).
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Na reunião entre especialistas e políticos no Infarmed, realizada esta quinta-feira em Lisboa, Henrique Barros, epidemiologista do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto, debateu a incerteza na gestão da infecção e da imunidade, projectando uma estimativa: cerca de um milhão de pessoas já deverá ter tido contacto com o vírus (ainda que com uma margem de incerteza que vai dos 605 mil aos 1,8 milhões de pessoas, ressalva).
O especialista recuperou dados sobre casos diagnosticados e doentes que efectivamente tiveram covid-19 para dar conta da relação de probabilidades de contrair a infecção. Com base nesses números, o especialista estima que entre “15% a 20% da população já terá tido contacto com o vírus”, e ainda que isso possa significar que esteja imunizada, não se sabe ainda a eficácia e dimensão dessa protecção, alerta.
O epidemiologista chamou a atenção para as probabilidades de contágio de cada português e assinala que dois em cada 1000 portugueses (escolhidos aleatoriamente) podem infectar outra pessoa, mesmo sem sabendo que estão a fazê-lo. Esse nível de risco aumenta numa refeição, quando a distância é menor e a máscara não está colocada. Deste modo, justifica Henrique Barros, “se em cada família o risco é pequeno, isso multiplicado por milhares de reuniões desta natureza e desta dimensão corresponderá à ocorrência de muitas infecções”.
A aplicação da vacina terá de ser cruzada com outras variáveis, nomeadamente com a taxa de eficácia da própria vacina, aponta o epidemiologista, mas também com percentagem de população que já deverá ter contactado com o vírus, bem como com as medidas de restrição e segurança que têm sido aplicadas.
A partir destas ressalvas traçam-se vários cenários. Se a eficácia da vacina for de 100%, será necessário vacinar 67% da população. Se a eficácia descer para 90%, então é exigido que se vacine pelo menos 74%. Por último, se a taxa cair para 70%, é preciso vacinar 95% da população.