O surrealismo de Cruzeiro Seixas estende-se a Paris em 2021

O artista que cumpriria cem anos esta quinta-feira também estará representado na exposição Global Surrealism, que abrirá em Outubro do próximo ano no Metropolitan Museum of Art, de Nova Iorque, e depois seguirá para a Tate Modern, em Londres.

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MANUEL ROBERTO

As comemorações do centenário do nascimento de Artur Cruzeiro Seixas, que morreu em Novembro, aos 99 anos, vão estender-se até 2022, com exposições em Paris e Lisboa. O artista e escritor estará também representado com uma obra na exposição Global Surrealism, que o Metropolitan Museum of Art, de Nova Iorque, inaugurará em Outubro do próximo ano e que depois passará pela Tate Modern, em Londres.

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As comemorações do centenário do nascimento de Artur Cruzeiro Seixas, que morreu em Novembro, aos 99 anos, vão estender-se até 2022, com exposições em Paris e Lisboa. O artista e escritor estará também representado com uma obra na exposição Global Surrealism, que o Metropolitan Museum of Art, de Nova Iorque, inaugurará em Outubro do próximo ano e que depois passará pela Tate Modern, em Londres.

O último representante do surrealismo português, a quem muitos chamavam mestre, completaria cem anos nesta quinta-feira, o que levou várias instituições culturais do país a realizarem homenagens. O programa de comemorações vai prolongar-se por mais dois anos, e chegar a Paris, onde a sede da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) acolherá, a partir de 5 de Maio de 2021, a exposição Cruzeiro Seixas –​ Teima em ser poesia, organizada pela Fundação Cupertino de Miranda.

Foi a esta fundação, sediada em Vila Nova de Famalicão, que Cruzeiro Seixas doou, em 1999, o seu acervo artístico. Desde então, a instituição tem vindo a salvaguardar, exibir e publicar a obra deste nome fundamental do Surrealismo em Portugal, autor de um vasto trabalho no campo do desenho, da pintura e da escultura e de uma extensa obra poética.

“Esta mostra, que estava a ser planeada para a mesma data, este ano, no âmbito do Dia Mundial da Língua Portuguesa, chegou a ser remarcada para inaugurar hoje, 3 de Dezembro, dia do centenário, mas sofreu novo adiamento devido às restrições da pandemia”, explicou à agência Lusa a directora de artes, informação e comunicação da fundação, Marlene Oliveira.

A exposição “representa a concretização de um sonho do artista: ter uma exposição individual em Paris, com obras, documentos e tapeçaria”, indicou a curadora sobre o trabalho deste nome incontornável do movimento surrealista, do qual foi um dos principais precursores em Portugal, a par de Mário Cesariny (1923-2006).

Marlene Oliveira disse ainda que a exposição irá mostrar a ligação da obra de Cruzeiro Seixas à literatura e à língua portuguesa, através de escritores que manifestamente admirava, como Fernando Pessoa, Teixeira de Pascoaes e Mário de Sá-Carneiro, além das cartas atribuídas a Mariana Alcoforado.

“A exposição apresentará um conjunto das obras de Cruzeiro Seixas, objectos, tapeçarias de Portalegre e os conhecidos cadernos ‘diários não diários'”, descreveu, apontando que a iniciativa tem o apoio do embaixador de Portugal na UNESCO, António Sampaio da Nóvoa.

A presença internacional de Cruzeiro Seixas no próximo ano estender-se-á também a Nova Iorque, com “o empréstimo de uma obra de referência” do artista para a exposição colectiva Global Surrealism, que vai abrir no Metropolitan Museum of Art a 4 de Outubro de 2021, e depois segue para a Tate Modern, em Londres, a 25 de Fevereiro de 2022.

A obra escolhida para representar o surrealismo português tem como título O seu olhar já não se dirige para a terra, mas tem os pés assentes nela, e é um objecto criado por Cruzeiro Seixas em 1953. Actualmente, faz parte do espólio doado pelo artista à Fundação Cupertino de Miranda.

O programa de comemorações do centenário do artista,  que conta também com o apoio do Ministério da Cultura, incluirá ainda uma exposição individual a inaugurar precisamente daqui a um ano na Sociedade Nacional de Belas Artes (SNBA) e outras exposições com parceiros como a Galeria São Mamede e o Centro Português de Serigrafia.