Projecto português que combate poluição nos oceanos ganha concurso da Web Summit
Seis instituições portuguesas ganham 500 mil euros em concurso da Web Summit de 2020.
O projecto SMART, que agrega investigadores de cinco instituições portuguesas, foi o vencedor da 1.ª edição do concurso “AI Moonshot Challenge” e vai receber 500 mil euros para desenvolver um projecto de combate à poluição nos oceanos.
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O projecto SMART, que agrega investigadores de cinco instituições portuguesas, foi o vencedor da 1.ª edição do concurso “AI Moonshot Challenge” e vai receber 500 mil euros para desenvolver um projecto de combate à poluição nos oceanos.
A Agência Espacial Portuguesa (Portugal Space) anunciou esta quinta-feira que o projecto da equipa liderada pelo Centro de Recursos Naturais e Ambiente (CERENA-IST) “prevê conjugar a aprendizagem automática (da inteligência artificial) com os princípios das leis da física para construir modelos de previsão e simulação da acumulação de plástico no oceano” a partir de dados recolhidos por satélite.
Para isso, os investigadores vão recorrer a dados de satélite do programa Copernicus para determinar as frequências adequadas para a detecção de plástico em massas de água e complementar essa informação com modelos que simulam o comportamento do oceano. “Uma missão dificultada pela dimensão dos detritos e pela resolução das imagens de satélite actualmente disponíveis”, acrescenta a Agência Espacial Portuguesa em comunicado.
O “AI Moonshot Challenge” foi lançado durante a edição de 2019 da Web Summit, e os vencedores foram anunciados na edição deste ano da cimeira tecnológica que decorre em Lisboa até sexta-feira, e visa encontrar “ideias disruptivas” e novas soluções que combinem tecnologias de computação, dados de satélite e inteligência artificial para resolver problemas no âmbito das alterações climáticas.
O júri - presidido pela bióloga Carolina Sá e por Paolo Corradi, engenheiro de sistemas na Agência Espacial Europeia (ESA) - valorizou ainda o facto de os investigadores portugueses preverem usar “veículos autónomos marítimos para validar os resultados e recolher ainda mais dados”.
Citado no comunicado, o presidente da Agência Espacial Portuguesa, Ricardo Conde, afirma que o “uso de dados de satélite, nomeadamente do programa Copernicus, permite encontrar soluções de larga escala para alguns dos muitos desafios que colocam as alterações climáticas”.
Para o ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor, o espaço será fundamental para o combate às alterações climáticas e à preservação do oceano. “A detecção remota de plásticos nos oceanos com base na integração de imagens de satélite e sistemas avançados de inteligência artificial será decisiva para o futuro sustentável do planeta e a sua relação com o clima. Este prémio insere-se no esforço colectivo a nível global e irá estimular novas actividades de investigação em Portugal”, disse Manuel Heitor, também citado no comunicado.
Para Paulo Dimas, vice-presidente de Inovação de Produto da Unbabel, empresa que apoia o “AI Moonshot Challenge”, “a inteligência artificial tem o potencial de ser capaz de conjugar todos estes dados e encontrar padrões e fazer detecções onde geralmente não seria possível”.
Além de investigadores do CERENA-IST, integram o projecto SMART especialistas do Laboratório de Sistemas e Tecnologia Subaquática (FEUP), do Laboratório Associado Centro de Estudos do Ambiente e do Mar (CESAM), do Instituto Hidrográfico e do MIT-Portugal.
Ao concurso, promovido pela Agência Espacial Portuguesa em cooperação com a Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), Unbabel, Agência Espacial Europeia (ESA), Agência Nacional de Inovação (ANI) e Web Summit, concorreram dez projectos de instituições provenientes de 13 países.