Selecção feminina dos EUA terá melhores condições logísticas - faltam os prémios
Federação de futebol aceitou rever os termos das viagens e do alojamento, mas rejeita qualquer tipo de discriminação.
A selecção feminina de futebol dos EUA e a respectiva federação (USSF) chegaram a acordo, no seguimento de uma acção judicial intentada pelas jogadoras com base em alegações de discriminação de género. Em causa está um entendimento sobre as condições de trabalho, que abrange essencialmente serviços de ordem logística.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
A selecção feminina de futebol dos EUA e a respectiva federação (USSF) chegaram a acordo, no seguimento de uma acção judicial intentada pelas jogadoras com base em alegações de discriminação de género. Em causa está um entendimento sobre as condições de trabalho, que abrange essencialmente serviços de ordem logística.
O acordo foi oficializado no tribunal do Central District da Califórnia e prende-se, essencialmente, com condições oferecidas durante as viagens, o alojamento e o apoio técnico profissional. Condições, essas, que se aproximam, assim, das que são oferecidas à selecção masculina há muitos anos.
Molly Levison, porta-voz da principal equipa feminina dos EUA, mostra-se satisfeita com a evolução nas negociações, mas não está disposta a baixar os braços quanto à pretensão de igualdade no pagamento, que no fundo esteve na base deste litígio. “Ficamos contentes por termos alcançado condições há muito reclamadas. Agora, pretendemos apresentar recurso da decisão do tribunal, que não tem em conta o facto central de as mulheres receberem menos do que os homens pelo mesmo trabalho”, vincou, em comunicado.
Vários elementos da selecção feminina avançaram com uma acção em tribunal a acusar a federação de futebol dos EUA de discriminação, por não proporcionar às mulheres as mesmas condições que disponibiliza aos homens. Entre elas contava-se a exigência de uma equiparação no pagamento de prémios, mas a pretensão foi rejeitada por um juiz, em Maio, que fez depender o seguimento do processo de se concentrar apenas nas iniquidades das condições de trabalho.
“A USSF rejeita que tenha feito algo de errado e reitera que não teve uma conduta discriminatória com base no género no que toca ao pagamento e às condições de trabalho”, insiste a direcção do organismo, em comunicado. De resto, o acordo agora alcançado prevê uma melhoria nos serviços prestados, que passa por voos charter, melhores hotéis e apoio profissional nos jogos e estágios.
A líder da USSF, Cindy Parlow, considera o acordo “uma boa notícia para todos” e já fez saber que espera que as discussões em torno dos pagamentos também possam chegar a bom porto. “Esperamos que este passo positivo possa resultar na aceitação da nossa proposta para discutir opções contratuais. Como ex-jogadora da selecção, prometo que estou empenhada na igualdade entre as selecções feminina e masculina”.
A selecção feminina dos EUA é a actual campeã mundial, já tendo conquistado o troféu por quatro vezes ao longo da história (o Campeonato do Mundo feminino disputa-se desde 1991) - a congénere masculina nunca se aproximou sequer desse objectivo. É justamente o sucesso desportivo que tem servido de base à reivindicação das futebolistas de uma revisão em alta dos prémios.
No processo judicial iniciado em 2019, as jogadoras queixavam-se de terem recebido um total de 1,72 milhões de dólares em bónus depois de ganharem o Mundial de 2015, enquanto a selecção masculina tinha sido contemplada com 5,37 milhões em prémios, em 2014.
Esta discrepância já foi várias vezes justificada pela federação com o facto de as mulheres terem “negociado um contrato completamente diferente do da equipa masculina, apesar de lhes terem sido oferecidas [e rejeitadas] propostas de prémios similares [aos dos homens] durante as negociações mais recentes”.