As bodas de prata dos Smif-N-Wessun
Dah Shinin’ (1995), álbum fundacional da golden age do hip-hop nova-iorquino (anos 90), celebrou em 2020 as suas 25 primaveras. Mas os Smif-N-Wessun estão com os olhos nas próximas 25 e The All, o seu último álbum, é um grande regresso — às origens, também.
Em Hip-Hop Evolution, a série documental que faz a genealogia do hip-hop americano (exibida na Netflix), Steele e Tek, dupla que compõe os Smif-N-Wessun, não são um dos grupos entrevistados. Não “aparecem”. Nem na série globalmente considerada, nem no episódio dedicado ao hip-hop nova-iorquino dos anos 90. Ou melhor: até os vemos quando, por breves segundos, o seu nome surge em nota de rodapé (literalmente), mais rigorosamente no canto da capa de uma edição de 1994 da revista Rap Pages. Como se explicará a invisibilidade de um dos grupos definidores do som clássico, boom-bap e hardcore, e simultaneamente — subtextualmente — político de uma era? Como se compreende que os obreiros de Dah Shinin’, um dos álbuns fundacionais dessa mesma era, não sejam tidos nem achados no racconto de uma cultura popular hoje planetária?