“Chegou a um ponto que era só gerar prejuízo”. Café Majestic encerrou portas
O histórico Café Majestic, na Baixa do Porto, fechou portas na segunda-feira, sem previsão de reabertura. Gerente do grupo Barrias diz que facturação diminuiu 85 a 90%. Fecharam também o Guarany, mais cafés e hotéis e têm 150 trabalhadores em lay-off. “Por mais que tivéssemos vontade de manter as portas abertas, não temos turistas nem residentes”.
Mais prejuízo do que rentabilidade, dias inteiros com apenas 15 a 20 clientes a entrar – com menos 85 a 90% de facturação no último mês, o Majestic, histórico café na Baixa do Porto, fechou na segunda-feira, por causa da crise gerada pela pandemia, sem previsão de reabertura, revelou o Jornal de Notícias. O grupo Barrias, proprietário, já tinha fechado a 15 de Novembro outro café emblemático da cidade, o Guarany.
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Mais prejuízo do que rentabilidade, dias inteiros com apenas 15 a 20 clientes a entrar – com menos 85 a 90% de facturação no último mês, o Majestic, histórico café na Baixa do Porto, fechou na segunda-feira, por causa da crise gerada pela pandemia, sem previsão de reabertura, revelou o Jornal de Notícias. O grupo Barrias, proprietário, já tinha fechado a 15 de Novembro outro café emblemático da cidade, o Guarany.
“Chegou a um ponto que era só gerar prejuízo e despesas”, afirma o gerente Fernando Barrias ao PÚBLICO. “Por mais que tivéssemos vontade de manter as portas abertas, não temos turistas nem residentes. A opção de o Governo mandar as pessoas para teletrabalho fez-nos tomar esta decisão.”
Há um ano, o Majestic estava “completamente cheio”, “com filas à porta”. O grupo contava com os dois fins-de-semana de ponte para repor alguma dinâmica, mas “com estas restrições” chegaram à conclusão de que “não valia a pena” manterem-se abertos. “Foi muito difícil tomar esta decisão”, admite.
Proprietários do Majestic desde 1983 e do Guarany desde 1982, o grupo Barrias garante que no passado só fecharam para restauro.
“Na nossa documentação constatámos que em plena II Guerra Mundial, pagando taxa de guerra às Finanças, [o Majestic e o Guarany] estiveram sempre de portas abertas”, afirma o gerente, Fernando Barrias, ao PÚBLICO. Oficialmente inaugurado a 1 de Dezembro de 1922, segundo dados mais recentes recolhidos pelo gerente, o Majestic esteve fechado entre Outubro de 1992 e Julho de 1994 para ser restaurado; e o Guarany, que abriu em 1933, fechou apenas entre Outubro de 2001 e Dezembro de 2003 pelo mesmo motivo. “Nunca tivemos necessidade de fechar...” Houve mais uma outra ocasião em que fecharam para limpezas o Majestic durante 15 dias, em Fevereiro de 2015.
Além dos dois históricos cafés encerraram outros dois cafés do grupo, o Marbella e a Confeitaria Eça, e dois hotéis, o Internacional e o Vera Cruz. No total, 150 trabalhadores do grupo Barrias estão em lay-off: 24 trabalhadores do Majestic, 15 trabalhadores do Guarany e os restantes nas confeitarias e hotéis. Apenas mantêm abertos dois hotéis, Pão de Açúcar e Aliados, que neste momento estão com cerca de 10% de taxa de ocupação, referiu Fernando Barrias.
Não tem previsões sobre reabertura: “Vai depender muito das circunstâncias. Não sabemos quando é que a curva vai baixar e o Governo declarar o fim do estado de emergência. Estou crente em que, da mesma forma que o vírus apareceu, também vai desaparecer.” Dependentes do turismo internacional, comenta: “Enquanto não vir os voos levantar, não abrimos tão cedo...” Mas mantém-se optimista: “Temos que acreditar e ter força, vamos ultrapassar esta situação e dar tempo ao tempo. Isto vai passar.”