Eduardo Lourenço (1923-2020): a volúpia de pensar

O maior ensaísta português do século XX morreu esta terça-feira, aos 97 anos. O Labirinto da Saudade, impiedosa exposição do irrealismo nacional, tornou-o conhecido do grande público e transformou-o no pensador de serviço da nação. Ouvi-lo pensar ao vivo foi um dos privilégios do Portugal democrático. Mas a poesia era a sua verdadeira casa, e foi no confronto com o génio de Fernando Pessoa que o seu pensamento mais luminosamente brilhou.

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Nuno Ferreira Santos

Veio da filosofia, da qual nunca verdadeiramente saiu, mas era entre poetas que se sentia em casa. Eduardo Lourenço foi, nem vale a pena dizê-lo de tão óbvio, o maior ensaísta português do século XX. A sua impiedosa exposição do irrealismo pátrio em O Labirinto da Saudade (1978) tornou-o conhecido do grande público e transformou-o, um tanto paradoxalmente, no requisitado pensador de serviço do “destino português”. Mas essa mesma notoriedade foi deixando um pouco na sombra o Eduardo Lourenço a quem devemos algumas das mais iluminantes e sedutoras páginas que se escreveram sobre poesia e poetas, e no centro das quais brilha o seu íntimo confronto com o estilhaçado génio de Fernando Pessoa.

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Veio da filosofia, da qual nunca verdadeiramente saiu, mas era entre poetas que se sentia em casa. Eduardo Lourenço foi, nem vale a pena dizê-lo de tão óbvio, o maior ensaísta português do século XX. A sua impiedosa exposição do irrealismo pátrio em O Labirinto da Saudade (1978) tornou-o conhecido do grande público e transformou-o, um tanto paradoxalmente, no requisitado pensador de serviço do “destino português”. Mas essa mesma notoriedade foi deixando um pouco na sombra o Eduardo Lourenço a quem devemos algumas das mais iluminantes e sedutoras páginas que se escreveram sobre poesia e poetas, e no centro das quais brilha o seu íntimo confronto com o estilhaçado génio de Fernando Pessoa.