Rio destaca papel de Sá Carneiro no “despertar de consciências” antes do 25 de Abril

Faz este ano 40 anos, no dia 4 de Dezembro, que Francisco Sá Carneiro e Adelino Amaro da Costa morreram em Camarate.

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Francisco Sá Carneiro, antigo primeiro-ministro ALFREDO CUNHA / LUSA

O presidente do PSD destacou o papel do fundador Francisco Sá Carneiro no “despertar de consciências” antes do 25 de Abril enquanto deputado na Assembleia Nacional, para si maior do que o de outros oposicionistas ao regime na clandestinidade.

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O presidente do PSD destacou o papel do fundador Francisco Sá Carneiro no “despertar de consciências” antes do 25 de Abril enquanto deputado na Assembleia Nacional, para si maior do que o de outros oposicionistas ao regime na clandestinidade.

Num vídeo pré-gravado para a apresentação online, nesta segunda-feira, do primeiro volume da reedição de todos os escritos e discursos de Sá Carneiro, centrado nos anos em que integrou a chamada “ala liberal” do então partido único (União Nacional e depois Acção Nacional Popular), entre 1969 e 1973, Rio reiterou que, depois do 25 de Abril, “não aderiu ao PPD, mas ao partido de Sá Carneiro”.

“Esta actuação de Sá Carneiro a partir de 1969 na Assembleia Nacional foi, na minha opinião, muito importante, mais até do que outros oposicionistas ao regime de Salazar e Caetano que foram para a clandestinidade, e que a partir da clandestinidade até nem tinham a visibilidade que Sá Carneiro tinha. E a visibilidade era muito importante para despertar consciências”, defendeu.

O presidente do PSD deu o seu exemplo pessoal que, enquanto jovem, assistiu à actividade de Sá Carneiro e dos restantes deputados da ala liberal, que, durante a chamada “primavera marcelista”, “acreditaram, como muita gente, em Portugal, que o regime mudaria suavemente por dentro”.

“Tal não aconteceu, todas as iniciativas dos membros da ala liberal foram batendo contra uma parede e foram entendendo que não estavam ali a fazer nada”, referiu.

No entanto, para Rui Rio essa acção não foi inútil: “Para mim e para muitos outros, a acção de Francisco Sá Carneiro e de outros na ala liberal no quadro da Assembleia Nacional foi absolutamente determinante para despertar a consciência de muitos portugueses para aquilo que era a democracia”.

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“Para mim, mais do que o fim da guerra colonial, pelo qual todo ao país ansiava, foram mesmo os valores da liberdade e da democracia que o Estado Novo não oferecia aos portugueses”, acrescentou.

Rio saudou o Instituto Sá Carneiro por, em conjunto com a editora Aletheia, ir reeditar em sete volumes todo o conjunto dos textos do fundador do PSD, coincidindo o lançamento do primeiro com o 40.º aniversário da sua morte, em 4 de Dezembro de 1980.

O livro “Sá Carneiro e a Ala Liberal” tem prefácio do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e é uma das várias iniciativas em curso para assinalar os 40 anos da morte do antigo primeiro-ministro.

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Além de Sá Carneiro, pontuaram entre os deputados da chamada ala liberal (que foram eleitos em 1969 nas listas da União Nacional, o partido único, no que pretendeu ser um sinal de abertura de Marcello Caetano) figuras como Francisco Pinto Balsemão, Mota Amaral, Joaquim Magalhães Motta ou Miller Guerra, que foram deixando a Assembleia Nacional.

Na próxima sexta-feira, é lançado um outro livro sobre Sá Carneiro, uma iniciativa da Juventude Social-Democrata (JSD), que juntou 40 testemunhos de homenagem de personalidades da sociedade portuguesa, como os ex-líderes do PSD Francisco Pinto Balsemão, Cavaco Silva ou Pedro Passos Coelho, o antigo presidente do CDS-PP Paulo Portas e figuras do PS como João Soares.

O livro “40 anos, 40 testemunhos sobre Sá Carneiro” será apresentado na sexta-feira no Grémio Literário em Lisboa, numa iniciativa que contará com a presença e intervenções do Presidente da República, Marcelo Rebelo Sousa, do presidente do PSD, Rui Rio, e do líder da JSD, Alexandre Poço, que também prefaciam a obra.

Em 4 de Dezembro de 1980, Francisco Sá Carneiro, então primeiro-ministro, e Adelino Amaro da Costa, ministro da Defesa, morreram na queda do avião Cessna quando partiram de Lisboa para um comício de campanha no Porto, assim como a tripulação e restante comitiva: Snu Abecassis, Manuela Amaro da Costa, António Patrício Gouveia, Jorge Albuquerque e Alfredo de Sousa.

Inicialmente, o motivo da queda foi atribuído a um acidente, mas, anos mais tarde, após várias comissões parlamentares de inquérito, ganhou força a tese de atentado, nunca tendo sido incriminados os suspeitos da alegada sabotagem da aeronave.