Covid-19. Após “concentração anormal de pessoas” em Guimarães, PSP pede que Nicolinas sejam celebradas em casa

As festas foram diferentes do habitual este ano, sem o cortejo. Apesar disso, a meio da manhã deste domingo, as autoridades verificaram “uma concentração anormal de pessoas nas imediações do centro histórico de Guimarães [no distrito de Braga], com os habituais bombos e trajes nicolinos” — algo que a organização diz ter sido espontâneo.

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A PSP de Braga apelou este domingo para que as Festas Nicolinas, que se celebram tradicionalmente em Guimarães a partir desta noite, “sejam celebradas em casa”, isto depois de esta manhã ter registado uma “concentração anormal” no centro da cidade.

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A PSP de Braga apelou este domingo para que as Festas Nicolinas, que se celebram tradicionalmente em Guimarães a partir desta noite, “sejam celebradas em casa”, isto depois de esta manhã ter registado uma “concentração anormal” no centro da cidade.

“Apelamos a todos os cidadãos que adoptem um comportamento cívico e responsável, e que, de acordo com o aconselhado pela organização, este ano as Festas Nicolinas sejam celebradas em casa”, lê-se num comunicado do Comando Distrital da PSP de Braga.

Em causa estão as Nicolinas, festas associadas ao culto de São Nicolau que são organizadas por estudantes vimaranenses do ensino secundário e se desenrolam ao longo de cerca de uma semana, mas têm habitualmente na noite de domingo o seu ponto alto com o cortejo do Pinheiro, que leva às ruas milhares de pessoas a tocar caixas e bombos.

Este ano, devido à pandemia da covid-19, as festas decorrem de forma diferente da habitual e sem o tradicional cortejo, mas num comunicado, emitido pelas 18h horas, a PSP de Braga descreve que “hoje [domingo], a meio da manhã” verificou “uma concentração anormal de pessoas nas imediações do centro histórico de Guimarães [no distrito de Braga], com os habituais bombos e trajes nicolinos”.

“Esta concentração é apenas habitual neste ‘Dia do Pinheiro’ durante o final da tarde e noite, tendo ocorrido durante a manhã, de forma inopinada. Antes das 13h, hora de proibição de circulação na via pública, por força do estado de emergência em vigor, foi possível dispersar os cidadãos, evitando-se uma intervenção pela força, com resultados sempre imprevisíveis”, descreve a PSP de Braga.

A mesma força policial garante que “adoptará as medidas preventivas necessárias para que não se verifiquem ajuntamentos de dimensão e natureza similar ao verificado em Guimarães” e reforça o apelo a que as festas sejam celebradas em casa. Vídeos e fotografias que circulam nas redes sociais, publicados durante a manhã ou com referências para horários anteriores às 13h, mostram grupos de pessoas reunidas a tocar caixa e bombo no centro histórico vimaranense.

Comissão de festas garante que ajuntamento foi “espontâneo"

A agência Lusa contactou a Comissão de Festas Nicolinas, que garantiu “não ter promovido ajuntamentos” e aproveitou para reforçar o apelo para que as pessoas fiquem em casa.

“O que aconteceu na [Praça da] Oliveira e no Monumento [escultura do artista plástico José de Guimarães que fica junto ao local onde é tradicionalmente enterrado o pinheiro após o cortejo] não foi promovido por nós. Foi algo voluntário e espontâneo. Nós temos vindo a apelar para que o Pinheiro se celebre em casa com caixas e bombos a rufar à janela ou varanda”, disse à Lusa o presidente da Comissão de Festas Nicolinas, André Alves, que é estudante do 12.º ano da Escola Secundária Francisco de Holanda.

Também o presidente da Associação dos Antigos Estudantes do Liceu de Guimarães (AAELG), José Ribeiro, de 73 anos e antigo estudante da agora denominada Escola Secundária Martins Sarmento, antes Liceu de Guimarães, que é o estabelecimento de ensino onde nasceram as Festas Nicolinas, reforçou o apelo.

“Dei a cara pela campanha de apelo para que todos fiquem em casa. Hoje, quando tive conhecimento de que havia grupos reunidos, percorri a cidade para pedir que não o fizessem. Se a praça esteve cheia, foi com certeza algo espontâneo. Este ano é atípico e isto é muito difícil para os nicolinos, para todos os vimaranenses, que vivem a tradição. Mas contornar as normas ou ignorar o que se passa [referindo-se à pandemia da covid-19] não faz parte do nosso espírito”, disse José Ribeiro, à Lusa.

Já na página da Câmara de Guimarães, no Facebook, a acompanhar um vídeo onde antigos e actuais estudantes da cidade fazem um apelo para que as pessoas se mantenham em casa, lê-se: “O espírito Nicolino sente-se de uma forma diferente, uma vez que não se realiza o cortejo do Pinheiro devido à situação de pandemia. Esta noite, celebramos a Noite do Pinheiro nas janelas e varandas das nossas casas”.

O vídeo é promovido pela Associação dos Velhos Nicolinos, Comissão das Festas Nicolinas e Associação das Comissões das Festas Nicolinas, com o apoio do Município de Guimarães.