Pandemia de covid-19. “Estávamos cientificamente muito bem preparados”

Um debate que uniu o passado ao presente para projectar um futuro para Portugal no que concerne à pandemia provocada pelo SARS-CoV-2. A gravação permanece disponível nas plataformas digitais do PÚBLICO e da Câmara Municipal de Penafiel.

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Um virologista, um historiador, um jornalista, um presidente de câmara e um médico de medicina geral e familiar juntaram-se ao final da tarde de sexta-feira, dia 27 de Novembro, no Museu Municipal de Penafiel para discutir a pandemia. O conhecimento proveniente das diversas áreas permitiu reflectir sobre a história das pandemias, questionar a relativização da que se vive agora e projectar um futuro próximo. O debate “Portugal e as Pandemias” foi organizado em conjunto pelo PÚBLICO e pela Câmara Municipal de Penafiel.

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Um virologista, um historiador, um jornalista, um presidente de câmara e um médico de medicina geral e familiar juntaram-se ao final da tarde de sexta-feira, dia 27 de Novembro, no Museu Municipal de Penafiel para discutir a pandemia. O conhecimento proveniente das diversas áreas permitiu reflectir sobre a história das pandemias, questionar a relativização da que se vive agora e projectar um futuro próximo. O debate “Portugal e as Pandemias” foi organizado em conjunto pelo PÚBLICO e pela Câmara Municipal de Penafiel.

No espaço de uma hora e meia, a história foi chamada à discussão para, pelas palavras de Joel Cleto, historiador e autor do programa “Caminhos da História”, dar a compreender que “não estamos sozinhos no fio da história”. Outras pandemias foram destacadas seja pelo impacto social, económico, científico ou demográfico que elas tiveram, seja pela forma como se originaram. A referência a surtos passados permitiu compreender e, com cautela, relativizar um pouco a situação pandémica actual provocada pelo novo coronavírus.

Comparativamente a séculos passados, o historiador defende que apesar de tudo o ser humano está “a atravessar o melhor momento da história da humanidade”. Pedro Simas, virologista e investigador do Instituto de Medicina Molecular, partilha da mesma opinião, reunindo-se ambas no factor do avanço tecnológico. Nas palavras do investigador, quando a pandemia espoletou no país, “estávamos cientificamente muito bem preparados”. Joel Cleto não foge muito a esta visão, afirmando que, em comparação com o que aconteceu com a peste negra e com a gripe espanhola, “nunca estivemos tão bem preparados para poder responder a um surto como este”. 

Em movimento pendular, a conversa deu-se entre o passado e o presente da história do país e da humanidade. Penafiel, onde o debate teve lugar, é considerado um dos concelhos de risco extremamente elevado. Deste modo, Antonino de Sousa, presidente da câmara municipal em conjunto com Almiro Mateus, médico de medicina geral e familiar e director clínico do ACES Tâmega II - Vale do Sousa Sul, fizeram um retrato da situação de um concelho que tem sofrido diariamente com a evolução da covid-19. 

“Todos nós devemos ser agentes de saúde pública, só juntos e devidamente informados conseguimos ultrapassar a pandemia”, defende Almiro Mateus. A partir deste enquadramento da saúde local, Pedro Simas arrancou com a sua projecção para o mês de Dezembro e, mais concretamente, para os dias 24 e 25, datas da celebração do Natal. Receoso com o que pode acontecer, apela aos portugueses a que procurem viver esta festividade ao longo do mês de Dezembro e não apenas nos dois dias estipulados. Para isso, faz referência à “Vacina de Penafiel” referida por Almiro Mateus que se desdobra em respeitar o distanciamento social, em literacia da sociedade e na utilização de máscara até a vacina chegar. 

Pedro Simas prevê, num cenário mais optimista e com base no conhecimento científico existente, que no primeiro trimestre de 2021 já existam vacinas eficientes para atribuir a cerca de 60% e 80% da população. Se tal não for possível, o virologista pede que não se entre em pânico, porque “pelo menos teremos as suficientes para os grupos de risco ou para uma grande parte deles”. Antonino de Sousa seguiu a linha de pensamento de Pedro Simas e acrescentou a “famosa velha máxima: o natal é quando o homem quiser”, corroborando assim tudo o que o virologista defendeu antes. O presidente da câmara municipal deseja que esta conversa seja revivida daqui a um ano e que se possa dizer que Pedro Simas estava correcto quanto ao seu prognóstico.

O debate teve a duração de uma hora e meia e decorreu no espaço do Museu Municipal de Penafiel. O debate “Portugal e as pandemias” resultou de uma parceria entre o PÚBLICO e a Câmara de Penafiel, estando a sua gravação disponível no site do jornal e no página oficial da município

Texto editado por Pedro Sales Dias