Lukashenko diz que vai deixar o poder quando houver uma nova Constituição

O Presidente bielorrusso, que enfrenta uma onda de contestação sem precedentes, quer retirar poderes à figura do chefe de Estado.

Foto
Lukashenko está no poder há 26 anos na Bielorrússia Reuters/POOL

O Presidente bielorrusso, Aleksander Lukashenko, admitiu abandonar o poder assim que uma nova Constituição seja aprovada, com limites para o poder do chefe de Estado. Não forneceu, no entanto, qualquer prazo para que isso aconteça.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

O Presidente bielorrusso, Aleksander Lukashenko, admitiu abandonar o poder assim que uma nova Constituição seja aprovada, com limites para o poder do chefe de Estado. Não forneceu, no entanto, qualquer prazo para que isso aconteça.

Lukashenko fez os comentários um dia depois de se ter encontrado com o ministro russo dos Negócios Estrangeiros, Serguei Lavrov, que o pressionou a iniciar o processo de revisão constitucional de forma a apaziguar a situação política no país. No poder há 26 anos, Lukashenko nunca tinha enfrentado uma oposição tão forte como a que desde Agosto pede a sua saída.

O Presidente bielorrusso disse que não será chefe de Estado “sob a nova Constituição” durante uma visita a um hospital em Minsk esta sexta-feira, de acordo com a agência estatal Belta. A nova Constituição deverá retirar poder ao Presidente, disse Lukashenko, que considera que o chefe de Estado concentra demasiadas competências e que uma transferência neste momento iria causar “problemas”.

Não é a primeira vez que Lukashenko promete reformas constitucionais e a oposição refere que se trata de uma manobra para ganhar tempo.

Na quinta-feira, Lavrov disse haver interesse de Moscovo em que o processo de revisão constitucional seja posto em marcha para que a situação no país vizinho se acalme.

A oposição a Lukashenko continua a organizar manifestações todos os fins-de-semana para exigir a demissão imediata do Presidente, que foi reeleito em Agosto em eleições consideradas fraudulentas pelos detractores do regime, pela União Europeia e várias organizações internacionais.

Depois de ter congelado os bens de mais de 50 dirigentes do regime, incluindo Lukashenko, Bruxelas está a preparar novas sanções económicas.