Covid-19: Coreia do Sul revela “medidas irracionais” de Kim na Coreia do Norte

A execução de duas pessoas, a proibição da pesca marítima e o confinamento de Pyongyang estão entre as informações sobre a Coreia do Norte que estão a ser divulgadas pelos serviços de informações da Coreia do Sul.

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De acordo com as informações da Coreia do Sul, o líder norte-coreano Kim Jong-un demonstra actualmente “um ódio excessivo” Reuters/KCNA

O líder norte-coreano, Kim Jong-un, ordenou a execução de pelo menos duas pessoas, proibiu a pesca marítima e confinou a cidade de Pyongyang no quadro das medidas contra a covid-19 e para mitigar os efeitos económicos da pandemia.

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O líder norte-coreano, Kim Jong-un, ordenou a execução de pelo menos duas pessoas, proibiu a pesca marítima e confinou a cidade de Pyongyang no quadro das medidas contra a covid-19 e para mitigar os efeitos económicos da pandemia.

As informações estão a ser divulgadas pelos serviços de informações da Coreia do Sul, acrescentando que Kim ordenou também aos diplomatas para não hostilizarem o Presidente eleito dos Estados Unidos porque esperam um novo tipo de aproximação com a Administração Biden no futuro.

As informações foram comunicadas aos legisladores sul-coreanos em Seul, que receberam o último relatório dos Serviços de Informações Nacionais da Coreia do Sul. De acordo com o deputado sul-coreano Ha Tae-keung, que cita os serviços de informações, Kim demonstra “um ódio excessivo” e aplica “medidas irracionais” face à pandemia de SARS-CoV-2 e os impactos na economia do país. 

De acordo com o relatório citado por Ha Tae-keung, o líder da Coreia do Norte mandou executar, em Outubro, um alto responsável do departamento de câmbios, por causa da queda das taxas de câmbio. O mesmo documento diz que outro alto dirigente do regime de Pyongyang foi executado em Agosto por violar as medidas que determinam a retenção de bens importados. As pessoas executadas não são identificadas no relatório.

A Coreia do Norte proibiu também as pescas e a produção de sal para “evitar que a água do mar venha a ser contaminada pelo novo coronavírus” (que não está provado cientificamente), dizem ainda os serviços de informações da Coreia do Sul. A Coreia do Norte confinou também a cidade de Pyongyang, a capital, e a província de Jagang, no Norte do país, como medidas contra a pandemia. Outras medidas de confinamento foram aplicadas onde as autoridades encontraram bens importados e moeda estrangeira. 

Outras informações indicam que Pyongyang praticou actos de pirataria informática contra pelo menos uma farmacêutica sul-coreana que está a desenvolver uma vacina contra o coronavírus. Parte das informações ainda estão a ser confirmadas pelos serviços secretos de Seul.

A Coreia do Norte mantém que não foi detectado um único caso de infecção pelo coronavírus em todo o território, uma informação que é contestada pelos especialistas internacionais. Os efeitos da pandemia global na Coreia do Norte podem ser catastróficos porque o sistema de saúde do país é extremamente deficiente e não conta com abastecimento de material médico e sanitário.

A pandemia forçou a Coreia do Norte a encerrar as fronteiras com a República Popular da China, o maior parceiro comercial e político do país. O fecho das fronteiras desde Janeiro tem afectado profundamente a economia do país, marcada pelas sanções impostas pelos Estados Unidos. A balança comercial com a República Popular da China totalizou 530 milhões de dólares durante os últimos dez meses, um valor que corresponde a apenas 25% do total registado em 2019. 

Grupos políticos sul-coreanos que acompanham a situação na Coreia do Norte referem que os benefícios nas taxas de câmbio do dólar norte-americano caíram significativamente porque o tráfico de moeda foi afectado depois do encerramento da fronteira com a China.

Segundo os Serviços de Informações Nacionais da Coreia do Sul, o Norte ordenou às embaixadas no estrangeiro para não provocarem os Estados Unidos, ameaçando os embaixadores. As autoridades norte-coreanas mantêm-se em silêncio sobre a vitória de Joe Biden nas presidenciais dos Estados Unidos.

Kim Jong-un realizou três cimeiras com Donald Trump entre 2018 e 2019 sobre o arsenal nuclear norte-coreano, aliviando o tom das declarações políticas entre as duas partes. Mesmo assim, segundo o relatório, as relações amistosas com Trump estão a ser encaradas como inúteis no quadro da futura Administração Biden. Especialistas têm destacado a possibilidade de a Coreia do Norte começar em breve um período de testes balísticos com novos mísseis para despertar a atenção de Biden.

Os serviços de informações da Coreia do Sul esperam igualmente que a Coreia do Norte venha a realizar uma parada militar durante o congresso do partido único no mês de Janeiro, numa demonstração de força na mesma altura da tomada de posse de Biden como Presidente dos Estados Unidos.

É provável que o Congresso do Partido dos Trabalhadores venha a ser utilizado para divulgar novas políticas em relação aos Estados Unidos. Kim Jong-un disse que o congresso, que se realiza pela primeira vez nos últimos quatro anos, vai aprovar os objectivos para os próximos cinco anos. Numa declaração sem precedentes, o Partido dos Trabalhadores da Coreia do Norte afirmou, em Agosto, que os objectivos económicos do Estado sofrem sérios atrasos.