Ana Luisa Amaral distinguida pelos livreiros de Madrid com Prémio Livro do Ano
O júri que premiou What’s in a Name destacou que “nestes tempos de incerteza e angústia que vivemos, de muros e janelas, a poesia de [Ana Luísa] Amaral acolheu-nos nessa casa fronteiriça e vizinha, cálida e familiar”, oferecendo-lhe “nome e palavras numa língua dita estrangeira, mas que não é”.
A escritora portuguesa Ana Luísa Amaral foi distinguida pela associação das Livrarias de Madrid com o prémio Livro do Ano, na área de Poesia, pela publicação em Espanha de What's in a name.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
A escritora portuguesa Ana Luísa Amaral foi distinguida pela associação das Livrarias de Madrid com o prémio Livro do Ano, na área de Poesia, pela publicação em Espanha de What's in a name.
O anúncio foi feito esta sexta-feira na página da Asociación de Empresarias y Empresarios del Comercio del Libro de Madrid - Gremio de Librerías, no âmbito dos prémios anuais, que distinguem ficção, ensaio, poesia, banda desenhada e ilustração. O escritor espanhol Juan José Millás, autor de “Que Ninguém Durma”, recebeu o Premio Leyenda 2020 de carreira, pela sua defesa do livro e da leitura.
O livro What's in a name, de Ana Luísa Amaral, editado em Portugal pela Assírio & Alvim, foi publicado em Espanha pela Sexto Piso. “Nestes tempos de incerteza e angústia que vivemos, de muros e janelas, a poesia de [Ana Luísa] Amaral acolheu-nos nessa casa fronteiriça e vizinha, cálida e familiar, que existe entre os nossos dois países (Portugal e Espanha), e ofereceu-nos nome e palavras numa língua dita estrangeira, mas que não é. Obrigada e parabéns”, disse o júri espanhol, sobre a obra da escritora portuguesa.
Os prémios, criados em 2000 pelos livreiros de Madrid, distinguiram ainda Elvira Lindo, na área da ficção, por A corazón abierto, e Irene Vallejo, na área de ensaio, por El infinito en un junco. No campo da ilustração foi distinguida Kitty Crowther, pelo álbum Madre Medusa, e, em banda desenhada ou comic, Juanjo Guarnido e Alain Ayroles, por El Buscón en las Indias.
Publicado em 2017 em Portugal, What's in a Name transfigura “os pequenos actos quotidianos em momentos poéticos de grande voltagem, vitalidade e profundidade”, escreve a Sexto Piso, na apresentação da obra, no seu site, comparando Ana Luísa Amaral à norte-americana Emily Dickinson e à Nobel da Literatura Wislawa Szymborska, da Polónia.
A Assírio & Alvim, por seu lado, sublinha a “estranheza do inglês no título”, como expressão da “ambivalência da relação, de que sempre a poesia viveu, entre a coisa (nossa, do mundo) e a sua nomeação, apontando para a multiplicidade de sentidos” que há na obra. “Nela se cruzam, em cumplicidade, o quotidiano e o cósmico, o poético e o político, a comoção e a ironia, o espanto e a indignação — em suma, a palavra e a vida”, conclui a Assírio & Alvim.
Além da edição espanhola, com tradução de Paula Abramo, What's in a Name está também publicado em inglês, pela WW Norton, numa versão da premiada tradutora Margaret Jull Costa.
No passado mês de Outubro, Ana Luísa Amaral tinha já recebido o prémio literário espanhol Leteo, da Direcção de Acção e Promoção Cultural da cidade de Leão e do Clube Leteo Cultural, juntando-se a laureados anteriores como Antonio Gamoneda e Paul Auster. Para a organização deste prémio, que recordou ter sido Ana Luísa Amaral “duas vezes finalista do Prémio Rainha Sofia”, a escritora é “um dos mais importantes poetas vivos de Portugal”.
Nascida em Lisboa, em 1956, Ana Luísa Amaral, poetisa, ensaísta, dramaturga, autora de livros para crianças e tradutora de autores como John Updike, foi também professora de Literatura e Cultura Inglesa e Americana, na Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Tem um doutoramento sobre a poesia de Emily Dickinson e as suas áreas de investigação são Poéticas Comparadas, Estudos Feministas e Estudos Queer.
A sua obra encontra-se traduzida e publicada em várias línguas e países, tendo obtido diversos prémios, como o Prémio Literário Correntes d'Escritas, o Premio Letterario Poesia Giuseppe Acerbi e o Grande Prémio de Poesia da Associação Portuguesa de Escritores. A sua obra poética é editada em Portugal pela Assírio & Alvim.
O prémio dos Livreiros de Madrid, uma escultura assinada pelo artista plástico Pep Carrió, será entregue à escritora na semana de 14 de Dezembro.