Há estudos sobre risco de reinfecção? Vamos voltar ao normal? As dúvidas dos portugueses no primeiro mês de pandemia
Estudo analisou o que os portugueses procuraram saber no primeiro mês de pandemia em Portugal. Perguntas evoluiram à medida que os casos aumentaram, mas mantiveram-se questões sobre transmissão e prevenção.
Quiseram saber quantas vezes uma máscara pode ser usada, o que fazer na quarentena, se por ter uma doença tinham mais risco de serem infectados por SARS-CoV-2 e o que fazer para proteger quem vive com eles. Estas foram algumas das perguntas que os portugueses fizeram no primeiro mês de pandemia em Portugal e que foram evoluindo à medida que os casos positivos aumentaram e que mais medidas de contenção foram tomadas, revela um estudo realizado pelo Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP). Mas o amplo número de perguntas sobre formas de transmissão e prevenção da doença leva os investigadores a proporem uma estratégia de comunicação robusta e clara.
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Quiseram saber quantas vezes uma máscara pode ser usada, o que fazer na quarentena, se por ter uma doença tinham mais risco de serem infectados por SARS-CoV-2 e o que fazer para proteger quem vive com eles. Estas foram algumas das perguntas que os portugueses fizeram no primeiro mês de pandemia em Portugal e que foram evoluindo à medida que os casos positivos aumentaram e que mais medidas de contenção foram tomadas, revela um estudo realizado pelo Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP). Mas o amplo número de perguntas sobre formas de transmissão e prevenção da doença leva os investigadores a proporem uma estratégia de comunicação robusta e clara.
O estudo What doubts, concerns and fears about COVID-19 emerged during the first wave of the pandemic? analisou 293 questões colocadas em fóruns abertos para esclarecimento de dúvidas em alguns meios de comunicação, como o PÚBLICO, dirigidos ao ISPUP, entre os dias 4 de Março e 3 de Abril de 2020. A maioria das questões estavam relacionadas com dúvidas, mas também houve “um largo número” de receios e preocupações expressas, refere o artigo publicado recentemente na revista Patient Education and Counseling.
Muito focadas em questões médicas e técnicas, “as dúvidas incidiam sobre como proceder em caso de sintomas, o que fazer se alguém tiver tosse, dores de cabeça e outros ‘sintomas de gripe’, quem deve ser testado e onde, se deve evitar ir ao trabalho ou quarentena”, explicam os investigadores no trabalho, salientando que dúvidas sobre o SARS-CoV-2, covid-19 e imunidade também foram frequentes: “Há estudos sobre o risco de reinfecção e sua gravidade?”, exemplificam. Perguntou-se também sobre sintomas, o uso de medicamentos, o risco de transmissão de sintomáticos e assintomáticos e sensibilidade dos testes.
“Comportamentos preventivos"
Quanto às preocupações e aos receios focaram-se nos “comportamentos preventivos, seguidas por preocupações sobre o impacto financeiro e social da pandemia covid-19, como o ‘impacto emocional que a quarentena terá nas pessoas’ e ‘formas de combater o sentimento de exclusão’, incertezas do futuro como o ‘plano para controlar a propagação do vírus após os primeiros meses de quarentena’. Também demonstraram uma grande preocupação “com o efeito da doença nas pessoas vulneráveis, questionando os riscos de várias patologias, se fazem parte de grupos de alto risco e o que fazer para controlar os riscos, bem como sobre como proteger os outros”, diz o estudo, a que o PÚBLICO teve acesso.
As perguntas foram evoluindo à medida que novas medidas de contenção do vírus SARS-CoV-2 iam sendo anunciadas, focando-se também, por exemplo, na questão dos apoios sociais. Mas manteve-se um número elevado de questões relacionadas com aspectos mais simples da transmissão e prevenção do vírus. O que poderá indicar, refere a investigação, que a informação veiculada pelas autoridades de saúde não chegou de forma efectiva a toda a população ou que, mesmo chegando, as pessoas quiseram confirmar o que sabiam ou não sobre o vírus.
Salientando que é norma a existência de dúvidas, Teresa Leão, uma das autoras do estudo, refere em comunicado que para o grupo “há espaço para melhorar” a informação. “Percebemos, através das várias questões que foram colocadas, que havia informação sobre aspectos essenciais que não estava a chegar à população. É importante que os cidadãos tenham acesso a informação, que a sintam como credível e que as estratégias de comunicação sejam suficientemente persuasivas para levarem as pessoas a mudar os seus comportamentos”, diz.